quarta-feira, 29 de abril de 2015

CULTURA



O Museu da Base Aérea de Amapá
Abandonado na gestão passada será revitalizado

SECULT encontrou o museu depredado pelo tempo e vandalismo. Até mesmo documentos históricos foram levados.



Reinaldo Coelho

A Base Aérea de Amapá fica distante 302 km de Macapá e 9 km da sede municipal. Foi construída durante a II Guerra Mundial, como base de apoio aos Aliados na luta contra o nazi-fascismo, permitindo o abastecimento de aviões norte-americanos com destino à África, que levavam ajuda aos aliados como Inglaterra e União Soviética. A Base Aérea de Amapá integrou uma rede de bases – a Rota Aérea do Atlântico Sul – que começava em Miami, passava pelo Caribe, Guianas e Norte-Nordeste do Brasil, e prosseguia pelo continente africano até o Oriente.



Na história da Base Aérea de Amapá chama a atenção o fato de que os trabalhos para sua construção iniciaram em março de 1941, antes, portanto, da entrada dos Estados Unidos e do Brasil no conflito mundial, dezembro de 1941 e agosto de 1942, respectivamente.

Ainda na postura de neutralidade, o presidente Vargas autorizou (Decreto-Lei Nº. 3.462, de 25 de julho de 1941), a construção e ampliação de bases aéreas e navais em Amapá, Belém, São Luiz, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Salvador, pela Panair do Brasil (subsidiária da Pan Americam Airways). As bases foram cedidas aos Estados Unidos para uso militar e devolvidas ao governo brasileiro após a guerra.

Além do apoio às aeronaves norte-americanas, a Base Aérea de Amapá também foi importante na guerra antissubmarina. Os dirigíveis conhecidos por zepelins (ou blimps) que lá pousavam, participavam do patrulhamento da costa brasileira. Durante a guerra, dois submarinos alemães foram afundados no litoral amapaense, em julho de 1943. Os blimps também foram utilizados em comboios de navios e operações de resgates de sobreviventes na selva e no mar.




Após a guerra, a Base de Amapá foi desativada e devolvida pelos norte-americanos ao governo brasileiro em 1946, sendo ocupada pelo Ministério da Aeronáutica, que ali instalou um destacamento. Teve outros usos, como o funcionamento de uma Escola de Iniciação Agrícola. De acordo com as informações obtidas na pesquisa, a Base de Amapá foi fechada entre os anos 1960-1970, permanecendo em uso apenas o aeroporto por algum tempo, principalmente pelo Correio Aéreo Nacional.
Atualmente, o aeroporto está desativado.

Abandono
A Base de Amapá caiu no esquecimento das autoridades, entrando em um processo de abandono e desmonte – muitas edificações foram desmontadas por moradores locais, tijolo por tijolo, telha por telha. Hoje se vê muitos pisos espalhados por sua imensa área – 6.198.000 m². Além do aeroporto, restaram alguns alojamentos ocupados pela Aeronáutica e por posseiros. Outros ainda sofrem a ação do tempo e do descaso.



Revitalizar
A Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) criou a Caravana da Cultura que irá percorrer os municípios para identificar potencialidades regionais. O objetivo da caravana é conhecer a realidade dos municípios e os projetos que podem ser neles desenvolvidos.

O primeiro a receber os técnicos da Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) foi o município de Amapá. A reunião da Caravana da Cultura ocorreu na noite de terça-feira (21), na Escola Estadual Vidal de Negreiros.



Durante o trabalho da comissão no município de Amapá, foi realizada uma visita ao Museu da Base Aérea, no município de Amapá, distante 302 km de Macapá, para a confecção de um relatório sobre as condições do museu a céu aberto que foi encontrado em completo abandono.

De acordo com a equipe, o espaço mais parece com o cenário de uma cidade fantasma. No local há apenas um vigilante e difícil é encontrar alguém por perto e que saiba dar alguma informação. Essa é a realidade do museu.


A sala onde ficavam as informações do museu está abandonada e até mesmo os documentos históricos foram levados, o local está deteriorado e muitas peças foram roubadas. A sala onde ficavam as informações do museu está abandonada e até mesmo os documentos históricos foram levados. De acordo com o vigilante, há pelo menos dois anos ninguém do governo aparecia no espaço.

 "Estou muito triste com a situação desse museu que poderia estar sendo visitado pelos amapaenses e turistas, mas que está abandonado", lamentou o secretário da SECULT, Disney Silva.

O mato tomou conta do espaço, mas ainda é possível ver a torre onde os zeppelins (dirigíveis da época) pousavam, e os paióis de munições. De acordo com o secretário a equipe está planejando organizar um espaço no próprio museu para reunir os tanques e carros antigos, que ainda estão no local, além de tornar o museu a céu aberto um espaço com condições de receber visitantes. "Precisamos valorizar o potencial histórico cultural do nosso Estado e garantir à população a oportunidade de conhecer locais como esse. Essa é a nossa história e precisamos valorizá-la", enfatizou Disney.


A Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) fará um relatório sobre a situação do museu e encaminhará ao governador Waldez Góes, junto com um projeto de revitalização do local.

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