Biblioteca
Pública Municipal de Macapá
Ler,
mas aonde?
Prefeitura e Fumcult abandonam espaço cedido pela Justiça Federal
Nando
Santos
Colaborador
Já dizia Monteiro Lobato "Quem
não lê, pouco fala, pouco ouve e pouco vê", e realmente Lobato tinha
razão. Quando se fala em leitura, imagina-se que esta esteja associada a um
ambiente agradável para que possa se concretizar, se recriar.
Uma biblioteca bem preparada para receber seus leitores e que
ao mesmo tempo ofereça mecanismos de pesquisa, permite mais acesso à informação
e consequentemente resultará na socialização do saber.
Conforme SILVA (1986), ensino e biblioteca não se excluem,
completam-se, uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. Sabemos
que ainda há muitas escolas que não oferecem uma biblioteca para o educando,
daí a necessidades de se criarem bibliotecas públicas.
Para PENALOSA (1961), a presença do aluno na biblioteca
contribui para seu desenvolvimento intelectual. Pois uma vez que o próprio
aluno vai em busca de outras ferramentas de ensino, mostra que este aluno
consegue vê a biblioteca como uma forma de expandir sua aprendizagem.
Conforme o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP),
em fevereiro de 2015 dentro do "Projeto Mais Bibliotecas Públicas",
realizou-se sistematicamente a atualização de dados que apoiam o
desenvolvimento das políticas culturais nacionais voltadas para bibliotecas
públicas municipais e estaduais. Dados do SNBP apontam que no nosso país
existem 6069 bibliotecas públicas municipais, distritais, estaduais e federais,
nos 26 estados e no Distrito Federal, só na região norte são 499.
No Amapá, temos 18 bibliotecas, uma Estadual e outras
dezessete divididas nos municípios do Estado. O Estado do Amapá possui uma
única Biblioteca Pública Estadual, que é a Elcy Lacerda, localizada na Rua São
José.
Na capital, também há uma Biblioteca Pública Municipal, que
segundo o levantamento do SNBP está localizada, na Avenida Eliezer Levy. Ambas
no centro da cidade.
Em 2013, o Prefeito de Macapá Clécio Luís, assinou um termo
de cooperação para que a Prefeitura de Macapá (PMM) pudesse ocupar um dos
módulos que compõem o conjunto arquitetônico da Justiça Federal do Amapá,
localizado no Bairro Infraero II. O espaço seria o novo endereço da Biblioteca
Pública de Macapá, sob a coordenação da Fundação Municipal de Cultura
(FUMCULT).
A Biblioteca Pública Municipal, criada pelo Decreto nº. 1280
/97 - PMM, teria a finalidade de prestar à população serviços públicos
gratuitos de livre acesso à literatura, à informação e ao registro da expressão
cultural e intelectual humana em sua diversidade e pluralidade, atuando como
espaço de preservação da memória, história bibliográfica e de incentivo à
leitura no município.
Porém, ao que tudo indica o Prefeito não conseguiu fazer sua
tarefa de casa e por falta de atitude e compromisso da Prefeitura de Macapá, a
Justiça Federal retomou o espaço físico do prédio cedido pelo órgão para implantação da
Biblioteca Municipal de Macapá.
Há quase dois anos que o prédio foi liberado, depois do
acordo de cooperação entre a prefeitura e a justiça Federal, o prefeito disse
que o problema era o espaço urbano, "Ao se interessar pela ocupação do
prédio com a Biblioteca Municipal, a prefeitura faz o seu dever de casa e
encontra na Justiça Federal do Amapá um forte aliado, que por meio deste ato
auxilia ao município, que enfrenta dificuldades com a falta de equipamentos
socioculturais e espaço urbano onde os mesmos poderiam ser construídos",
afirmou o prefeito.
Líder Comunitário do Bairro Infraero II, José Tubinambá |
Sobre este assunto, o líder Comunitário do Bairro Infraero
ll, José Tupinambá, desabafou "A cerca de dois anos, uma sala no prédio
da Justiça Federal foi cedida para que fosse montada a Biblioteca Pública do
município na Zona Norte de Macapá. Terminou o prazo acordado e tanto a
Prefeitura quanto a FUMCULT, não demonstraram interesse em montar a biblioteca.
Então a justiça determinou que esse
material fosse retirado. O acervo foi
dividindo, entre a Subprefeitura e o Céu das Artes. Lamentamos esta essa
situação pois o prefeito é um professor e deixar acontecer isso, com uma sala muito boa e
medindo cerca de 200 metros quadrados, para que fosse executado essa biblioteca. E a implantação iria
beneficiar os moradores dos 50 bairros da Zona Norte. O Prefeito e nem a fundação
tiveram interesse, o que eles teriam que assumir era só um débito com a CEA.
Agora os livros estão espalhados por aí", disse Tupinambá.
Espaço
A nova Biblioteca Pública de Macapá, quando pronta, possuirá
espaço para exposições artísticas, guarda volumes, espaço multimídia, espaço
infantil, sala para trabalhos escolares, banheiros, sala de inclusão digital,
sala de leitura, processamento técnico,
administração, depósito, acervo e copa.
Para maior eficácia dos serviços prestados pela biblioteca, a
FUMCULT planejava ações como biblioteca itinerante, rodas de leitura, saraus
literários, bate-papo com escritores, palestras e exposições temáticas a serem
desenvolvidas após a abertura do novo espaço ao público, por enquanto, projetos
apenas no papel.
Segundo, o Presidente da Fundação Municipal de Cultura
(FUMCULT), Janço Rafael "A
biblioteca Municipal foi instalada no Céu das Artes, iria funcionar no prédio
da Justiça Federal, iamos equipar, melhorar em alguns aspectos e estávamos
dependendo de emenda Federal, como a Justiça tinha pressa no prédio e não
poderíamos deixar a comunidade desassistida, é uma questão de acessibilidade,
nós levamos para o Céu das Artes que está muito bem estalada, com ar
condicionado, todos os dias tem atividades como: contos de histórias na
biblioteca. Todos os livros que estavam no prédio da Justiça Federal está
acomodado na biblioteca com acervo de poetas de livros Amapaenses e atende toda
a comunidade Zona Norte. O Prefeito Clécio é, comprometido com a educação e
comprometido com a questão da cultura. Então você pode ir lá e ver uma
biblioteca muito bem estalada no céu das Artes", ressaltou o
presidente.
Enquanto
o novo espaço de leitura não fica pronto, a comunidade continua fazendo seus
trabalhos e pesquisando nas bibliotecas que estão à disposição, torcendo para
que a biblioteca municipal dê certo, e que não seja mais um projeto arquivado
nas gavetas do esquecimento. Espera-se que o espaço fique logo pronto, pois ler
se quer sim, mas aonde?
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