sábado, 25 de abril de 2015

ARTIGO DO TOSTES


Cities and Nature


No ano de 2014, encontrei na livraria da Ordem dos Arquitetos de Portugal, um livro interessante sobre a relação das cidades e o ambiente natural. Esta livraria está localizada na região do Cais de Sodré em Lisboa. O livro: Cities and Nature é de autoria de Lisa Benton-Short & John Rennie Short. O livro trata da discussão sobre a questão do meio ambiente e o conjunto de oportunidades. Neste contexto está inserido a cidade e o espaço geográfico a partir do teor da realidade como fenômeno social, vai além, com a abordagem dos cientistas sobre as questões que envolvem o meio ambiente ao contexto urbano.

A abordagem deste livro proporciona um amplo debate sobre a relação do meio ambiente com a cidade e o urbano. Para tal, a obra está organizada em temas assim destacados: o histórico do meio ambiente urbano; a relação entre o urbano e o natural; a relação do urbano natural com as discussões e ideias sobre a poluição física do meio ambiente. Sobre o item da poluição, é evidente a preocupação com a realidade social e com o consumo. Os impactos dentro da realidade do urbano natural e a relação mais próxima com a realidade física do meio ambiente urbano.

Cities and Nature ilustra bem a realidade física e social e os elementos contidos no meio ambiente urbano que são fundamentais para a maior compreensão da cidade. Os autores apresentam vários estudos de caso de cidades como: Bangladesh, Paris, Deli, Roma, Cubatão, Tailândia, Los Angeles, Chicago, New Orleans e Toronto. O livro foi produzido com apoio de acadêmicos e pesquisadores nas áreas de Meio Ambiente, Estudos urbanos e planejamento.

Os autores do livro são integrantes da Universidade de Washington e Maryland nos Estados Unidos na área de meio ambiente urbano vinculados as cidades. Esta obra permite avançarmos nas reflexões sobre o momento em que estamos vivendo nestas últimas décadas e principalmente sobre as dificuldades para lidar com a nova configuração global em que as cidades estão inseridas.

Entre as partes citadas do livro, apresenta-se a discussão do meio ambiente e o contexto histórico avaliado a partir dos tópicos da cidade e o natural, o trajeto histórico entre a cidade e o meio ambiente urbano, a cidade industrial e a dinâmica contemporânea do processo de urbanização em relação ao meio ambiente. Sobre esta primeira parte é válido destacar alguns pontos descritos a partir da página 5 com abordagem das cidades relacionadas ao ecossistemas, os autores fazem referência sobre os fatores que condicionam o desenvolvimento das cidades relacionadas ao clima e a energia.

Também é destacado o quanto a questão energética tem influenciado nas atividades relacionadas ao micro clima, as cidades cada vez mais se sentem obrigadas a produzirem mais energia, criando um elevado processo de dependência. Nas cidades citadas no livro são exemplos concretos de como o fator industrial, ainda é determinante neste processo de busca por alcançar cada vez mais índices elevados de produção, muito deste contexto resulta em elevados índices de poluição generalizada, muito embora, tenha ocorrido um grande esforço internacional pela melhoria dos indicadores de qualidade de vida urbana.

Um item importante sobre este tema está relacionado a noção de sustentabilidade. Como pensar a sustentabilidade diante de um sistema que se contrapõe a ordem do capital estabelecida, do modelo industrial e comercial estabelecido? Sem dúvida, algo importante para ser analisado na discussão entre a cidade e a questão natural do meio ambiente.

Na segunda abordagem da cidade industrial, leva-se em conta a questão histórica de recomposição das cidades a partir da revolução industrial. A velocidade com que os recursos naturais estão sendo utilizados na contramão dos princípios que rege a sustentabilidade nas cidades e nos países. Entre os fatores mais determinantes decorrem os processos poluidores, da terra, do ar e do mar. A crítica em relação ao uso desenfreado do meio ambiente e o modelo estabelecido, tem provocado profundos danos para as questões naturais, as cidades passaram a absorver intensamente com todo este processo principalmente em relação ao aumento progressivo da população.

E no terceiro tópico do livro, está à preocupação com o contexto contemporâneo da dinâmica sobre o meio ambiente, além das questões históricas evidenciadas anteriormente, busca-se neste tema, apresentar uma série de interfaces para elucidar como a sociedade global está em uma encruzilhada provocada pelo consumo desenfreado e como a paisagem das cidades vem sendo alteradas gradualmente.

No processo de avaliação deste tema, reside com grande destaque o crescimento da população mundial entre o período de 1950 a 2010, taxas elevadas, o crescimento mostra que em um período de 60 anos, a população em diversos não só dobrou, aumentou os níveis de concentração em determinadas cidades, apesar da melhoria dos níveis de urbanização verificada nas cidades analisadas, a tendência dos problemas, ainda é maior quando atesta-se que o crescimento populacional não é compatível com a oferta de serviços de qualidade.

Entre as cidades mais populosas está: São Paulo com quase 20 milhões de habitantes em 2010. Além de todo este cenário o livro evidencia o cenário das chamadas megacidades, caso de Tokyo, Mumbai, Jakarta, Cidade do México, Lagos, Osaka, Seoul, Shangai e tantas outras. As megacidades estariam em torno de uma população de 10 milhões de habitantes, muitas delas com problemas de estrutura na organização social como consequência das questões econômicas. Neste tópico, ficam evidentes quais os principais problemas que decorrem de populações tão elevadas e concentradas.


Os autores concluem afirmando da ampla necessidade da construção de estratégias de sustentabilidade, inclui o planejamento para o meio ambiente urbano. É preciso evitar a fragmentação e a dispersão, tratar de desenvolver um planejamento urbano que seja capaz de apresentar respostas mais efetivas que possam incluir todo o sistema de uma cidade, como os transportes e habitações. É preciso pensar um planejamento holístico e duradouro, que evite a compartimentação. O livro é um convite para compreender melhor este assunto que está na tela de debate de forma permanente.

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