CRECHE E EDUCAÇÃO
INFANTIL
Clécio cumpra a
Constituição Federal
“A educação
infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que deferida às
crianças, a estas asseguram, para efeito de seu desenvolvimento integral e como
primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o
acesso à pré-escola”. (CF, art. 208, IV)
Reinaldo Coelho
O desempenho do prefeito Clécio Luís (REDE)
foi cercado de expectativas na área de educação, por ser da carreira do
magistério. Com o plano ousado de zerar a fila de espera por vagas nas creches
e construir 10 unidades já em sua primeira gestão, um dos principais gargalos
de Macapá, começou a obra de uma única unidade no Bairro Cuba de Asfalto l e de
outra no Distrito de Fazendinha, que estão inconclusas. Em março de 2014 a
administração municipal recebeu um repasse de R$ 11 milhões para a construção
de 12 creches. Nenhuma foi entregue.
E com o reinício das aulas na rede municipal,
Macapá, com uma população de 456 mil habitantes, tem apenas 1.381 vagas em
creches. Destas vagas, 91% são da rede privada, mostram dados do Censo da
Educação Básica divulgados em 2016 pelo Instituto Nacional de Estudos Anísio
Teixeira, do Ministério da Educação (MEC).
A capital ainda apresenta dados mínimos de
vagas em creches públicas, segundo a Secretaria Municipal de Educação (SEMED).
A capital possui 18 escolas de educação infantil, sendo que duas delas atendem
na modalidade creche crianças de 3 anos com aulas em dois turnos. E a bandeira
da campanha de reeleição do atual gestor reeleito foi a construção de pelo
menos de mais dez novos prédios. Três foram iniciadas e até o momento, nenhuma
foi entregue.
Creches prontas
Têm duas creches prontas há mais de um ano na
Zona Norte de Macapá, que podem ser usadas como escolas de ensino infantil,
ainda estão sem previsão de abertura. Os prédios são de responsabilidade do
governo do Estado, e a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) informou que
aguarda o repasse da gestão para iniciar o processo de funcionamento das
instituições.
As creches estão localizadas nos bairros Novo
Horizonte e Renascer, e a gestão da educação infantil é feita pela prefeitura
da capital, mas os prédios foram construídos com dinheiro federal através de um
convênio com o governo estadual, que precisa assinar um termo para ceder os
prédios ao município.
Em 2012 o então candidato do PSol prometeu em
seu programa de governo construir 10 unidades de educação infantil (creches e
pré-escolar). Na campanha de 2016, para a reeleição, voltou aos palanques e
culpou o governo federal e a crise pela paralisação das duas únicas creches
iniciadas em Macapá: ‘Tia Chiquinha’, no Bairro Cuba de Asfalto, na sede do
município, e a ‘Tio Soró’, no Distrito de Fazendinha. A alegação foi que
empenhou e licitou dez creches para o município, no valor de R$ 1,9 milhão,
cada uma, mas sob a alegação da crise o governo federal deixou a liberação dos
recursos para mais adiante.
Enquanto isso, as crianças dessas redondezas
vão ficando na casa de parentes ou em creches mais distantes, alguns pais ainda
precisam pagar para que os filhos possam ficar seguros, sobrando pouco dinheiro
para a manutenção de suas casas, mas o que eles podem fazer se precisa
trabalhar, a única solução é ir dando um jeitinho enquanto a promessa não se
cumpre, e só quem passa por essa situação pode dizer como é difícil, complicado
e ainda preocupante ter que deixar seus filhos em locais que às vezes não oferecem
segurança adequada para os pequenos.
A vendedora Joicileide Paixão, diz que reside
próximo a creche abandonada do Novo Horizonte, e para trabalhar é preciso
deixar seus filhos numa escola que fica um pouco distante de sua casa, enquanto
isso assiste o sucateamento da creche bem de perto.
“Moro aqui perto dessa creche, infelizmente,
a prefeitura não dá atenção para nós aqui no bairro, será que nem com a creche
pronta ele consegue inaugurar? Tenho que andar uma boa distância para deixar
meus filhos na escola, depois de ter uma quase na porta de casa, isso é uma
vergonha!!”, reclamou Joicileide.
A prefeitura justificou na época da campanha eleitoral
de 2016 que iniciou a construção de algumas das creches, como a do bairro Novo
Buritizal e do distrito de Fazendinha, mas paralisou os trabalhos pela
suspensão dos repasses por parte do Governo Federal. A justificativa seria a
crise financeira, e as obras serão retomadas assim que o dinheiro fosse
liberado.
No fim do mês de março, informou que pretende
executar em 2017 pelo menos cinco projetos para a construção de creches na
capital, com o auxílio de recurso federal de aproximadamente R$ 15 milhões, oriundo
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Não foi divulgado o
prazo para início das atividades.
E entre outras promessas o então candidato da
Rede Sustentabilidade está prometendo construir 11 escolas, todas já
empenhadas. Mas pelo que a atual gestão já sinaliza dificilmente as metas serão
cumpridas.
Frustração
Com a esperança de ter onde deixar os filhos
pequenos para poder trabalhar, muitas famílias macapaenses, principalmente dos
bairros periféricos, estavam contando com um anúncio feito pela prefeitura: a
construção de 10 creches, porém nem as que foram iniciadas e as que estão
prontas tem expectativas de serem concluídas este ano.
E tem mais crianças aguardando vaga em todo o
Estado. São mais de 29 mil fora da sala de aula. Como dispõe a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (9.394/96), art. 11, inciso V,
cabe aos Municípios “oferecer a educação
infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental,
permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem
atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos
acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção
e desenvolvimento do ensino”.
É grande a responsabilidade e a importância
do município para a educação infantil e para o ensino fundamental. Prefeito
Clécio, cumpra a Lei, use seu “cacife”, em Brasília, tão proclamado nos
palanques. Essa é a hora, saia do gabinete climatizado e olhe as crianças
macapaenses que precisam de vagas e suas famílias que precisam trabalhar com a
garantia de os filhos estejam protegidos pela sua gestão.
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