Uso de quimioterapia não
beneficia doentes terminais
O
que deve ser feito ao receber o diagnóstico de um câncer em estágio avançado,
com um prazo de poucos meses de vida?
Após
a notícia, os pacientes se questionam se devem largar tudo e viver aventuras
que não tiveram coragem antes. Ou se devem se submeter a um tratamento contra a
doença, na tentativa de ganhar mais tempo. Atualmente, os protocolos das
sociedades de oncologia determinam que a quimioterapia não deve ser utilizada
em doentes que estão em estado gravíssimo. O tratamento, contudo, ainda é
indicado pelos médicos como uma estratégia para melhorar as condições do doente
'mais forte' até os últimos dias. Agora, uma nova pesquisa, publicada na última
edição da revista científica JAMA Oncology, avaliou o impacto da terapia
na qualidade de vida dos pacientes com câncer grave.
Para
o estudo, os pesquisadores do Hospital Presbiteriano de Nova York, nos Estados
Unidos, examinaram a associação entre o uso de quimioterapia e a qualidade de
vida nos pacientes com prognóstico ruim. Para isso, eles consideraram a rotina
dos doentes: se conseguiam fazer acompanhamento ambulatorial, trabalhar,
realizar atividades cotidianas e lidar com os cuidados pessoais. No total, 312
pacientes com câncer metastático progressivo foram acompanhados, sendo que
metade optou por utilizar quimioterapia no fim da vida. A maioria deles era
homem, com idade média de 59 anos.
Segundo
os resultados, a quimioterapia não foi associada a uma melhor qualidade de vida
em pacientes próximos à morte e que tinham habilidades baixa a moderada de
cumprir as funções. Os achados mostraram ainda que o medicamento piorou a
qualidade de vida de doentes que ainda tinham uma boa capacidade de desempenhar
as atividades. Ou seja, além de não beneficiar pacientes independentemente do
estado de saúde no fim da vida, a quimioterapia parece ser danosa para
pacientes ‘mais fortes', com uma boa capacidade de realizar atividades do cotidiano.
"Os protocolos de oncologia sobre o tratamento de doentes terminais devem
ser revisados para reconhecer o potencial danoso que a quimioterapia pode ter
em pacientes com câncer progressivo metastático", concluíram os autores. (VEJA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário