Estudo sobre câncer se torna
esperança para crianças com autismo
Pesquisa
era sobre potencial tratamento oncológico, mas, de forma incidental, levou
cientistas a resultados promissores para pacientes que sofrem de transtornos neuropsiquiátricos.
Um
achado incidental em uma pesquisa relacionada ao câncer se transformou em
esperança para as famílias de autistas. Em curso há três anos no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre (HCPA), o estudo – inicialmente destinado a avaliar
uma nova e potencial estratégia de tratamento oncológico – levou os cientistas
a tomarem o caminho de outras áreas da medicina, alcançando resultados
surpreendentes e promissores para pacientes que sofrem com transtornos
neuropsiquiátricos de desenvolvimento.
Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia, e
Rafael Roesler, responsável pelo Laboratório de Pesquisas em Câncer,
investigavam os efeitos de uma substância – relacionada à produção de secreção
ácida no estômago – capaz de inibir o crescimento de tumores. No curso dos
experimentos, perceberam efeitos em processos que envolvem comportamento social
e memória de experiências afetivas.
A
partir desta etapa, os pesquisadores rumaram para a neuropsiquiatria e a
análise do cérebro, contando com Rudimar Riesgo, chefe da Unidade de
Neuropediatria. No total, 23 pacientes já foram testados.
O
autista costuma apresentar dificuldades de comunicação e interação social,
estereotipias (movimentos repetitivos, como a agitação das mãos) e repertório
restrito de interesses. A condição provoca intenso sofrimento e esgotamento
físico e emocional de pais e demais cuidadores, que dispõem de apenas dois
medicamentos específicos para tratar do autismo – a risperidona e o
aripiprazol, atenuantes da irritabilidade.
As
crianças selecionadas, com autismo de graus moderado e grave, receberam a
proteína GRP em doses injetáveis durante quatro dias. O efeito da substância se
prolongou por até duas semanas. Nesse período, os cientistas verificaram grande
melhora na interação social, na comunicação, na irritabilidade e na
hiperatividade.
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