Saneamento de Macapá
Esgotos
a céu aberto, e de quem é a culpa...
O
esgoto a céu aberto polui os mananciais e contamina os poços. Pior é que nem
sempre a solução cai do céu. Parece ironia, mas tudo isso acontece numa
capital, na beira do maior rio do mundo: o Amazonas, um mar de água doce. (Matéria do Jornal Nacional)
Reinaldo Coelho
Da Editoria
Da Editoria
O acesso à água potável e ao
saneamento básico foi reconhecido como direito do ser humano pela Organização
das Nações Unidas. A resolução declara que “o direito a uma água potável, limpa
e de qualidade e a instalações sanitárias é um direito humano, indispensável
para gozar plenamente do direito à vida”. No entanto, 884 milhões de pessoas no
mundo não têm acesso a água potável e mais de 2,6 bilhões não dispõem de
instalações sanitárias adequadas.
A imagem de crianças
brincando em meio aos esgotos e lixo a céu aberto é tocante aos olhos de
qualquer um. A carência de rede de distribuição de água potável associada à
deficiência do tratamento de esgoto cria um ambiente propício ao
desenvolvimento de doenças.
O mais surpreendente do
esgoto é a sua capacidade de atingir todos os níveis da sociedade. A imagem de
comunidades carentes sofrendo com uma vala de esgoto a céu aberto próximo as
suas residências é uma visão micro da real situação. Na realidade, a cadeia de
impactos é bem mais complexa: os esgotos lançados a céu aberto seguem para os
corpos hídricos que, por sua vez, alimentam os reservatórios de onde é retirada
a água que vai ser distribuída para toda a população.
É utilizado as manilhas de escoamento pluvial para
escoamento da água do esgoto doméstico
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Impactos
imediatos: Os mais carentes
De acordo com IBGE, no
Brasil, 11% dos domicílios têm esgoto a céu aberto no entorno da residência. Geralmente
os bairros mais carentes, localizado nas periferias das cidades são os mais
afetados, muitos, por falta de possibilidades financeiras, ou mesmo por
desconhecimento, convive com esta triste realidade, e até mesmo acentuam o
problema despejando seus dejetos e depositando lixo diretamente em rios e
córregos.
Parte dessa realidade está
com os moradores dos bairros periféricos de Macapá, que convivem diariamente
com este tipo de problema. Como é o caso do autônomo Manoel Luiz Cardoso, de 41
anos. Ele relata que próximo à sua residência há um esgoto a céu aberto.
“Meu filho adora brincar na
rua e, um dia desses, caiu dentro do esgoto. Ele teve febre e muitas dores no
corpo, felizmente, não foi preciso levá-lo ao hospital, pois os sintomas logo
passaram... Imagina se isso tivesse acontecido num momento em que não tivesse
ninguém por perto, poderia ter acontecido uma verdadeira tragédia, sem falar,
nos perigos constantes de sermos contaminados, mesmo sem contato direto.
Sabemos que temos que cuidar da nossa casa, da nossa rua, enfim do nosso
bairro, mas tem coisas que cabem as autoridades competentes, e saneamento
básico, como o próprio nome diz, é o básico para uma sociedade”, conclui.
Responsabilidade
é do município
Todos concordam que se fazem
necessárias ações práticas e urgentes para que se resolva este sério problema,
ao invés de se investir em tratamento das doenças e dos sintomas desta chaga,
deve-se sim investir em estrutura, em condições básicas e educação de
qualidade, agindo diretamente na sua causa.
Nas habitações da beirada do
rio, os dejetos humanos escorrem direto para a margem encoberta pelo matagal de
verão. Nos locais mais altos, assim como em bairros de classe média, os restos
domésticos vão para as fossas. Os lotes são reduzidos, alguns com menos de 10
metros de frente por 5 metros de fundo. Mal cabem as casas simples, ladeadas,
em muitos casos, por poços de água, do tipo amazonas, cavados a poucos passos
das fossas.
Esta situação de esgotos a
céu aberto vem de longa data na cidade. É absurdo vermos ruas e mais ruas com a
falta de saneamento. Parece que a cidade ficou parada no tempo. Esperamos que a
Secretaria do Meio Ambiente juntamente com a Secretaria de Obras e o prefeito Clécio
Luís agilizem a solução em nossa cidade. As pessoas estão cansadas de esperar
pela boa vontade do poder público.
Reclamações
dos macapaenses
“É uma vergonha, na minha
rua três casas em um lote só soltam esgoto na rua sem fossa, sai tudo inteiro,
o cheiro é horrível. Eu, quando fiz minha casa, tive que fazer tudo dentro da
lei, porque os outros não fazem o mesmo? Cadê a fiscalização?”, reclama Dona
Edeneir Pessoa, do Infraero II.
Os moradores da Sétima
Avenida, do Bairro Pedrinhas, Zona Sul de Macapá, dizem conviver com um esgoto
a céu aberto há 15 anos. Segundo o autônomo João Damasceno, de 53 anos, a vala
é a principal causa de doenças como malária e dengue.
“Isso aqui [esgoto] está
horrível. Fede muito. A rua toda é tomada por essa vala e nossas crianças não
podem mais sair para brincar porque correm risco de ficarem doentes. São os
próprios moradores que capinam todo o mato, do contrário, piora ainda mais a
situação”, reclamou o morador. (reportagem da G1)
Residenciais
lançam esgotos
A maioria dos bairros de
Macapá sofre grandes problemas com vários esgotos a céu aberto em várias ruas
da cidade. É comum perceber uma fedentina enorme nessas ruas por conta dos resíduos
de água de uso doméstico que são jogados e ficam expostas nas ruas e calçadas
de nossa cidade. E quem sofre é a população, isso é fruto do mau uso do
dinheiro público. O atual prefeito Clécio Luís disse, em um comício no período
eleitoral, que iria resolver da melhor maneira possível, mas parece que esqueceu
a promessa.
Como não bastasse o descaso
da prefeitura agora os moradores do Bairro Ypê convivem com o mau cheiro da
caixa de esgoto que há muito tempo esta correndo a céu aberto no Conjunto
Habitacional Oscar Santos.
Os moradores estão
revoltados e pediram para a nossa equipe ir até o local. “Isso é uma m... não
aguentamos mais esse prefeito que ai está. Todo dia acontece algo de ruim em Macapá”,
disse o morador revoltado com a situação.
No Conjunto Habitacional
Cidade Macapaba, na Zona Norte de Macapá, por denúncias de moradores, tem esgoto
correndo a céu aberto, proveniente de um bloco de apartamentos do núcleo
habitacional. Conversando com os moradores foi dito que diversas casa ali
localizadas não tem rede de água e que a rede de iluminação pública é precária
tornando perigoso o deslocamento para trabalho e estudo dos moradores no
período noturno. Também muito lixo jogado nas cercanias do núcleo habitacional
e a lixeira ali existente não são suficientes para todo o lixo produzindo pelos
moradores, e por ser aberta e baixa fica acessível aos animais que por ali
vivem e que na mesma procuram alimentos abrindo os sacos plásticos, ficando o
lixo espalhado ao entorno da lixeira.
Vergonha
Nacional
Na edição do dia 30/11/2013,
do Jornal Nacional, Macapá foi apresentada ao mundo como a pior cidade com
saneamento básico, e o que é pior – uma capital, que tem o maior rio do mundo
banhando sua orla, o Rio Amazonas. (http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/11/mais-de-90-da-populacao-de-macapa-nao-tem-acesso-rede-de-esgoto.html)
O incrível foi a
participação do prefeito de Macapá, Clécio Luís que não soube informar ao certo
a extensão da rede de água e esgoto do município. Os únicos dados disponíveis
são da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministério das Cidades.
E os números são assustadores. De cada 100 pessoas que vivem aqui, 94 não têm
esgoto tratado, jogam tudo em fossas ou diretamente nos rios e igarapés. De
cada 100 moradores, 60 não têm água encanada. Percentuais que colocam Macapá na
última posição entre as capitais brasileiras no quesito saneamento básico.
“É uma vergonha estar na
capital do Estado, às margens da foz do Rio Amazonas, não é qualquer parte do
Amazonas, e ter esses indicadores. Mas o pior ainda é a falta de esgotamento
sanitário que polui esse rio”, declarou na época, o prefeito de Macapá.
O gestor alegou que para
fornecer os quatro mil litros que a cidade consome, por segundo, precisa da
ajuda do Estado, que é responsável pela CAESA, a Companhia de Saneamento. O então
governador, Camilo Capiberibe, por sua vez, disse que, nas últimas três
décadas, somente uma adutora foi construída (Inclui-se aqui os dois governos de
seu pai João Alberto Capiberibe). E mostrou as obras que deveriam abastecer 80%
dos consumidores.
“Nós estamos trabalhando
para dobrar o fornecimento de água tratada até o final de 2014 aqui na capital
Macapá”, prometeu Camilo Capiberibe. Estamos em julho de 2015 e a estatal esta
se virando para cumprir as metas. (veja a matéria de capa da edição 462 do
Tribuna Amapaense) http://tribunaamapaense.blogspot.com.br/
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