Os processos contemporâneos da
forma urbana
Autor:
José Alberto Tostes
Os processos
contemporâneos em relação à forma urbana passaram a ter impactos a partir das
determinações econômicas sobre o desenvolvimento regional, urbano e ambiental;
as tendências da dinâmica fundiária e de expansão e especulação imobiliária; a
configuração política dos processos decisórios correspondentes em âmbito municipal
e, especialmente, na medida em que este incorpora outros formatos participativos.
O contexto contemporâneo apresenta um novo marco regulatório, o Estatuto da
Cidade (Lei Federal nº. 10.257, de 10/07/2001), paradigma cuja originalidade
implica a ampliação de prerrogativas dos municípios, com a exigência de
mecanismos participativos nas decisões públicas e subordinação da lógica urbana
às funções sociais da cidade e da propriedade.
O debate sobre a
conformação das cidades brasileiras é uma reflexão que envolve a produção de
diferentes áreas do conhecimento – arquitetura, urbanismo, economia, ciência
política, sociologia, geografia etc. – na real possibilidade de elevar o conhecimento
e o entendimento sobre distintas realidades. Mais ainda, discute se tais
padrões se aproximam ou se distanciam, mediante a formação de um caráter multidisciplinar
para permitir com maior precisão este novo cenário.
As cidades
contemporâneas vão convivendo com danos ambientais e urbanos de gravíssima
consequência, na prática, as administrações públicas se mostram sempre com um
dilema, como enfrentar situações tão adversas com condições de trabalho tão
incipientes? Como de alguma forma atender todo este propósito, sem “ferir” os
interesses de terceiros e do próprio capital especulativo? Estamos diante de enormes dificuldades, de
como inserir o desenvolvimento social do território? A própria comunidade, se
sente desprezada pelas diferentes concepções políticas, por conta do jogo de
manipulação, revitalizar ambientes urbanos no Brasil, tornou-se algo pesado e
com um preço a pagar, pelos elevados custos políticos e sociais.
Um dos pontos importantes a ser avaliado na
discussão do espaço territorial está diretamente vinculado à questão dos
fluxos, portanto, avaliar as questões históricas dos espaços, primordial, tudo
por conta da ideia que visualizamos entre o que é local e a condição do que
chamamos de global, parte destas reflexões foram afirmadas por Castells (1997).
É preciso compreender como se conflita a
natureza do espaço e do território, que inclui o redimensionamento da
perspectiva de planejamento e gestão das cidades e dos municípios. Torna-se
evidente lidar com as diferentes esferas dos conflitos postos sobre a natureza
do espaço urbano. Inevitavelmente as circunstâncias atuais do mundo contemporâneo
estão inclusas questões de buscar o entendimento sobre o real significado da
cidadania, as cidades cada vez mais vão ficando urbanizadas, com condições
satisfatórias ou não, entender situações deste tipo, forçosamente nos indicará
outros meios mais sensíveis para avaliar os novos processos que vão se formando
a cada dia.
Entender a realidade contemporânea está
diretamente relacionado ao contexto político do território, de vinculação de
poder, vislumbrar como está ocorrendo à diversidade de usos sobre o espaço,
além destes pontos, atentar para a dinâmica social em tela. Apesar de todo um
aparato tecnológico hoje à disposição da sociedade, ainda somos “reféns” de
nossas próprias limitações para interagir em diferentes conceitos de aplicação
entre o social, cultural e o ambiente político.
As cidades aos poucos vão modificando a sua
paisagem, o conflito posto entre as necessidades mais prementes por novas demandas
de moradias, se contrapõem com os modelos oficiais propostos, criando anomalias
no espaço da cidade, não há uma harmonia entre o lugar da morada, os mecanismos
de acessibilidade e mobilidade urbana, se formatam de maneira fragmentada sobre
a natureza espaço. A forma da cidade se delimita por uma lógica exclusivamente
de poder e do capital, o processo de exclusão não está mais restrito somente as
chamadas camadas mais pobres da população, mas também ao conjunto da sociedade
que percebe a deterioração dos espaços públicos, do isolamento das edificações
do espaço da cidade. Reflexões importantes devem ser ditas para avaliarmos
melhor o nosso universo contemporâneo e como a sociedade como um todo irá lidar
com um conjunto de situações desfavoráveis. Um dos pontos mais cruciais é de
que as soluções não estão somente com o poder público, enquanto não
acreditarmos que a formação de rede e capital social sejam imprescindíveis,
vamos crer que em coisas que não são possíveis de serem realizadas, enquanto,
milhares de condomínios fechadas se erguerem, sistemas que se assemelham a verdadeiras
prisões, as cidades vão se formando a imagem e semelhança de um cenário da “Idade
Média”.
O processo contemporâneo exige, portanto,
assimilarmos a época em que estamos vivendo, confunde-se ambiente real com
realidade virtual, formação de grupos de diferentes interesses em desfavor da
organização coletiva, cria-se todo tipo de regras para consolidar guetos.
Verdadeiramente vive-se uma sociedade de exceção. Por mais que possamos criar
todo um aparato multidisciplinar para compreender e avaliar melhor as novas
formas urbanas na contemporaneidade, nada terá validade, se não ocorrer o
processo de participação social qualificada e atuante. Algo para ser
profundamente avaliado.
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