quarta-feira, 12 de abril de 2017

DE TUDO UM POUCO






É POSSÍVEL, SIM, QUANDO SE QUER FAZER.

       Sempre à tarde de sábado, após o almoço e da faina matutina do trabalho no campo, deixo-me contagiar por um pouco de programa de televisão, e dentre estes, o programa Caldeirão do Huck, que tornou pública  a estória de um povo que vive nas grimpas da aridez nordestina, chamado Caldeirão, no Estado de Pernambuco.
       O único problema e o mais necessitado bem público de que precisavam os habitantes daquele povoado era, pasmem senhores, falta d’água. Sim, esse precioso líquido da vida, que para nós amazonidas é de fartura, as vezes de excesso de uso ou de uso indevido, mas como tem muito não nos apercebemos de que falta à alguém, neste mundo de Deus.
       E lá, no sertão nordestino os moradores de Caldeirão apegavam-se às preces de invocação, súplica e até de desespero, para que a chuva viesse sem muito tardio. Este drama social está arraigado na sociedade do agreste nordestino, que fica aqui no Brasil de todas as riquezas e, também, de muitas maracutaias. Por que levar água em abundância ao sertão, se é mais popular ao gestor público melhorar a qualidade da água da cidade ? Mesmo que o preço/litro seja exorbitante, o urbano paga e o faz com alegria, por que sabe que a terá ao tempo que desejar.
       E os  sertanejos , senhor Governador e Prefeitos dos Municípios pernambucanos, também não têm o direito de usufruir desse bem público ? Porque a água não chega aos rincões nordestinos, senhores, é por que a burocracia é angustiante, exigente, dura, cruel, ou por que os senhores não vislumbram possibilidades de considera-los cidadãos dignos desse direito ? Os orçamentos não preveem essa atividade ou Vossas Senhorias esqueceram-se de fazer ali constar ? Ou, se porventura o fizeram, por que não executaram ?
       Mas, acima dessa injustiça social que aflige nossos Irmãos nordestinos de Caldeirão, eis que a sociedade organizada, de direito público privado, que são denominadas ONGs, assumiram essa responsabilidade social. O programa da Globo, o Caldeirão do Huck,  abraçou essa causa, foi lá e constatou que aquele povo é também brasileiro e que tem os mesmos direitos dos cidadãos das metrópoles e das cidades. Juntou-se a ONG – Amigos do Bem, que atua há bastante tempo nas cercanias nordestinas, distribuindo àquelas pessoas um relativo conforto material, social, de saúde e, porque não dizer, de amor e respeito à dignidade da pessoa humana, e fizeram, juntos, o que a União, o Estado de Pernambuco e a Prefeitura local, tinham a obrigação de fazer.
       Nunca aquele povo havia visto tanto movimento em Caldeirão. A avidez de seus olhares, turvos e já cansados como o do senhor Pedro da Preta, morador mais antigo do lugar, davam vasão à esperança de ver brotar do chão árido o precioso líquido de que tanto precisavam – a ÁGUA. E ela chegou, conduzida pela cooperação de pessoas anônimas, de profissionais que emprestaram seus conhecimentos, de técnicos que oportunizaram buscar, no subsolo, a mais de 120 m de profundidade, o tão esperado néctar da vida  – ÁGUA.
       Quanta alegria jamais vista num povo esquecido das autoridades constituídas pernambucanas. Quanta esperança, adormecida já muito tempo,  brotava em forma de realidade, alinhavando planos futuros de muita fartura. A brancura da água cobriu o amarelado do solo infértil de Caldeirão, para fazer brotar o verde das hortaliças, das árvores frutíferas, das quimeras mil, e das festas populares guardadas no baú do esquecimento de seus lares.
       O Caldeirão do Huck e a ONG – Amigos do Bem, fizeram a diferença e provaram que é possível, sim, tirar sangue de pedra, quando o SER HUMANO torna-se Humano para servir outros Seres Humanos, devolvendo-lhes o Princípio constitucional incrustado na Constituição Cidadã de 1988 :  “ a cidadania; e a dignidade da pessoa humana ( CF/88, art. 1º, incs. II e III ).


       

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