TJAP
Justiça do Amapá promove reunião sobre o sistema penitenciário local
O encontro reuniu magistrados que atuam na esfera penal, representantes
do Ministério Público Estadual, OAB/AP, Secretaria de Segurança Pública,
Defensoria Pública, Polícia Militar e IAPEN.
A reunião atendeu à solicitação da presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministra Carmem Lúcia, que no último encontro realizado com os
membros dos Tribunais de Justiça dos Estados, indicou algumas diretrizes a
serem trabalhadas acerca das causas que levam à eclosão de possíveis conflitos
nas penitenciárias, e suas devidas soluções.
De acordo com o juiz auxiliar da presidência do TJAP, João Matos Júnior,
que esteve presente na última reunião com a ministra do STF representando o TJAP,
o foco da reunião é traçar um diagnóstico preciso da principal instituição
penal do Amapá, o IAPEN, especialmente no que tange os serviços prestados pela
Justiça Estadual.
“A ministra foi bem clara ao falar que o Poder Judiciário, neste momento
gravoso que vive o sistema carcerário nacional, tem o papel fundamental de
assegurar o processamento a tempo e modo das execuções penais, referentes aos
benefícios, progressões e mudanças de regimes. Ela recomendou também que os
juízes criminais priorizem o julgamento dos processos de presos provisórios”,
explicou.
A juíza da Vara de Execuções Penais, Fabiana da Silva Oliveira, relatou
que em relação ao atendimento da administração do IAPEN dispensado à Justiça,
não há o que reclamar. Mas quando o assunto trata da estrutura física do
complexo penitenciário e dos programas de ressocialização dos reeducandos, o
quadro é preocupante.
“Muitas atividades são difíceis de serem realizadas. Por exemplo, o
trabalho externo dos presos que cumprem pena no semiaberto e os procedimentos
administrativos disciplinares são as reclamações mais recorrentes”.
A magistrada enfatizou que a superlotação no IAPEN é um problema que se
arrasta tem anos, e não será resolvido a curto prazo.
“Imaginem uma cela pequena, insalubre, que cabe apenas 10 presos, com 50
dentro. Não tenha dúvida que ali vai começar uma ‘guerra’ entre os internos que
pode resultar em mais crimes e, consequentemente, violência dentro da
penitenciária”.
Para a presidente do TJAP, desembargadora Sueli Pini, o pernicioso ócio,
o uso e comércio interno das drogas, a corrupção, a falta de assistência à
saúde, inclusive a mental, são sem dúvida parte da causa da falência do modelo
carcerário brasileiro.
A magistrada ressaltou que o Judiciário tem ciência de que há sim
superlotação no Iapen. Mas ela pondera, ao dizer, que não tem como evitar que
pessoas façam a opção por cometer crimes, e que uma vez cometidos tenham que
pagar por eles.
“A criminalidade aumentou assustadoramente em todo país, e no Amapá, a
situação lamentávelmente não é diferente. Temos milhares de pessoas presas e
muitos milhares de mandados de prisão a serem cumpridos e como a estrutura
carcerária não cresceu na mesma proporção por ineficiência dos gestores
públicos, não temos onde colocar esses presos. Temos algumas alternativas, a
médio prazo, para tentar solucionar esse problema. A primeira, será melhorar o
sistema de vagas com a construção de mais presídios, e a segunda, é a
implantação de um novo modelo de cárcere e de segurança prisional que já está
sendo avaliado”.
A presidente do TJAP concluiu: “temos sim luz no fim do túnel. Só
precisamos fazer o trabalho para mudar essa situação, e é isso que temos que
extrair destes importantes encontros com os órgãos participantes, que de forma
direta ou indiretamente, atuam na segurança pública do Amapá”.
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