Desenvolvimento municipal aumenta a procura por cidades
interioranas
Problemas das grandes cidades e os
investimentos nos municípios, acabam levando profissionais e empreendedores a
buscar os municípios menores, revertendo fluxo migratório.
Reinaldo Coelho
As grandes metrópoles estão começando a
perder o encanto aos olhos dos brasileiros. Animados com a expansão do
crescimento, rumo ao interior do país, e com a consequente melhoria das
condições de vida fora do eixo central, e desanimados com a violência, o
trânsito ruim, a necessidade de vencer longas distâncias e o alto custo das
despesas no dia a dia dos centros urbanos, já há quem dispense trabalho e de
morar na cidade grande em favor de municípios menores.
Acompanhando essa tendência os amapaenses que
residem nos grandes polos urbanos (Região Metropolitana de Macapá), que estão
cada vez mais saturados, estão retornando ou migrando para as cidades de
pequeno porte no interior do Estado.
No passado as cidades de Macapá e Santana atraíram
grande quantidade de pessoas para viver, estudar e trabalhar e melhores
salários, inchando os bairros periféricos e gerando um crescimento desordenado
dessas cidades. Essas migrações, no entanto, já não são mais tendência no
Brasil e principalmente no Amapá.
Em vez de ir para as grandes cidades, os
migrantes estão buscando oportunidades em cidades amapaenses de médio e pequeno
porte. Essa mudança no padrão do movimento populacional foi identificada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em estudo divulgado no
início da segunda década do Século XXI. A tendência atual começou nos anos
1990, e hoje as cidades de tamanho médio são as que mais crescem no país.
No Censo de 2010 o IBGE concluiu que das 27
unidades da federação, apenas 3 cresceram mais rápido nesta década do que na
passada: Amapá, Tocantins e Paraná.
Estado que mais crescia no país o Amapá viu
sua população aumentar ao ritmo de 5,3% por ano nesta década. Entre 1980 e 1991
o crescimento anual era de 4,7%.
No fim de agosto deste ano o IBGE publicou os
números estimados da população do país, que atualmente tem 207.660.929
habitantes. Das 100 cidades que tiveram os maiores crescimentos percentuais no
número de moradores, 5 estão no Amapá.
Os municípios com grande aumento populacional
entre 2016 e 2017 foram Pedra Branca do Amapari (3,88%), Tartarugalzinho
(2,85%), Pracuúba (2,66%), Ferreira Gomes (2,58%) e Oiapoque (2,50%). Dos 16
municípios do Estado, nenhum teve queda no número de habitantes, situação que
aconteceu em 25% das cidades brasileiras, segundo o instituto.
Municípios do Amapá entre os 100 maiores
crescimentos:
9º - Pedra Branca do Amapari
49º - Tartarugalzinho
65º - Pracuúba
77º - Ferreira Gomes
95º - Oiapoque
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) do
Amapá é 0,708, em 2010, o que situa essa Unidade Federativa (UF) na faixa de
Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais
contribui para o IDHM da UF é Longevidade, com índice de 0,813, seguida de
Renda, com índice de 0,694, e de Educação, com índice de 0,629.
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Município de Porto Grande |
INVERSÃO
Amapaense quer morar no interior
Com esses índices do crescimento que o Amapá vem
sofrendo, e a expansão do crescimento dos municípios interioranos os amapaenses
estão olhando para a pungência da natureza e o suporte da economia local, com a
implantação da tecnologia fornecida pela internet, pois a maioria dos
municípios amapaenses tem imagens de televisão e de internet, conectando-se as
redes mundiais. Torna-se tranquila a mudança.
A troca do campo pela cidade à procura de uma
vida melhor que sempre foi a opção mais comum. Porém, algumas famílias, cansadas
do caos urbano, estão fazendo o caminho inverso, deixando os grandes centros
para viver literalmente no meio do mato. Nas cidades do interior a correria é
outra. Sem o trânsito dos grandes centros sobra mais tempo para respirar o ar
puro, cuidar da saúde e da família. Enfim, buscar a tão sonhada qualidade de
vida, que caminha junto com o progresso.
Nas décadas de 1970 e 1980. Os amapaenses
quando se aposentavam e sua maioria eram servidores federais do ex-Território
Federal do Amapá, iam residir no Estado Pará ou no Ceará, devido as ofertas de
apartamentos em condomínios e melhoria da qualidade de vida, que consideravam
inexistente aqui no novo Estado do Amapá.
A professora Zoraide Coelho do Nascimento,
durante a década de 80, com a perspectiva de sua aposentadoria, adquiriu um apartamento
em um dos Conjuntos Habitacionais em Fortaleza (CE). “Cheguei a receber a chave
e fui conhecer o apartamento, era lindo o local, mas não me adaptei e voltei
para Macapá e vendi. O bloco era só de amapaense, mas não me adaptei”.
A partir do início do século XXI e com
impulso dados pela criação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana,
crescimento da plantação de grãos, Zona Franca Verde, mineração, além da
ampliação da escolas de ensino superior e o fortalecimento das universidades
estadual e federal, com capacitação de mão de obras, os amapaenses se fixaram nas
Terra Tucuju, e nestas duas décadas as idas retrocederam e o amapaense passou a
visualizar o Amapá como terra boa para se viver e crescer profissionalmente e
com melhor qualidade de vida.
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Balneários espalhados pelo Estado do Amapá |
Ao contrário da irmã, a professora Iranilde
Ribeiro da Silva, ao aposentar-se na década de 90, resolveu comprar um sitio no
município de Porto Grande e construir uma nova vida, com cultivos de frutíferas
e hortaliças, além de criação de galináceos. “Passei a cultivar uma vida mais
saudável, respirando o ar puro da natureza, cercada de verde, além de uma
qualidade de vida superior ao da cidade, pois fui morar fora do centro urbano
de Porto Grande”.
Ela reforça que os gastos com o cotidiano são
reduzidos quando se vive longe da oferta interminável de produtos, serviços e
lazer da cidade grande. "O custo de viver aqui é menor, pois consegui um
nível de consumo bem menor, com menos de deslocamentos diários e dispersão com
atividades cujo custo é maior do que a benfeitoria. Um dos problemas é a
insegurança, que infelizmente está em todos os lugares. Muitos dizem que a
violência é menor, mas nos dias de hoje não dá para facilitar em lugar nenhum”.
Esses casos pontuais não refletem muito a
realidade de outros amapaenses que estão retornando ou adotando cidades de
médio e pequeno porte devido a descentralização das redes de ensino, saúde e
econômica e estão voltando a suas origens, pelo crescimento das economias
locais, possibilitando se estabelecer com segurança.
Municípios atrativos
Os municípios que mais tem atraído novos
moradores são: Mazagão, Porto Grande, Ferreira Gomes, Pedra Branca do Amapari,
Laranjal do Jari. Além dos distritos de Macapá (Fazendinha e Bailique) e de
Santana, a Ilha de Santana e o Foz do Matapi.
Na Região Metropolitana de Macapá perdura a
migração pendular devido as pessoas que estudam ou trabalham em um município
diferente de onde mora, sendo obrigado a se deslocar diariamente para cumprir
essas obrigações, caso de Macapá, Santana e Mazagão, hoje devido ao crescimento
econômico, estruturação do sistema rodoviário, como as pontes que ligam Mazagão
aos demais municípios.
Um dos grandes motivos de Macapá ser
considerado uma cidade/estado, onde hoje se concentra mais de 60% dos
habitantes do Estado, se dava pela inexistência nos municípios interioranos, de
estruturas econômicas e educacional. A maioria dos jovens tinham acesso ao
Ensino Fundamental e deslocavam-se para concluir os estudos do Ensino Médio e
Superior. O baixo investimento no setor agrícola, também levou as famílias a acompanharem
os filhos e se fixarem nos grandes centros amapaenses, criando assim os bolsões
da pobreza na periferia dessas comunas.
Com a atual administração isso vem mudando, a
administração das cidades pelo governo de Waldez Góes vem incentivando a permanência
ou retorno desses pessoal que se foi a procura de formação e emprego, pois
agora está sendo gerado em suas próprias terras.
Investimento estadual nos municípios
Hoje os municípios amapaenses tem recebido
investimentos pesados do poder público federal e estadual, assim como do setor
privado. Muitos ampliaram o crescimento no setor mineral e agropecuário.
Fazendo quase extinguir o “êxodo rural” e crescer os novos habitantes que
procuram melhorar a qualidade vida, como a de novas oportunidades de emprego e
de empreender na rede hoteleira, de alimentação e serviços, segmentos
necessários para o “boom” de crescimentos municipais. Principalmente os do
centro-oeste, que sediam a chamada “Fronteira Verde” devido ao avanço
exponencial da soja e grãos nos cerrados amapaenses.
A facilidade para encontrar trabalho no
interior é fruto do controle da inflação, do crescimento da economia, das
políticas sociais implementadas pelo governo e da expansão de investimentos
rumo aos municípios de menor porte.
O Governo do Amapá vem trabalhando para
garantir aos munícipes de todo o Estado melhor qualidade de vida e para isso
vem descentralizando os investimentos. Uma Caravana do Desenvolvimento tem
visitado semanalmente cada um dos 16 municípios e firmando parcerias e
convênios para ajudar as prefeituras em melhorar a prestação de serviços e de
desenvolvimento das economias locais.
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GOVERNADOR WALDEZ GÓES |
“Isso garante o reconhecimento da vocação dos
municípios e a utilização de ferramentas que possibilitem uma melhor gestão da
atividade turística, proporcionando um grande impulso no desenvolvimento
socioeconômico municipal e regional, com benefícios para toda a população”,
declara o gestor estadual Waldez Góes.
Este trabalho está sendo feito com todos os municípios
do Estado, que têm o prazo de 120 dias para iniciar a execução dos trabalhos, a
partir da assinatura do termo. “Limpeza urbana é um serviço essencial, que
reflete diretamente na saúde de nossa gente”, enfatizou.
Góes mencionou ainda outro compromisso do
Estado com todos os municípios: garantir contrapartidas aos recursos federais
articulados pelos prefeitos dos 16 municípios do Estado. Essa, segundo o
governador, é mais uma medida para fortalecer a relação com os gestores
municipais em benefício da população. “A
crise do país não acabou, mas no nosso Estado ela está sendo domada. A união
entre os entes é um fator de extrema importância neste momento, e este é o
ambiente que busco construir, pois quem ganha com isso é o nosso povo”,
conclui.
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