Yet Go e Uber: o mal dos taxistas ou alternativa de transporte ao
consumidor?
O uso do aplicativo em si não é ilegal.Já a
atividade de transportar passageiro é que ilegal. Isso porque o ordenamento
jurídico classifica tal atividade como o de serviço público. Ele tem que ser
regulamenta pelos municípios de acordo com a legislação federal em trâmite no
Congresso Nacional
Reinaldo Coelho
– Rogerio salta do carro com um cordial
"bom dia" e abre a porta para mim, ele é um dos motoristas
cadastrados pelaYet Go que acaba de chegar a Macapá –. É um novo estilo de
atendimento a um consumidor acostumado a uma prestação de serviço “bronco”. Mas
para essa empresa de serviços de transporte alternativo via aplicativo sua
atuação no mercado de Macapá, não será fácil como não foi em qualquer cidade do
mundo em que a novidade tecnológica começou a ser utilizada, pois toda mudança
traz crise, dúvidas, desconfiança e novidades.
Esta reportagem vem apresentar elementos e
debates sobre o serviço de táxi e as mudanças ocorridas nesta atividade
econômica com o surgimento dos aplicativos Uber, YetGo, Cabify e POP e o
fornecimento do serviço de transporte privado através de plataformas e
aplicativos em smartfones.
As questões aqui expostas tratam sobre a
regulamentação do serviço de transporte oferecido através de plataforma, a
qualidade na prestação deste tipo de serviço e a livre concorrência com os
taxistas.
De acordo com a assessoria de Yet Go,
procurada pela reportagem a tarifa cobrada é de R$ 1,70 para o carro comum e R$
2,00 para o carro de luxo, a cada quilômetro percorrido. A tarifa base é de
R$3,00. Comparando com a bandeira 1 do táxi comum, ao utilizar o serviço pelo
aplicativo, os usuários têm uma economia de até 40%. Com relação ao táxi de
aeroporto, o aplicativo fica entre 50% e até 70% mais barato, dependendo da
cidade.
O uso do aplicativo em si não é ilegal. Ao
contrário, é mais uma forma de relacionamento entre motorista e passageiro. É
uma inovação tecnológica benéfica. Já a atividade de transportar passageiro é
que ilegal, caso não exercida por permissionários do Estado (taxistas). Isso
porque o ordenamento jurídico classifica tal atividade como o de serviço
público e, portanto, regulado pelo Estado.
É ilegal?
Admitir o Uber,Yet Go ou semelhantes na forma
que as empresas querem, é aceitar a pirataria, a clandestinidade e a
ilegalidade. Seria o mesmo que admitir a pirataria do transporte público de
ônibus, o que ninguém certamente defende. Também não é acertada a ideia de
cartel, pois a tarifa é estabelecida pelo Estado, e não pelos motoristas, o que
reforça ser um serviço público, e não uma atividade econômica qualquer, como
quer a Empresa em questão.
Por fim, é possível a conciliação entre
tecnologia com o serviço prestado pelos taxistas, como o fazem algumas empresas
do setor (easytaxi e 99taxi), as quais respeitam a legislação em vigor.
É bom para o consumidor?
Já debatidos em outras capitais e cidades de
médio porte, essa nova ferramenta tecnológica vem modernizar e facilitar a vida
do usuário do transporte privado, além de beneficiar pessoas que estão
desempregadas neste momento de crise que o país vem enfrentando.
A reportagem argumentou sobre a segurança do
transporte do usuário e a empresa explicou que – “os motoristas são cadastrados, preenchem e apresentam os principais
dados pessoais e documentos do motorista e carro. O roteiro é monitorado via
satélite e tudo fica registrado no histórico do sistema, e no celular do
cliente e motorista”.
A empresa informou que existe uma parceria
firmada com a Movida Aluguel de Carros e com a seguradora Aliança Brasil, que
oferecerá maior segurança, economia e tranquilidade aos motoristas da Yet Go. O
aluguel de um carro terá um preço diferenciado e o seguro para os carros
particulares terão um grande desconto.
Chegou a Macapá
Macapá, foi uma das últimas capitais a
receber essa novidade na região Norte o aplicativo aqui implantado é o Urbe e a
Yet Go, 100% brasileiro e concorrente direito da Uber, a empresa mais conhecida
internacionalmente e que desencadeou um movimento de taxistas em várias cidades
do mundo. No Brasil, houve manifestações em capitais como São Paulo, Rio de
Janeiro e Brasília e em Macapá para que o aplicativo seja proibido.
O argumento dos que são contra o app é que se trata de prática ilegal do
serviço de táxi. A empresa, por sua vez, diz oferecer uma forma diferente de
transporte, que ajuda a diminuir o trânsito e gerar renda para as pessoas.
O mesmo argumento utilizado pela
correspondente nacional Yet Go que oferece valores mais baratos na corrida, com
serviços de carro comum, executivo, mototáxi e motofrete.
Em Macapá, de acordo com a assessoria de
comunicação da empresaYet Go, apesar do pouco tempo de funcionamento, a procura
tem sido grande. O aplicativo já possui quase 1.000 usuários e 300 motoristas
cadastrados.
Protestos dos Taxistas
Mas como em outros centros a classe dos taxistas
amapaenses se mobilizou contra a novidade e chegaram a fechar a Avenida FAB em
frente a sede da Prefeitura de Macapá cobrando do executivo municipal um
posicionamento e o Sindicato dos taxistas alega que o novo serviço ignora a
legislação municipal de Macapá que proíbe tal atividade. O que é verdade.
João Pimentel Pedroso, um dos diretores do
Sindicato dos Taxistas de Macapá, esteve no protesto e conta que o serviço
oferecido pelo aplicativo atrapalha os negócios.
“Enquanto
eles fazem 10 viagens por dia o taxista que paga todos os impostos não faz nem
a metade disso. Por isso nós fizemos a manifestação e vai continuar amanhã
agora com apoio dos companheiros de Santana”, ameaçou o sindicalista.
Porém, a empresa contra argumenta dizendo que
não dá para parar o avanço da tecnologia, seria o mesmo que barrar a TV quando
foi inventada porque ela retirava o público do rádio ou punir o WhatsApp porque
ele interfere na clientela das operadoras de telefonia já que o hábito de se
comunicar muda. Isso também é verdade.
Para os proprietários dos aplicativos no mercado, os taxistas têm que se atualizar, se reinventar como várias profissões ao longo da história. O rever esse sistema ‘de praça’ que loteia um serviço público a uma meia dúzia de privilegiados. O poder público tem que regulamentar, e ouvir o profissional taxista e o consumidor, que é o maior interessado em melhorias no serviço e ele sempre opta pelo melhor.
Ações Trabalhistas
A batalha enfrentada pelo Uber, entretanto,
não se limita ao cabo de guerra sobre a regulamentação do serviço. Em outra
frente, a plataforma tem enfrentado várias ações judiciais de motoristas que
alegam que a empresa não arca com os direitos trabalhistas de seus motoristas
"parceiros".
Tanto o Uber como outros aplicativos tentam passar por empresas de
tecnologia que conectam usuários aos motoristas, quando não são.
Para Rodrigo Carelli, procurador do Ministério Público do Trabalho no
Rio de Janeiro "É uma discussão mundial, não só Uber como do Airbn
[aplicativo de aluguéis de acomodações]. Eles tentam passar como empresa de
tecnologia. O Uber tenta desmontar a ideia de que os motoristas seriam apenas
'parceiros' que utilizam a plataforma. Mas eles são as pessoas necessárias para
a realização da atividade do Uber. São trabalhadores da empresa", opina
Carelli.
Ainda segundo Carelli, a Uber exerce um controle forte sobre seus
trabalhadores por meio dos algoritmos utilizados na plataforma e por meio de
uma política de recompensas aos motoristas e também punições, o que
caracterizaria um vínculo empregatício. "Esse controle é feito via
programação. Se a empresa quer que as pessoas trabalhem em tal bairro, elas vão
lá e colocam um adicional para a pessoa", explica. De acordo com
procurador, esse controle de programação é previsto dentro da legislação
brasileira. "Temos instrumental jurídico e temos elementos que mostram que
essa forma organizacional da Uber é de empresa que utiliza mão de obra
subordinada para realizar seu fim econômico. Eles não são autônomos",
explica, Carelli que ainda critica a empresa por remunerar mal seus condutores.
Box
Legislação regulamentária
O funcionamento de aplicativos que oferecem
serviços de transporte privado, como é o caso do Uber,Yet Go,Cabify e 99POP,
foi colocado em xeque na semana passada no Brasil. O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou um
projeto de lei que estabelece que caberá às prefeituras regulamentar esse tipo
de serviço. Os deputados conseguiram, ainda, aprovar dois destaques com novas
exigências, que podem até inviabilizar o serviço dessas plataformas, segundo as
empresas. O texto segue agora para análise do Senado. Caso passe na Casa, o
projeto ainda terá que ser sancionado pelo presidente Michel Temer.
Porém, além de existir uma legislação local
que proíbe o serviço alternativo de taxi, existe uma legislação federal em
andamento é o projeto de Lei 5587/16 que foi aprovado pela Câmara Federal, no
dia 4 de abril que regula os serviços de transporte através de aplicativos, mas
com um texto que profissionaliza o serviço, misturando o meio de campo, em vez
de resolver complicou mais a situação.
O texto aprovado pela Câmara reconhece a
atuação de aplicativos, mas de acordo com as emendas aprovadas, os serviços só
serão legalizados se receberem autorização das prefeituras, a exemplo dos
táxis, e cadastro dos motoristas nas cidades. Caso o projeto seja mantido pelo
Senado, o serviço de aplicativo não poderá funcionar enquanto não houver
regulamentação municipal.
As modificações se concentraram em pontos
importantes. Uma das emendas aprovadas na Câmara retirou do projeto original o
trecho do texto que descrevia o serviço de transporte como “atividade de
natureza privada”, permitindo a interpretação que, caso vire lei, o serviço
passará a ser de natureza pública, sendo passível de mais controle do poder
público. "Se a intenção é que as prefeituras regulem esse serviço, nós não
podemos concordar que se coloque no texto que é uma atividade de natureza
privada", defendeu o deputado Carlos Zarattini (PT), segundo a Agência
Câmara.
Em outra mudança aprovada no texto, os
deputados incluíram novas exigências: impuseram uma idade máxima para os
veículos, a necessidade de autorização específica emitida pelo poder público
municipal e até placa de aluguel vermelha como a dos táxis. Hoje, os motoristas
não precisam atender a nenhuma dessas exigências. O interessado apenas
cadastra-se na plataforma para ser um “parceiro” do Uber ou de outros
aplicativos para oferecer o serviço. O motorista pode atualmente usar o próprio
carro para fazer corridas com passageiros ou transporte de comida sem a
necessidade de nenhuma identificação no automóvel.
Além de ser responsável pela regulamentação
do serviço e a emissão de Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo
(CRLV), os municípios também ficarão a cargo da fiscalização e da cobrança dos
tributos. Para dirigir um Uberou Yet Go é necessária ainda a contratação de
seguro de acidentes pessoais de passageiros e do DPVAT para o veículo. Pelo
texto, o motorista também terá que se inscrever no INSS como contribuinte
individual.
A aprovação do projeto, no entanto, foi
comemorada pelos taxistas, que alegam que o aplicativo é ilegal. A categoria
está em pé de guerra com a Uber desde que a empresa chegou ao Brasil há três
anos, aplicando preços de corridas bem mais competitivos.
Algumas cidades chegaram a proibir a atuação
do Uber no Brasil, mas a Justiça deu aval para o funcionamento da modalidade na
maioria dos casos. São Paulo, foi pioneira ao regulamentar o serviço
Pode uma s10 a gasolina
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