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Governador prioriza diálogo construtivo com sindicatos na Agenda do Servidor |
Transparência: como dialogar com o servidor, em plena crise?
Agenda do Servidor mostrou que é possível dialogar com o funcionalismo
público, mesmo enfrentando a recessão econômica. E acredite, muitos avanços
foram possíveis.
Janderson Cantanhede
Especial para o TA
Em 2015, quando o governador Waldez Góes,
iniciava o seu terceiro mandato no Executivo estadual, uma das primeiras
iniciativas tomadas foi implantar na administração pública uma agenda de
discussões com o servidor público.
Prudentemente, Waldez estava se antecipando à
crise que batia à porta do país e que, consequentemente, atingiria o Amapá com
toda a força. O objetivo era simples: ouvir as reivindicações do funcionalismo
público, discutir soluções que poderiam ser adotadas, sem esquecer as
limitações econômicas que o Estado enfrentava.
Waldez sabia que paralelo à conversa com os
servidores, precisava buscar em Brasília soluções para o enfrentamento das
frustrações das receitas.
Ainda em 2015, a parcela da receita que os
governos estaduais gastavam com o pagamento de servidores estava no nível mais
alto nos 15 anos de vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo o
Tesouro Nacional. E isso, sem dúvida, preocupava os governadores. Naquele ano,
os governos gastaram, em média, 46,75% de sua receita corrente líquida com a
folha de pessoal. O impacto da retração econômica nas contas estaduais foi
generalizado e não se podia mais fazer muita coisa, a não ser cortar gastos e
otimizar a aplicação dos recursos.
Escalonamento necessário
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Governo fecha rodada de reuniões com avanços para categorias do funcionalismo público |
Com a crise instalada em 2015, o Governo do
Amapá não tardou para sentir seus efeitos. Em março de 2016, precisou anunciar o
escalonamento da folha de pagamento do funcionalismo público estadual. Foi a
partir daí que servidores efetivos, comissionados e federais passaram a receber
em duas datas, sendo 60% pago no último dia do mês, e o restante no dia 10 do
mês subsequente. Apesar das críticas que gritavam “não ao parcelamento”, a
medida passou longe de ser o que a oposição bradava. O Governo do Amapá tem até
o quinto dia útil do mês para pagar o salário dos servidores, porém, sempre
antecipou esse pagamento para o último dia do mês. “Diferente do parcelamento, o escalonamento não implica na divisão do
vencimento básico do servidor, e sim em uma readequação na data de pagamento”,
explicou o secretário de Estado do Planejamento, Antônio Teles Júnior.
Pior nos demais
A medida de escalonamento nos salários
adotada pelo Governo do Amapá foi amena diante do caos enfrentado nos demais
governos do país, atingidos a fundo pela crise.
No Rio Grande do Sul o pagamento dos salários
dos servidores foi parcelado em quatro vezes. Já no Estado de Goiás, o
parcelamento foi de duas vezes. Em Pernambuco o governo alterou a data do
pagamento para a primeira semana do mês seguinte. No Distrito Federal foi
parcelado de três vezes. No Estado do Rio de Janeiro a situação foi uma das
piores. O governo carioca parcelou em sete vezes, o que gerou uma grita danada.
O pagamento das férias e décimo terceiro salário também não escaparam dos
efeitos da crise.
No Amapá, a história foi diferente, pois em
2015 o Governo não precisou escalonar e pagou a primeira parcela do décimo
terceiro antecipadamente. Só foi a partir de 2016 que o Executivo sentiu a
necessidade de escalonar o pagamento de salários e pagou em novembro daquele
ano, de uma só vez, o décimo salário dos servidores.
Repatriação
No segundo semestre do ano passado, o Governo
Federal anunciou a repatriação dos recursos que estavam fora do país. A
iniciativa foi um balão de oxigênio para os governadores que estavam com a
corda no pescoço. A Receita Federal arrecadou R$ 50,9 bilhões em impostos e
multas com a regularização de ativos do exterior. O valor dos ativos
repatriados chegou a R$ 169,940 bilhões.
Foi com a partilha desses valores que os
governadores conseguiram equilibrar, em partes, as contas e pagar as
prioridades. Paralelo a isso, o governador Waldez também precisou fazer cortes
nos cargos comissionados e contratos administrativos, além de diminuir o
custeio da máquina pública. “Fizemos
cortes de maneira responsável e priorizando principalmente a educação e saúde,
onde não se pode mexer muito”, declarou o governador Waldez.
Transparência
A boa vontade em continuar com o diálogo e
manter a transparência levou o governador Waldez a disponibilizar aos
sindicatos as senhas de acesso ao Sistema de Planejamento, Orçamento e Gestão (SIPLAG),
para que pudessem acompanhar as receitas e despesas do Estado.
Foi nesse clima de confiança entre ambas as
partes que o governador Waldez deu encaminhamentos às demandas do
funcionalismo, buscando otimizar a gestão, não esquecendo da qualidade de vida
e da produtividade do servidor, o que acaba resultando no melhor atendimento à
população.
Rodadas
Este ano, as rodadas da Agenda do Servidor
aconteceram no período de 24 a 31 de maio. Foram apresentadas solicitações das
38 categorias que compõem o funcionalismo público estadual. Os encontros
resultaram em avanços consideráveis para diversas categorias, entre eles,
incorporações de gratificações, pagamento de passivos retroativos referentes a
vários benefícios entre gratificações e progressões, revisões de leis, avanços
nas negociações de Planos de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) e adicionais de
insalubridade e periculosidade e estudos para promoções.
A maior novidade foi o anúncio da antecipação
da parcela do 13º salário de 2017 para o sexto mês do ano. Anteriormente, esse
valor era pago no mês de julho.
Retroativos
Com a União Sindical, os representantes das
categorias saíram da mesa com cinco pontos principais. O primeiro é o início da
amortização de R$ 45 milhões dos passivos relativos a progressões e
gratificações salariais desde 2015 para o mês de julho. Na próxima reunião com
a União Sindical, que deve ocorrer em 30 dias, o governador espera já ter em
mãos o cronograma para os pagamentos.
Consignados
Góes explicou que o governo já atualizou os
passivos com o Banco do Brasil e outras instituições que fazem empréstimos
consignados a servidores públicos com desconto em folha. Recentemente foi
fechada a negociação com a Caixa Econômica Federal. “É importante enfatizar que os bancos estabeleceram novas regras para
este tipo de operação de crédito, mas o Estado está quite com as negociações
com os bancos”, ressaltou.
2,84%
O governador também assegurou que na próxima
reunião com a União Sindical apresentará o levantamento, ainda em curso, feito
pela Secretaria de Estado da Administração (SEAD) para estabelecer a forma de
pagamento do acréscimo de 2,84% no salário, referente ao reajuste concedido
pelo Governo do Estado do Amapá (GEA) em 2004.
Incorporações
Da mesma forma, o Executivo também deverá
explicar daqui a 30 dias o cronograma para incorporação de gratificações e
concessão de progressões e promoções reivindicadas pela grande maioria das 24
categorias do funcionalismo estadual do Amapá.
Pagamento integral
Waldez Góes explicou para os diretores
sindicais que pretendia anunciar a previsão para o fim do escalonamento da
folha estadual, contudo, o recente agravamento da crise política nacional (e
seus reflexos no quadro econômico) gerou mais cautela por parte do governo
estadual.
Fundo para Folha de Pagamento
Ele revelou que o Fundo de Estabilização da
Folha de Pagamento já tinha em caixa R$ 120 milhões e estava próximo de atingir
o montante necessário para anunciar o fim do parcelamento da folha. Mas, com a
instabilidade no cenário nacional, a decisão foi priorizar o pagamento da
primeira parcela do 13º salário. Contudo, o governo ainda conta com o repasse
da nova rodada da repatriação de capitais não declarados no exterior, previsto
para o segundo semestre, para chegar ao volume de recursos necessário para
garantir a volta do pagamento integral da folha estadual.
13º salário
Foi também nas reuniões da Agenda do Servidor
que o governador anunciou para 20 de junho o pagamento da primeira parcela
(correspondente a 50%) do 13º salário dos servidores estaduais. A injeção
financeira na economia local será de R$ 71 milhões. Góes explicou que os
recursos são oriundos do Fundo de Estabilização da Folha do Funcionalismo.
“Foi
uma rodada muito proveitosa, tivemos a oportunidade de verificar as
especificidades de cada categoria, pudemos alinhar com os sindicatos de cada
setor e encaminhar todas as reivindicações que ainda dependem de estudos e
levantamentos técnicos. O diálogo continua nos três níveis da Agenda do
Servidor”, avaliou o governador.
Exemplo para outras unidades
A forma transparente e responsável que Waldez
dialoga com o funcionalismo público chegou a ser apresentada durante uma
exposição no Congresso Nacional, durante o IX Congresso CONSAD de Gestão
Pública. Das 27 unidades da Federação, foram selecionados 21 casos de sucesso,
entre eles o do Amapá.
Para Waldez, não há segredos. O trato ético
com a coisa pública, focando sempre no bem-estar da população é a chave para minimizar
os efeitos negativos da crise. Enxergar oportunidades com projetos inovadores e
foco na reinvenção da administração pública não é para qualquer gestor. “O ponto fundamental da Agenda do Servidor
envolve uma forte relação com o funcionário público e o foco é a promoção de
uma discussão constante sobre o serviço prestado, melhorias nas condições de
trabalho e valorização do trabalhador”, explicou. “Somos referência no Brasil quanto ao relacionamento com o servidor
público. O Amapá está desenvolvendo políticas públicas sustentáveis e que
impactam positivamente a vida do cidadão. Fui eleito para tomar conta das
cidades e das pessoas, e isso tem sido meu objetivo principal”, concluiu.
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