União e estados da Amazônia Legal firmam pacto contra criminalidade
Termo de compromisso estabelece o Pacto Federativo de Segurança Pública
e a colaboração e cooperação no Plano Nacional de Segurança.
Foto: Hugo
Barreto
Governador Waldez Góes participou da reunião com o
presidente Temer e assinou o termo de cooperação com a União
Da Editoria
O presidente
Michel Temer, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e os nove
governadores dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste assinaram nesta
quarta-feira, 18, no Palácio do Planalto, um termo de compromisso para a
integração, colaboração e cooperação no combate à criminalidade. Entre os
principais pontos estão o enfrentamento do crime organizado e do narcotráfico
transnacional e a redução de homicídios e feminicídios, além da racionalização
do sistema penitenciário.
De acordo
com o governador do Amapá, Waldez Góes, um dos signatários do documento, o
trabalho é imenso. “As causas deste desafio não são de responsabilidade dos que
hoje estão no poder, mas caem em seus braços consequências que desafiam o
presidente, o ministro da Justiça, os governadores, os secretários de
segurança. Nós devemos acreditar na possibilidade de, mobilizados, integrados e
unidos em um bom sistema de inteligência, entender e compreender o Brasil como
um todo, no que diz respeito ao fluxo de drogas que entra no Brasil, pois elas
são responsáveis por 70% a 80% dos crimes que acontecem”, afirmou.
Para ele,
somente a união dos vários entes federativos pode garantir uma política de
enfrentamento ao crime que leve tranquilidade para a sociedade. “Se deixarmos
cada estado cuidar do seu problema, será muito difícil. Porque você controla em
um estado, mas se não houver política nacional, [o problema] vai estourar em
outro. O crime vai migrando e procurando local onde será propício atuar. Tem de
haver um plano que enxergue como um todo e estejamos pactuados, como fizemos,
para contribuir com a execução desta política”, disse o chefe do Executivo
amapaense.
Pela manhã,
Waldez Góes e os outros oito governadores estiveram em reunião fazendo o
nivelamento da posição em relação à crise no sistema penitenciário. Todos
concordaram que a maior causa dos problemas de violência no Brasil estão
relacionados com a questão de drogas e armas clandestinas.
“É muito
claro que os maiores países produtores e exportadores de maconha e cocaína são
os que estão nos limites com o Brasil, e os estados da Amazônia Legal estão
nesta área. O desafio está além do controle do espaço aéreo. É preciso controle
do espaço terrestre, dos rios e dos igarapés, que ligam toda a região
fronteiriça com Paraguai, Peru, Colômbia e Venezuela, compreendendo a Amazônia
e o Centro-Oeste”, disse Góes.
Após a
reunião, os governadores foram ao encontro com o presidente, no qual
reconheceram a validade das medidas emergenciais anunciadas no Plano Nacional
de Segurança Pública. Mas pediram uma atuação mais intensiva da Força Nacional
e das Forças Armadas, especialmente nas áreas de fronteiras com países
produtores de drogas. “A Força Nacional atuaria mais no auxílio à segurança
urbana, na inteligência e no combate ao crime, pois quando se atua no sistema
prisional e nas áreas de circulação e entrada de drogas no país, vai haver um
reflexo nos centros urbanos”, destacou Waldez Góes.
Segundo o
governador, o presidente entendeu que é pertinente a utilização e mobilização
das Forças Armadas para atuar nas fronteiras, em toda essa região. “Isso exige
um planejamento, que passa por aprimorar a inteligência e informação. Hoje, se
tem inteligência no Ministério Público, nas Justiças Estadual e Federal, na PM,
na Polícia Civil, no sistema penitenciário, no Ministério da Justiça, no
Exército e é importante que haja integração e a cooperação das ações destes
órgãos, como prevê o plano”, destacou, lembrando que o ministro Alexandre de
Moraes disse que uma das primeiras providências será instalar os centros de
inteligência integrados para desenvolver o plano.
O governador
do Amapá destaca ainda outra necessidade urgente a ser contemplada: a de gerar
atividades econômicas nos estados. “O plano passa por medidas emergenciais já
citadas, por um sistema de policiamento e patrulhamento mais ostensivo, mas
também terá de contemplar um plano de desenvolvimento econômico. Porque, quando
se intervém nessas áreas que possuem relações econômicas ilegais, é preciso
oferecer alternativas a um número significativo de pessoas da sociedade que são
atraídas por estas organizações criminosas”, lembrou. “Se de um lado há a ação
mais ostensiva, de outro é preciso gerar alternativas para quem está em
sociedade e no sistema prisional”, destacou.
O consenso
entre os governadores foi celebrado por Waldez Góes. “Saímos com uma posição
unificada. O Brasil todo está nesta luta. Os governadores destes nove estados
assinaram o compromisso de construir junto com o Governo Federal as ações que
nos unem, respeitando as diferentes aplicações, já que os acessos e as relações
transfronteiriças são diferentes e isso muda os aspectos. Vai ser dada a cada
estado a oportunidade de se manifestar”, lembrou.
Embora o
Amapá ainda não enfrente problemas graves como os vividos em presídios do
Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte, o governador Waldez acredita que é
preciso enfrentar as situações que desgastam o sistema prisional no estado. “O
Amapá tem problemas de superlotação e de custeio, pois a conta do sistema acaba
ficando só para os estados. Temos também problemas com a mão de obra, porque
com as limitações orçamentárias, por conta da crise econômica, nos deixaram
alguns anos sem concursos públicos. Todos no sistema penitenciário têm nível
superior e muitos acabam migrando para outras carreiras. Então, são problemas
que precisam ser enfrentados”, pontuou.
Dois dias de
trabalho
A reunião no
Planalto foi o fechamento de dois dias de intensos trabalhos, iniciados
terça-feira, 18, com a presença de todos os secretários de Justiça e Segurança
Pública do País, que determinou a divisão dos acordos por áreas, com prioridade
para os nove estados - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Rondônia, Roraima, Tocantins e Pará. Deste primeiro encontro participou o
secretário de Justiça e Segurança Pública do Amapá, Ericláudio Alencar.
Segundo ele,
já no primeiro encontro, o tema financiamento da segurança surgiu com força.
“Não basta apenas construir presídios, pois isso só onerará os estados. É
preciso uma fonte de financiamento e é necessário fechar as fronteiras e cortar
a fonte de irrigação de dinheiro do crime organizado. Os secretários de
Segurança e de Justiça têm a certeza de que, se tivermos recursos e apoio das
Forças Armadas nas fronteiras, temos total condição de fazer a segurança dos
estados”, completou.
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