A
JANELA
Rodolfo
Juarez
Em tempo de crise a criatividade e a competência devem
superar o formalismo e a burocracia que são predominantes na administração
pública aqui ou fora daqui.
Todos devem priorizar e enfrentar as dificuldades que a
população mais pobre está passando e não ignorar a realidade e criar mais
problemas para que essa mesma população desista de acreditar que é bom viver.
Se de um lado se vê os gestores alegarem as suas próprias
dificuldades, de outro esses mesmos gestores, como que ignorando os problemas,
colocam as suas próprias dificuldades nos ombros de uma população que, muito
antes desses gestores, já clamavam por socorro, inclusive para atender às suas
necessidades básicas.
Mas de pouco tem valido essa constatação.
Continua a exterminação da paciência da população através
da asfixia de suas condições de sobrevivência e com isso desafiando as pessoas
para um “salve-se quem puder” com consequências imprevisíveis.
Nem mesmo os gastos com a aquisição de viaturas para o
sistema policial, inclusive um helicóptero, será suficiente para enfrentar, com
eficiência, as consequências da falta de condição social a que muitas famílias
serão jogadas.
Os aumentos nos preços públicos são cercados de irresponsabilidade
social, mesmo que venham carregados de justificativas econômicas.
Esse momento é para ser entendido e não para ser atiçado
a piorar. Retirando das famílias as últimas gotas do suor e do sangue que
dispõem para manter vivo o sentimento de que vale a luta e que é preciso
acreditar na melhoria das coisas a partir das instituições viciadas e mal
dirigidas que hoje é lugar comum no Amapá e no Brasil.
A população está esgotada economicamente e mesmo assim,
está sendo espremida para retirar a último pingo que precisa para conviver com
a pobreza quase extrema, mas com dignidade.
É preciso acordar para a realidade!
Há muito que todos vêm sendo alertados para o mal que as
salas refrigeradas estão fazendo para os gestores que não conseguem olhar por
uma janela para o mundo o qual assumiram a responsabilidade de torná-lo melhor,
com um mínimo de acolhimento para uma população que vê despertar o sentimento
da enganação.
É preciso que seja baixada uma ordem de serviço obrigando
aos que chefiam alguma coisa no Amapá ir para a rua, conversar com a população,
conhecer o momento de cada um para, quando voltarem ao conforto da sala
refrigerada, saber o que fazer visando encontrar a melhor maneira de cuidar das
pessoas.
Todos estão falhando!
Nem mesmo o chefe escapa dessa mediocridade, enquanto a
população segue sem guia a maioria, não entendendo o que está acontecendo,
acreditando que ainda tem jeito e que, ao contrário do que acontece na
Administração Central do País, não é preciso a interrupção de mandatos.
A sensibilidade, tão necessária nesse momento, está
encontrando dificuldades para ser instalada na faixa de competência dos
mandatários.
Há uma espécie de vazio, onde as quedas são absolutamente
inevitáveis.
E os jovens?
Aqueles que são a esperança de qualquer povo, inclusive o
amapaense, estão vendo tudo isso completamente caricaturado, distorcendo a
avaliação de cada um deles, decepcionados com tudo o que assistem e deseducados
das boas maneiras e formas, tateiam, sabendo das suas responsabilidades, mas
irritados com os exemplos que ouve, vê e lê.
Os aumentos nos preços públicos da CEA e da CAESA são
apenas mais dois na sangria dos salários estáveis, impossíveis de serem
corrigidos, mas consumidos a cada dia pelo dragão da inflação.
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