O Museu da
Base Aérea de Amapá
Abandonado
na gestão passada será revitalizado
SECULT
encontrou o museu depredado pelo tempo e vandalismo. Até mesmo documentos
históricos foram levados.
Reinaldo
Coelho
A
Base Aérea de Amapá fica distante 302 km de Macapá e 9 km da sede municipal.
Foi construída durante a II Guerra Mundial, como base de apoio aos Aliados na
luta contra o nazi-fascismo, permitindo o abastecimento de aviões
norte-americanos com destino à África, que levavam ajuda aos aliados como
Inglaterra e União Soviética. A Base Aérea de Amapá integrou uma rede de bases –
a Rota Aérea do Atlântico Sul – que começava em Miami, passava pelo Caribe,
Guianas e Norte-Nordeste do Brasil, e prosseguia pelo continente africano até o
Oriente.
Na
história da Base Aérea de Amapá chama a atenção o fato de que os trabalhos para
sua construção iniciaram em março de 1941, antes, portanto, da entrada dos
Estados Unidos e do Brasil no conflito mundial, dezembro de 1941 e agosto de
1942, respectivamente.
Ainda
na postura de neutralidade, o presidente Vargas autorizou (Decreto-Lei Nº.
3.462, de 25 de julho de 1941), a construção e ampliação de bases aéreas e
navais em Amapá, Belém, São Luiz, Fortaleza, Natal, Recife, Maceió e Salvador,
pela Panair do Brasil (subsidiária da Pan Americam Airways). As bases foram
cedidas aos Estados Unidos para uso militar e devolvidas ao governo brasileiro
após a guerra.
Além
do apoio às aeronaves norte-americanas, a Base Aérea de Amapá também foi
importante na guerra antissubmarina. Os dirigíveis conhecidos por zepelins (ou
blimps) que lá pousavam, participavam do patrulhamento da costa brasileira.
Durante a guerra, dois submarinos alemães foram afundados no litoral amapaense,
em julho de 1943. Os blimps também foram utilizados em comboios de navios e
operações de resgates de sobreviventes na selva e no mar.
Após
a guerra, a Base de Amapá foi desativada e devolvida pelos norte-americanos ao
governo brasileiro em 1946, sendo ocupada pelo Ministério da Aeronáutica, que
ali instalou um destacamento. Teve outros usos, como o funcionamento de uma
Escola de Iniciação Agrícola. De acordo com as informações obtidas na pesquisa,
a Base de Amapá foi fechada entre os anos 1960-1970, permanecendo em uso apenas
o aeroporto por algum tempo, principalmente pelo Correio Aéreo Nacional.
Atualmente,
o aeroporto está desativado.
Abandono
A
Base de Amapá caiu no esquecimento das autoridades, entrando em um processo de
abandono e desmonte – muitas edificações foram desmontadas por moradores
locais, tijolo por tijolo, telha por telha. Hoje se vê muitos pisos espalhados
por sua imensa área – 6.198.000 m². Além do aeroporto, restaram alguns
alojamentos ocupados pela Aeronáutica e por posseiros. Outros ainda sofrem a
ação do tempo e do descaso.
Revitalizar
A
Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) criou a Caravana da Cultura que irá percorrer
os municípios para identificar potencialidades regionais. O objetivo da
caravana é conhecer a realidade dos municípios e os projetos que podem ser neles
desenvolvidos.
O
primeiro a receber os técnicos da Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) foi
o município de Amapá. A reunião da Caravana da Cultura ocorreu na noite de
terça-feira (21), na Escola Estadual Vidal de Negreiros.
Durante
o trabalho da comissão no município de Amapá, foi realizada uma visita ao Museu
da Base Aérea, no município de Amapá, distante 302 km de Macapá, para a
confecção de um relatório sobre as condições do museu a céu aberto que foi
encontrado em completo abandono.
De
acordo com a equipe, o espaço mais parece com o cenário de uma cidade fantasma.
No local há apenas um vigilante e difícil é encontrar alguém por perto e que
saiba dar alguma informação. Essa é a realidade do museu.
A
sala onde ficavam as informações do museu está abandonada e até mesmo os
documentos históricos foram levados, o local está deteriorado e muitas peças
foram roubadas. A sala onde ficavam as informações do museu está abandonada e
até mesmo os documentos históricos foram levados. De acordo com o vigilante, há
pelo menos dois anos ninguém do governo aparecia no espaço.
"Estou
muito triste com a situação desse museu que poderia estar sendo visitado pelos
amapaenses e turistas, mas que está abandonado", lamentou o secretário
da SECULT, Disney Silva.
O
mato tomou conta do espaço, mas ainda é possível ver a torre onde os zeppelins
(dirigíveis da época) pousavam, e os paióis de munições. De acordo com o
secretário a equipe está planejando organizar um espaço no próprio museu para
reunir os tanques e carros antigos, que ainda estão no local, além de tornar o
museu a céu aberto um espaço com condições de receber visitantes. "Precisamos valorizar o potencial histórico
cultural do nosso Estado e garantir à população a oportunidade de conhecer
locais como esse. Essa é a nossa história e precisamos valorizá-la",
enfatizou Disney.
A
Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) fará um relatório sobre a situação do museu
e encaminhará ao governador Waldez Góes, junto com um projeto de revitalização
do local.
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