LINHAS DE CRÉDITO
FINANCIAMENTOS
FAZEM
COMÉRCIO
INFORMAL DISPARAR
A
Agência de Fomento do Amapá disse ter investido R$ 4 milhões em financiamentos
somente no primeiro semestre de 2015. Desse total, 78,29% corresponde a
microcrédito e 21,71% a crédito consignado. De janeiro a junho foram feitas 710
operações. De acordo com o presidente da AFAP, Francisco de Assis, os números
revelam que boa parte da movimentação está voltada para o microcrédito, que
hoje seria a razão de existência da Agência. Na avaliação de Assis, a AFAP
focou nos empreendedores populares sabendo da dificuldade de acesso ao crédito
dos bancos tradicionais.
O comércio informal tem sido
a saída para muita gente enfrentar a crise no País e garantir o sustento da
família. Este segmento tem se reforçado a partir dos índices de desemprego que
cada dia mais, força os brasileiros a procurarem uma alternativa de sobrevivência
longe da carteira assinada. Por outro lado a informalidade no Brasil está
deixando de ser um "negócio marginal" e se estabelecendo como
investimento lucrativo.
Para se ter uma ideia, uma
pesquisa do IBOPE feita ano passado revelou que de um universo de 15.414
entrevistados em 727 municípios brasileiros, 75% admitiram consumir no comércio
informal. O restante ficou entre de vez em quando e raramente. O levantamento
foi encomendado pela Federação Nacional da Indústria (FNI).
De acordo com os economistas,
o percentual de brasileiros/consumidores desse mercado é alto e o motivo não é
outro senão os preços reduzidos e a variedade de produtos. A verdade é que ele
já representa uma gorda fatia na economia nacional.
A ideia de investir no
próprio negócio é o outro lado da moeda e a mola mestra deste setor, que vai de
uma simples barraquinha de batata frita, cachorro quente e água de coco a um
bem montado restaurante popular, responsável pela abertura de mais dois, três e
até mesmo de redes de alimentação. Tudo iniciado a partir do sonho de um
empreendedor individual. Histórias de crescimento a partir do
microempreendedorismo não faltam e funcionam como motivação para que muita
gente busque dar o primeiro passo para abrir o próprio negócio. Dentro desse
contexto o comércio informal deixou de ser visto como um braço da pirataria e
passou a ocupar um espaço capaz de motivar até linhas de crédito criadas
especificamente para o pequeno empreendedor. Para os bancos, os informais
representam uma clientela lucrativa.
AFAP E OS INVESTIMENTOS
Dados do SEBRAE no Amapá dão
conta de que algo em torno de 10 mil empreendedores individuais estão no
mercado. Em um primeiro balancete a Agência de Fomento do Amapá disse ter
investido nada menos que R$ 4 milhões de financiamentos somente no primeiro
semestre de 2015. Desse total, 78,29% corresponde a microcrédito e 21,71% a
crédito consignado. Fazem parte deste montante o empreendedor informal e até
mesmo o funcionário público, além dos grandes empresários e organizações de
classe.
Em números exatos a Agência
de Fomento do Amapá (AFAP) chegou nestes primeiros seis meses a R$ 4.787.709,63
em investimentos no mercado de crédito. R$ 3.248.315,10 vieram de recursos da
Agência e do Fundo de Apoio ao Microempreendedor e ao Desenvolvimento do
Artesanato do Amapá, o FUNDMICRO. Outros R$ 1.539.394,53 vieram do Fundo de
Desenvolvimento Rural do Amapá (FRAP). De janeiro a junho foram feitas 710
operações de crédito.
De acordo com o presidente
da AFAP, Francisco de Assis, os números revelam
que boa parte da
movimentação está voltada para o microcrédito, que hoje seria a razão de
existência da Agência. Na avaliação de Assis, a AFAP focou nos empreendedores
populares sabendo da dificuldade de acesso ao crédito dos bancos tradicionais.
O presidente também disse que devido ao volume de procura a agência está se
voltando para o empreendedorismo, que tem crescido muito no Amapá. Um dos
atrativos para o setor é a diminuição da taxa de juros do programa Amapá
Solidário (AMASOL), que de 2,5% foi para 2% ao mês. O programa foi criado para
empreendedores formais e informais com teto de financiamento que varia de R$
100 a R$ 6 mil. A AFAP também aumentou o prazo de pagamento, de nove meses para
15 meses para capital de giro e de 14 para 18 meses em investimento fixo e
misto.
O universo de negócios com o
valor adquirido é inúmero, mas o comércio de alimentos lidera a intenção dos
empreendedores individuais, segundo eles, por ser uma necessidade diária. A
partir daí, os recursos são geralmente aplicados em pequenas mercearias,
frutarias, vendas de comida típica e, até mesmo, pequenos restaurantes. Tudo
começa com um sonho, como dizem os empreendedores. O papel da Agência de
Fomento é tornar este sonho uma realidade e para muita gente tem dado certo.
Para as festividades de São
Tiago, 15 cheques foram entregues a empreendedores que vão trabalhar com a
venda de comida, bebida e outros produtos em Mazagão Velho. O evento começou no
último dia 13 e só termina dia 28. A expectativa dos comerciantes é das
melhores. O valor dos financiamentos varia de com a necessidade de cada
empreendedor, alguns chegaram perto dos R$ 2.500.
Mas o leque de
financiamentos não para por aí. Os pescadores artesanais também estão inseridos
nas linhas de crédito para empreendedores. Quatro embarcações foram entregues
este mês no Terminal Pesqueiro do município de Santana. Foram dois barcos com
capacidade para três e cinco toneladas e outras duas de 12 toneladas. Neste
caso os financiamentos chegaram a R$ 295 mil. Com as embarcações financiadas os
pescadores disseram que terão mais produtividade.
Para o presidente da AFAP,
esse tipo de financiamento é uma rede de possibilidades, que ajuda desde as
pessoas que trabalharam na confecção do barco, até as que vão estar no dia a
dia da atividade pesqueira.
O custeio vem do Fundo Rural
do Amapá, o FRAP, gerenciado pela Agência de Fomento. Só no primeiro semestre
do ano, a agência entregou 16 barcos de pequeno e médio porte para pescadores
de vários municípios.
O AMAPÁ EM NÚMEROS
O Amapá representa somente
0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, mas surpreende quando o assunto é
renda dos trabalhadores. O Estado tem a terceira melhor média de salários do
Brasil, com R$ 2.612,98, o que o coloca à frente até de São Paulo, que
representa 32,6% de toda a riqueza do País. Fica também atrás do Distrito
Federal e Rio de Janeiro. Em comparação a São Paulo, o ganho do amapaense
chegou a ser R$ 63 a mais há dois anos (2013), de acordo com Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS).
O mistério de uma posição
tão privilegiada tendo do outro lado uma economia pouco representativa, tem, na
opinião dos economistas, vários motivos. Para eles, é provável que a força de
trabalho com remuneração mais baixa no Estado não faça parte da estatística
divulgada. Nas regiões Norte e Nordeste a estimativa é que mais de dois terços
dos trabalhadores recebam até dois salários mínimos, com boa parte deles no
mercado informal.
De acordo com o mais recente
levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2012,
a taxa de informalidade na faixa etária superior a 16 anos na Região Norte
chegava a 63%. Já no Sudeste não chegava à metade do percentual ficando com
33,9%.
Outra explicação é a
representatividade acentuada do funcionalismo público. Quase metade (48,7%) do
PIB estadual vem da administração pública, principal atividade econômica do
Amapá, de acordo com o IBGE. Em seguida está o comércio, com 13,6%. Então, a
proporção de cargos mais bem remunerados do que no setor privado ajuda a inflar
a média salarial do Estado, que tem sua economia representada em 85% pela área
de serviços. Depois vêm atividades ligadas à agricultura, pecuária e extração
mineral, consideradas importantes fontes de renda, mas em menor proporção.
Por fim, vem o avanço
expressivo da economia amapaense. O PIB do Estado cresceu bem acima da média
nacional, isso já em 2011, segundo os últimos dados do IBGE. A soma das
riquezas no Estado aumentou 4,9%, enquanto a do País ficou em 2,9% no mesmo
período.
A verdade é que o amapaense
vem desenhando aos poucos uma nova realidade econômica que tem na independência
financeira o principal foco. Idealizar um sonho e colocá-lo em prática é regra
usual que já começa na adolescência com os jovens empreendedores. Daí, para
buscar os meios que transforme o sonho em realidade é um passo. A afirmativa é
confirmada pelos números da Agência de Fomento do Amapá, que declarou ter no
empreendedor individual e micro empreendedor, sua principal linha de ações que
envolve a facilitação para o acesso ao crédito. Num Estado de economia frágil,
a coragem de criar, acreditar e investir tem começado a fazer a diferença.
Microempreendedores financiados pela AFAP
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