sexta-feira, 6 de março de 2015

CULTURA

Álvaro Gomes
O guitarrista de muitas bandas

“Iniciei como autodidata e tornei-me fanático e fascinado pelo estudo musical. Mas minha escola foram os bailes da noite”.

Reinaldo Coelho

Do quartel ao palco o músico, Álvaro de Jesus Gomes, tem uma trajetória, dedicado a música e a cultura amapaense. Álvaro é amapaense, fundou várias bandas, é instrumentista, arranjador, gravou CDs, participou de muitos festivais é produtor musical e foi maestro da Banda da Polícia Militar, hoje tem mais de 40 anos de estrada na música amapaense.
Fã de Almir Chediak, Beatles e Tom Jobim, Álvaro Gomes é uma pérola amapaense e estudioso da ciência musical e tem como inspirador Carlos Santana, aquém já dedicou diversos shows solos. Fundador das bandas “Os Setentrionais”, “Banda Placa” e “Yes Banana”, também desfilou sua guitarra nas bandas “Os Inimitáveis” (da Guarda Territorial) e “Milionários R-5” e, atualmente, em “Os Cometas” e toca em um quarteto, juntamente com “Bolachinha”, Beto dos teclados e Jack.
Álvaro Gomes, ao lado de seu irmão Carlos Augusto (Carlitão), possui um memorável trabalho, registrando os movimentos culturais de várias comunidades, inclusive, escrevendo partituras dos ritmos executados nas festividades do interior amapaense. Incansável no labor cultural está escrevendo um livro, juntamente com seu irmão, sobre aspectos culturais do Amapá que, há décadas, pesquisa.

Trajetória

Álvaro Gomes foi tocado pela música aos 17 anos de idade. Através de um amigo de infância José Maria Coelho, ambos moradores do Bairro do Laguinho. Devido uma mudança de residência a dupla se afastou e o reencontro foi uma seta do destino que lhe levou até a nova residência do amigo. “Fui trabalhar na SUCAM, que fazia o controle da malária no Amapá, e eu era pesquisador de campo e fazia a coleta sanguínea, quando cheguei em uma residência na Leopoldo Machado e ali encontrei o Zé Maria, após o serviço ele pegou um violão e começou a tocar do CreDance e fui sendo envolvido pelos acordes musicais o que foi determinante para o  meu ingresso no mundo musical”.
De imediato comprei um violão e comecei a dedilhar, aprendi musicar “de ouvido”, era autodidata. Tornou-se assim guitarrista e passou a tocar em bailes de aniversário com um grupo de amigos, embrião da banda “IOs Setentrionais” da qual foi fundador.


Em 1972, eu já estava atuando como guarda territorial e começando a tocar na Banda “O Setentrionais”. Em 1973 fui convidado para o Conjunto “Os Inimitáveis” que pertencia a Banda de Musica da Guarda Territorial. Isso deu motivado pelo conflito de horários de ensaios e de serviço. Mas não era minha praia,  pois gostava das cordas. Mais uma vez o destino mudou meu pensamento e com a transformação em Policia Militar sob o comando de oficiais do Exercito Brasileiro, a banda passou a ter como maestro um tenente gaúcho, Clodomiro Martins, que incorporou musicas eruditas e se tornou obrigatório o estudo de musica pelos integrantes. E isso me fascinou, tanto que passei a me dedicar exclusivamente a estudar musica e tocar clarinete. “Cheguei a ser maestro da Banda da Policia Militar do Amapá saindo quando me reformei”.
Bandas de Bailes
Existe uma grande transformação musical no Amapá, nas décadas de 70 e 80 predominava os grandes bailes, oferecidos nas sedes como as do Esporte Clube Macapá, Trem Desportivo Clube, Santana e Manganês Esporte Clube e ainda no Círculo Militar, Aeroclube, Piscina Territorial e Assembleia Amapaense que produziam os Baile da Flores, o Baile das Férias em Serra do Navio, Rainha das Rainhas do Carnaval, o Miss Amapá e o Baile da Pesada, dentre outros. “As bandas daquela época não viviam da dependência do poder público, pois essas entidades sociais contratavam as bandas e pagavam muito bem. Éramos mais de 11 músicos por banda. Hoje infelizmente, esses bailes acabaram e as bandas se reduziram a quatro membros para poder ter um cache modesto para todos”.
Àlvaro destaca que naquela época havia um diferencial, as bandas tinham dono. “Hoje as bandas reúnem alguns músicos e cada um entra com seu equipamento. Na época das grandes bandas amapaenses elas tinham dono, eles arcavam com todas as aparelhagens e contratavam os músicos foi caso dos Setentrionais que era do Luciano”.
Os Setentrionais era composto foi o primeiro grupo musical amapaense a sair do Amapá para gravar um compacto duplo (na época do vinil – 1977) : Lucivaldo (dono do conjunto), Rodolfo Santos (vocalista), Carlitão (croner), Álvaro (guitarra), Marcondes (teclado - sócio de Lucivaldo na banda), Gogô (baterista) irmão do Aldo, também baterista) e José Pinto (baixista).
Do grupo, Álvaro Gomes no Yes Banana, Carlitão e Álvaro na Banda Placa (ex-Placa Luminosa), e Rodolfo Santos é o astro do bolero na noite de Macapá, e o José Pinto, hoje evangélico, toca na banda da igreja.
Desvalorização e falta de fiscalização
O Amapá tem muitos músicos, porém a sociedade e nem o poder público valorizam esses grandes valores musicais. Álvaro destaca que infelizmente até os mais renomados artistas amapaenses, não são prestigiados. “É estranho que os shows realizados em Macapá por artistas nacionais, não tenha a obrigatoriedade de que os artistas locais sejam chamados para, no mínimo, realizarem os shows de aberturas, pois, quando você vai tocar em outros Estados é necessário apresentação da carteira de musico. Porém no Amapá é diferente”.
O resgate das raízes musicais do Amapá
Álvaro Gomes, foi fundador da Banda Placa Luminoso junto com seu irmão Carlitão que foi Croner da Banda. A Banda Placa tem uma longa historia na musica e cultura amapaense, com diversos projetos sendo tocado pelo cantor e pesquisador Carlitão.
Os projetos consistem no resgate da memória dos ritmos, músicas, danças e manifestações folclóricas que identificam a cultura amapaense. O trabalho é feito por meio do registro de partituras, que permitem posteriormente o acesso da comunidade a essas informações.
 São concepções como Rock Luz, Carnaval do Povo, gravação dos CDs Praclarear, Ancestrais, Dois Séculos de Cultura e Lumiar, além do projeto Esporte Clube, Ponto de Encontro, Alé e Tambores, entre outros.
O projeto consiste no resgate da memória dos ritmos, músicas, danças e manifestações folclóricas que identificam a cultura amapaense. O trabalho é feito por meio do registro de partituras, que permitem posteriormente o acesso da comunidade a essas informações. As discussões visam socializar informações que envolvem o projeto, bem como, despertar a consciência da valorização da cultura folclórica amapaense.






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