"Carnaval Equinocial"
Carnaval no Amapá pode ocorrer em
setembro em 2017
Carnaval no Amapá pode ocorrer em setembro em 2017 |
Carnaval fora de época:
Uma inovação a ser considerada
Reinaldo
Coelho
Mudanças, sempre atraem resistência, porém elas muitas vezes
se fazem necessárias, pois mudar não descaracterizar, principalmente quando ela
é inserida nos costumes da comunidade.
O mundo de nossos dias vive constantes mudanças, com as quais
todos têm que conviver e às quais devemos nos adaptar, sejamos governos,
empresas ou pessoas. São mudanças econômicas, sociais e culturais, a demandar
ajustes e adaptações, que devem ser feitos muitas vezes sem tempo para a
recomendável maturação.
Um eterno imbróglio vivido no Amapá é as execuções das
diversas manifestações culturais, tais como Carnaval, Marabaixo e Festas
Juninas que dependem 90% do patrocínio do Poder Público que também arca com a
estrutura física e da participação das instituições de segurança pública, ou
seja, é um investimento altíssimo e que realmente beneficia milhares de pessoas
que apreciam esses eventos e o pequeno empreendedor que tem nele um aumento na
sua renda.
Pensando nisso ao assumir a presidência da entidade maior do
Carnaval amapaense, a Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesap), o advogado e
carnavalesco Vicente Cruz, apresentou em agosto de 2016 um Plano de Negócios do
Projeto de Carnaval 2017.
Presidente da Liesap, Vicente Cruz |
O presidente da Liesap, disse na ocasião que o Plano de
Negócios foi elaborado com a previsão de um orçamento aproximado de R$ 5
milhões, ressaltando que em 2015, último ano que o carnaval foi realizado no
Amapá foi gerado em torno de R$ 17 milhões para a economia local. A ideia
central do projeto é buscar parcerias para investimentos no evento.
Segundo a Liesap, esta seria a primeira vez que os
carnavalescos buscam parceria com empresários neste novo modelo, fazendo a
apresentação para dar continuidade ao processo de viabilização do próximo
carnaval, que já conta com compromissos firmados.
Sem recursos imediato
do plano
Com a perspectiva de não conseguir recursos privados surgiu
uma ideia inovado a transferência do desfile para outro mês. Uma proposta da
Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesap) seria que desfile das escolas de samba neste ano pudesse
ser realizado no mês de Setembro durante a programação do Equinócio da Primavera
e não mais no mês de fevereiro, o que acontece tradicionalmente no estado. Sobretudo,
por movimentar a cidade de Macapá, fortalecendo o turismo, a geração de
empregos temporários e a economia, além de atrair milhares de pessoas para as
festividades que acontecem em vários pontos da cidade.
Realizar um evento temporão, a exemplo do que já ocorre em
cidades do Rio Grande do Sul como Uruguaiana, Livramento, Guaíba e em Porto
Alegre, depois do período de férias e também após a data do Carnaval
propriamente, é uma tentativa da Liga Independente das Escolas de Samba de
Porto Alegre (Liespa) de atrair maior público para o Sambódromo e também
projetar o evento entre as ações voltadas para o turismo.
Por tratar-se de uma decisão de caráter experimental, pensada
para o Carnaval de 2017, passado o evento, uma nova consulta será realizada
para avaliar o modelo. Caso não seja bem aceito, a data tradicional seja
mantida.
Essa é o posicionamento do presidente da entidade amapaense,
Vicente Cruz, além de que a proposição se deve por conta da crise no Estado e
por algumas escolas de samba ainda não terem iniciado a execução de seus
projetos artísticos.
Destaque-se também que a proposta ainda não está deliberada,
pois ela está sendo debatida com todas as escolas de samba do Amapá. E isso é
acentuado pelo presidente da Liseap
“Se as escolas de samba
disserem que não há condições de desfilarem nos dias 25 e 26 de fevereiro, a
gente pode fazer em setembro, e essa possibilidade é muito grande. Por conta
disso, eu e minha equipe de técnicos temos um projeto formatado para que a
gente desloque a data”,
afirmou.
Para Vicente Cruz é melhor que o desfile aconteça em
setembro, pois seria um mercado novo além de evitar o inverno amazônico
intenso.
“Em setembro teremos a economia
aquecida, facilidade e garantia de financiamento, criaríamos um produto novo no
mercado de eventos além de termos um período não chuvoso e garantia de público.
A gente sempre fazia um carnaval num cenário desfavorável, mas não tinha crise.
Agora temos crise, chuva e a concorrência com o carnaval do Rio de Janeiro”, defende o presidente.
Sobre a opinião contrária do público, o presidente da Liesap
acredita que o novo sempre assusta, mas acredita que no cenário de crise deve
haver inovação.
“Os maiores inovadores,
são as pessoas que já contrariaram certas coisas e os que pensam fora da caixa
sempre encontram resistência, como a de muitos tradicionais, mas se não
experimentarmos, nunca saberemos os resultados”, disse.
Inovação
O presidente da Liesap, Vicente Cruz, informou que caso seja
feita a transferência na data, serão feitos diálogos com patrocinadores,
seguindo o Plano de Negócios do Projeto de Carnaval 2017, feito em agosto de
2016, informou a entidade.
De acordo com a Liga Independente das Escolas de Samba do
Amapá (Liesap), após encontros com os possíveis patrocinadores pelo menos R$
2,5 milhões estariam disponíveis em recursos da iniciativa privada para
realização do desfile oficial do Carnaval 2017 em setembro, em Macapá.
A diretoria da Liesap diz depender apenas de alguns ajustes
para fazer o anúncio da mudança da data da apresentação das agremiações,
prevista inicialmente para ocorrer em fevereiro.
De acordo com o presidente da Liesap, Vicente Cruz, o anúncio
da alteração da data está pendente porque as escolas ainda precisam decidir
quais os eventos podem ser realizados em fevereiro para a festa não passar em
branco. O Festival de Samba Enredo e a Central do Carnaval são as propostas em
pauta.
"Falta apenas
oficializar que não haverá o tradicional desfile em fevereiro. O que a gente
está debatendo agora é se vamos lançar algum produto no carnaval. Eu,
particularmente, defendo apenas o Festival de Samba Enredo".
A Liesap diz que com a transferência do desfile para
setembro, o evento ocorreria nos dias 22 e 23 do mesmo mês, e passaria a ser
chamado "Carnaval Equinocial" em referência ao Festival Equinócio da
Primavera. Caso a proposta seja concretizada, será a primeira vez que as
escolas de samba vão entrar na Avenida Ivaldo Veras em uma data diferente do
carnaval.
Com dinheiro disponível, a proposta teria adesão de oito das
dez escolas que compõem a Liesap, garantiu o presidente. A intenção é até
setembro arrecadar ainda mais recursos sem investimento do governo do Amapá ou
da prefeitura de Macapá.
Uma das alternativas para alavancar a receita das escolas é
reforçar o marketing do desfile das agremiações.
Independência
financeira das escolas
As entidades carnavalescas e suas diretorias já deveriam ter
montado projetos e planejamentos para que se tornassem autônomos, dependendo
somente das estruturas físicas dos governos estadual e municipal. Ou seja,
deveriam ser de fato e de direito, empresas de diversão e lazer, e não ter um
CNPJ somente para prestar conta de recursos “doados”. Serem empresas, atuarem
como empresas e serem administradas como tal.
E já se vão dezenas de anos que as vésperas da data oficial
do carnaval brasileiro e as escolas de samba amapaense ficam aguardando a
manifestação do governo e o valor e a ser repassado. Os dirigentes não criam
programações para atrair recursos durante o ano e ficam esperando a boa vontade
do governante de plantão.
Em 2016 na crista da onda da crise, o governador Waldez Góes
se equilibrando na prancha pequena dos recursos federais e na queda da arrecadação,
não patrocinou o desfile das escolas de samba e este ano ainda não dá para
mexer no cofre público e arcar com o total das despesas.
Porém, destaque-se aqui que o Amapá não fica sem seu
carnaval, pois o desfile das Escolas de Samba é um dos programas na Quadra
Momesca do Estado. Temos os desfiles dos blocos e da Banda, o Maior bloco de
sujos do Norte do Brasil.
Experiências positivas em
outros estados
Diversas capitais e municípios brasileiros, já executam o
Carnaval de fora de época que é um sucesso de público, turistas e de
arrecadação. Vários foram os estilos criados, uma das mais conhecidas são as
Micaretas, como acontece no município amapaense de Ferreira Gomes com o
Carnaguari que atrai todo ano centenas de visitantes e já faz arte do calendário
de eventos do turismo local.
Fortaleza tem seu Fortal há 25 anos. Desde a primeira edição,
em Julho de 1992, de lá para cá, o evento tornou Fortaleza uma grande vitrine
para a revelação de grandes nomes da música brasileira, sempre inovando com grandes
encontros e inovações de estrutura e formato.
Maior Carnaval fora de época do Brasil, a Micareta de Feira
de Santana, Bahia atrai milhares de turistas oriundos dos municípios
circunvizinhos e das mais variadas regiões do país. Os hotéis e pousadas registram
um aumento na demanda em virtude do número de pessoas que vem para a cidade
curtir quatro dias de festa com muita paz, alegria e segurança.
E por que não um Desfiles de escolas de samba fora de época,
é a ideia não será nova e nem pioneira, pois os gaúchos já se anteciparam O
Calendário Oficial do Carnaval de Porto Alegre de 2017 está definido. A
novidade é que, pela primeira vez, o desfile das escolas de samba será fora de
época o anúncio foi feito pela Liga Independente das Escolas de Samba de Porto
Alegre (Liespa), após 60 dias de tratativas e consultas envolvendo o público do
Carnaval. O desfile acontecerá em Março de 2017.
Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, o carnaval acontece
em Dezembro e atrai milhares de turistas nacionais e internacionais e começou
como experimento em 2012 para que fosse uma das sedes da Copa de 2014 e
conseguiu.
O que devemos fazer é discutir a ideia e realizar a
experiência, não deu certo, retoma-se o calendário antigo, deu certo? Alegria
para todos e o povo que se divirta. Vamos sair da Zona de Conforto, vamos
inovar, planejar e trabalhar pelo Amapá.
Carnaval em Números
De acordo com estudos realizados pela Liesap, utilizando
dados da Secult e Setur, na edição de 2015 foram movimentados R$ 17,4 milhões
durante o carnaval. O governo investiu R$ 2,5 milhões e as escolas do grupo
especial geraram R$ 4,9 milhões.
Ao todo foram 20 mil brincantes. Foram 2.500 empregos diretos e 8 mil
indiretos gerados. Cada turista gastou em média R$ 1.500, totalizando, R$ 1, 5
milhão de renda na economia local.
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