O guitarrista de muitas bandas
“Iniciei como autodidata e tornei-me fanático e fascinado pelo estudo
musical. Mas minha escola foram os bailes da noite”.
Reinaldo Coelho
Do quartel ao palco o músico, Álvaro de Jesus
Gomes, tem uma trajetória, dedicado a música e a cultura amapaense. Álvaro é
amapaense, fundou várias bandas, é instrumentista, arranjador, gravou CDs,
participou de muitos festivais é produtor musical e foi maestro da Banda da
Polícia Militar, hoje tem mais de 40 anos de estrada na música amapaense.
Fã de Almir Chediak, Beatles e Tom Jobim, Álvaro
Gomes é uma pérola amapaense e estudioso da ciência musical e tem como
inspirador Carlos Santana, aquém já dedicou diversos shows solos. Fundador das
bandas “Os Setentrionais”, “Banda Placa” e “Yes Banana”, também desfilou sua
guitarra nas bandas “Os Inimitáveis” (da Guarda Territorial) e “Milionários
R-5” e, atualmente, em “Os Cometas” e toca em um quarteto, juntamente com
“Bolachinha”, Beto dos teclados e Jack.
Álvaro Gomes, ao lado de seu irmão Carlos Augusto
(Carlitão), possui um memorável trabalho, registrando os movimentos culturais
de várias comunidades, inclusive, escrevendo partituras dos ritmos executados
nas festividades do interior amapaense. Incansável no labor cultural está
escrevendo um livro, juntamente com seu irmão, sobre aspectos culturais do
Amapá que, há décadas, pesquisa.
Trajetória
Álvaro Gomes foi tocado pela música aos 17
anos de idade. Através de um amigo de infância José Maria Coelho, ambos
moradores do Bairro do Laguinho. Devido uma mudança de residência a dupla se
afastou e o reencontro foi uma seta do destino que lhe levou até a nova residência
do amigo. “Fui trabalhar na SUCAM, que fazia o controle da malária no Amapá, e
eu era pesquisador de campo e fazia a coleta sanguínea, quando cheguei em uma
residência na Leopoldo Machado e ali encontrei o Zé Maria, após o serviço ele pegou
um violão e começou a tocar do CreDance e fui sendo envolvido pelos acordes
musicais o que foi determinante para o meu ingresso no mundo musical”.
De imediato comprei um violão e comecei a dedilhar,
aprendi musicar “de ouvido”, era autodidata. Tornou-se assim guitarrista e
passou a tocar em bailes de aniversário com um grupo de amigos, embrião da
banda “IOs Setentrionais” da qual foi fundador.
Em 1972, eu já estava atuando como guarda
territorial e começando a tocar na Banda “O Setentrionais”. Em 1973 fui convidado
para o Conjunto “Os Inimitáveis” que pertencia a Banda de Musica da Guarda
Territorial. Isso deu motivado pelo conflito de horários de ensaios e de
serviço. Mas não era minha praia, pois
gostava das cordas. Mais uma vez o destino mudou meu pensamento e com a
transformação em Policia Militar sob o comando de oficiais do Exercito
Brasileiro, a banda passou a ter como maestro um tenente gaúcho, Clodomiro
Martins, que incorporou musicas eruditas e se tornou obrigatório o estudo de
musica pelos integrantes. E isso me fascinou, tanto que passei a me dedicar
exclusivamente a estudar musica e tocar clarinete. “Cheguei a ser maestro da
Banda da Policia Militar do Amapá saindo quando me reformei”.
Bandas de Bailes
Existe uma grande
transformação musical no Amapá, nas décadas de 70 e 80 predominava os grandes
bailes, oferecidos nas sedes como as do Esporte Clube Macapá, Trem Desportivo
Clube, Santana e Manganês Esporte Clube e ainda no Círculo Militar, Aeroclube,
Piscina Territorial e Assembleia Amapaense que produziam os Baile da Flores, o
Baile das Férias em Serra do Navio, Rainha das Rainhas do Carnaval, o Miss
Amapá e o Baile da Pesada, dentre outros. “As bandas daquela época não viviam
da dependência do poder público, pois essas entidades sociais contratavam as
bandas e pagavam muito bem. Éramos mais de 11 músicos por banda. Hoje
infelizmente, esses bailes acabaram e as bandas se reduziram a quatro membros
para poder ter um cache modesto para todos”.
Àlvaro destaca que
naquela época havia um diferencial, as bandas tinham dono. “Hoje as bandas
reúnem alguns músicos e cada um entra com seu equipamento. Na época das grandes
bandas amapaenses elas tinham dono, eles arcavam com todas as aparelhagens e
contratavam os músicos foi caso dos Setentrionais que era do Luciano”.
Do grupo, Álvaro Gomes no
Yes Banana, Carlitão e Álvaro na Banda Placa (ex-Placa Luminosa), e Rodolfo
Santos é o astro do bolero na noite de Macapá, e o José Pinto, hoje evangélico,
toca na banda da igreja.
Desvalorização e falta de fiscalização
O Amapá tem muitos
músicos, porém a sociedade e nem o poder público valorizam esses grandes
valores musicais. Álvaro destaca que infelizmente até os mais renomados
artistas amapaenses, não são prestigiados. “É estranho que os shows realizados
em Macapá por artistas nacionais, não tenha a obrigatoriedade de que os
artistas locais sejam chamados para, no mínimo, realizarem os shows de
aberturas, pois, quando você vai tocar em outros Estados é necessário
apresentação da carteira de musico. Porém no Amapá é diferente”.
O resgate das raízes musicais do Amapá
Álvaro Gomes, foi fundador
da Banda Placa Luminoso junto com seu irmão Carlitão que foi Croner da Banda. A
Banda Placa tem uma longa historia na musica e cultura amapaense, com diversos
projetos sendo tocado pelo cantor e pesquisador Carlitão.
Os projetos consistem no
resgate da memória dos ritmos, músicas, danças e manifestações folclóricas que
identificam a cultura amapaense. O trabalho é feito por meio do registro de
partituras, que permitem posteriormente o acesso da comunidade a essas
informações.
São
concepções como Rock Luz, Carnaval do Povo, gravação dos CDs Praclarear,
Ancestrais, Dois Séculos de Cultura e Lumiar, além do projeto Esporte Clube,
Ponto de Encontro, Alé e Tambores, entre outros.
O projeto consiste no
resgate da memória dos ritmos, músicas, danças e manifestações folclóricas que
identificam a cultura amapaense. O trabalho é feito por meio do registro de
partituras, que permitem posteriormente o acesso da comunidade a essas
informações. As discussões visam socializar informações que envolvem o projeto,
bem como, despertar a consciência da valorização da cultura folclórica
amapaense.

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