A responsabilidade é de todos!
Na última edição do Tribuna Amapaense,
trouxemos como matéria de capa "DOB, A Droga do Horror", e a partir
daí vários debates surgiram, em um deles, um colega afirma que "O Estado é
100% culpado pela venda de drogas e pela criminalidade”. Discordei do colega, e
prometi trazer a minha opinião na coluna.
É de conhecimento de todos que o grande fator
para o sucesso do crime organizado é a desigualdade social. O crime atua onde o
estado falta, o que nos dias atuais representa em quase tudo. O Estado ao não
amparar os cidadãos com o mínimo necessário, faz com que alguns, no lugar de
lutarem por seus direitos, busquem alternativas mais fáceis para sobreviver.
Os programas assistenciais do governo federal,
que contemplam famílias de baixa renda com benefícios financeiros por número de
filhos, fazem com que essa parte da população se multiplique mais, se
aproveitando que não há fiscalização por parte do governo para ver se as
crianças, que são os reais detentoras do benefício, estão frequentando
regularmente a escola e se a família está cumprindo sua parte. Infelizmente,
esses programas, embora tenham uma teoria bonita, na prática, é um instrumento
de barganha durante o pleito eleitoral.
São falhos quando premiam os pais que, geralmente,
tiveram filhos não planejados, e ao final do ciclo, quando a criança atinge a
idade para exclusão do programa, a criança, agora adolescente, está sem
qualificação e os seus pais também. Seria interessante cobrar bem mais que uma
criança na escola, os pais também deveriam voltar pra sala de aula, a fim de se
qualificar e futuramente parar de depender do benefício. Além de que o governo
deveria buscar parcerias para empregar os beneficiários do programa ou
incentivar, por meio do SEBRAE, o empreendedorismo a essas pessoas. Me chamem
do que quiser, mas sou fiel defensor do controle de natalidade no Brasil., para
que evite este e outros casos. Em outra oportunidade eu defendo.
O responsável pela criança recebendo um
benefício mensalmente, a criança fora da escola, geralmente, e passando o dia
brincando na rua, como se vê em vários bairros de Macapá, facilmente, é
aliciada por criminosos.
Um outro ponto que faz do poder público culpado
é política de repreensão defasada, buscando cada vez mais encarcerar o infrator
e cada vez menos recuperá-lo. A culpa agrava com pagamentos de soldos ruins as
forças policiais, um sistema jurídico burocrático e principalmente pela falta
de assistência básica. Pois a partir do momento que o governo assiste o cidadão
provendo a assistência mínima necessária para sua subsistência, bem como,
fazendo uma política de repreensão e recuperação do dependente e do apenado de
forma eficaz, os índices de criminalidade serão diminuídos. Infelizmente, o
crime organizado já está tão bem articulado, que em todas as esferas do poder
público existem agentes criminosos, o que torna o combate e a prevenção mais
complexa.
Todavia a responsabilidade por isso é
compartilhada, consultei a psicóloga Alessandra Siqueira Mendes, que analisa um
dos principais motivos para que crianças e adolescentes entrem na
criminalidade: "Hoje a maior probabilidade dos filhos se envolverem com
drogas e na criminalidade é a falta de parceria, companheirismo e diálogo entre
pais e filhos. Os pais pela correria do dia a dia esquecem do comprometimento
que tem na vida de seus filhos e o 2quão são responsáveis pela educação dos
mesmos.
A instituição família é falida e os pais acabam
sendo concorrente dos próprios filhos no que diz respeito ao uso da liberdade.
Ou seja, os pais querem viver o que não viverem e esquecem que os filhos ainda
não têm maturidade para lidar com as oportunidades que a vida apresenta e
acabam ficando vulneráveis às ofertas que o mundo externo os apresentam",
informa a psicóloga. Fui adiante e questionei, como o pais devem agir quando
detectam o envolvimento do filho com a criminalidade? Ela me respondeu:
"Devem estar juntos para acompanhar o que realmente está acontecendo e se
mostrar amigos e parceiros , não criticar negativamente".
Nas duas perguntas, podemos observar claramente
que a família presente pode ser um instrumento de prevenção a entrada desse
indivíduo na criminalidade, como também, na sua ausência, pode ser o passaporte
desse indivíduo para criminalidade.
Cabe o grande desafio, como os pais podem
conter o ingresso de seus filhos no mundo da criminalidade quando o estado
falha na prestação de assistência básica? Veremos isso na próxima semana.
Fica o meu enorme agradecimento a Alessandra
Siqueira Mendes, que além de Psicóloga formada pela Universidade da Amazônia é
Perita eventual da Justiça Federal.
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