40 ANOS DO GRUPO PILÃO
Valorizando
a cultura local e popular em todas as suas manifestações
Bi Trindade, Fernando Canto, Orivaldo Azevedo, Marilene Azevedo, Juvenal Canto, Leonardo Trindade e Eduardo Canto, |
Passados quarenta anos, o Grupo Pilão
está na estrada com a mesma determinação. Claro, as dificuldades são muitas,
mas como disse uma vez a nossa querida Elba Ramalho, "o artista está
sempre começando". Cada dia na vida do artista é um recomeço.
Reinaldo
Coelho
Da
Editoria
Anos 70, década da efervescência
cultural. Foi nesta época que o Grupo Pilão saía de um sonho pelos microfones
da Rádio Difusora, há quatro décadas, no III Festival da Canção do Amapá, em
1975. Foram apresentados ao Amapá e ao Brasil, na mesma época que os
brasileiros acabavam de conhecer Geraldo Azevedo, Alceu Valença e o Quinteto
Violado.
No referido festival foi apresentada
a música “Geofobia” (de Fernando Canto e Jorge Monteiro) que tinha um Pilão
como instrumento musical, tocado para marcar o ritmo. Nessa época o jovem grupo
era formado por Fernando Canto, Bi Trindade e Juvenal Canto todos oriundos dos
movimentos católicos de juventude.
O grupo nasceu gerando
polêmica, a música apresentada e defendida por eles no festival foi a canção
preferida do público, porém ela foi ignorada pelo júri do Festival e
desqualificada gerando forte matéria jornalística sob o título “Festival
terminou com vaias ao júri caduco e alienado” (Jornal do Povo, Ano I, nº 82, de
27.09.75).
O Grupo Pilão já realizou
inúmeros shows, gravou três discos e divulgou a cultura amapaense no Brasil e
no exterior. Hoje, poucos se lembram das músicas ganhadoras do histórico III
FAC, no entanto “Geofobia”, que compõe o CD “Na Maré dos Tempos” de 1996, faz
parte do imaginário musical amapaense.
A maioria das músicas
gravadas pelo Grupo é de autoria de Fernando Canto. Outros compositores como o
falecido Bi Trindade, Eduardo Canto, Sílvio Leopoldo e Manoel Cordeiro têm
músicas gravadas nos três CDs que compõem a discografia do Grupo.
De acordo com os membros
atuais do grupo, muitos músicos passaram por ali. Eles afirmam que tem uma
história e dela se orgulham. “Resistimos ao tempo e suas adversidades. Não nos
deixamos levar por modismos ou consumismos, respeitando com fidelidade o nosso
público. Fomos verdadeiros em tudo”.
A estruturação do Grupo
Pilão começou a acontecer em 1980 quando realizou projetos culturais nas
escolas da capital e do interior, além de shows eventuais de divulgação das
suas músicas.
Os membros atuais estão
juntos desde aproximadamente 1995. É formado por Orivaldo Azevedo (percussão),
Eduardo Canto (percussão), Bi Trindade (voz) recém-falecido, Juvenal Canto (voz
e violão), Leonardo Trindade (violão) e Fernando Canto (cavaquinho e violão).
A
valorização da cultura amapaense
A ideia do Grupo sempre foi
a de valorização da cultura local e popular em todas as suas manifestações. Acreditamos
que com a pesquisa musical séria e a sua divulgação podiam dar mais valor a
identidade amapaense e amazônica, para fortalecê-la. Nesse contexto
praticamente fizeram o mapeamento musical folclórico do Estado, promovendo as
suas manifestações mais importantes e dando-lhes o (re) conhecimento e o
retorno que merecem. “Muito ainda precisa ser feito, pois o cancioneiro popular
do Amapá é vasto e entrelaçado, devido ao alto fluxo migratório que traz para
cá pessoas e culturas diferentes”.
Tendo sobrevivido há quatro
décadas lutando bravamente em prol da música do Amapá, sua base de componentes
continua a mesma juntamente com as ideias de valorização de nossas coisas,
através da pesquisa e da preservação dos valores mais autênticos da cultura
amapaense.
Amapá
perde o músico Bi Andrade
O músico e professor de
francês, Benedito Trindade Machado, (o Bi Trindade), morreu aos 62 anos
(23/12/13). Bi, como era conhecido no meio musical e pelos amigos, era
integrante do grupo Pilão, formado em 1975 no Amapá, e havia gravado um disco
solo com músicas em francês. Ele já se preparava para lançar um novo trabalho
solo.
Formado em letras pela
Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Bi tinha especialização na França.
Recentemente, o músico, que nasceu em Abaetetuba, no Pará, recebeu o título de
Cidadão Macapaense, concedido pela Câmara Municipal de Macapá.
"O grupo Pilão perde um
de seus mais importantes membros e a cultura do Estado do Amapá perde um de
seus grandes nomes, além de um interlocutor da cultura brasileira com a cultura
francesa", disse o sociólogo e músico Fernando Canto, um dos fundadores do
Pilão.
Bi Trindade era casado e
deixou quatro filhos e uma neta.
Adaptação
do texto de André Mont'Alverne reproduzido do blog "Canto da
Amazônia", de Fernando Canto.
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