DE QUEM É O BRASIL?
Por: Marco Antônio
A crise política brasileira começou como uma pedra atirada no meio
de um lago, cujas ondas do impacto foi crescendo e, inclusive, passou das
margens e ainda não parou, pois, a pedra chegou ao fundo e está toldando toda a
água. É como dizia o saudoso jornalista Carlos Bezerra: “O ruim é chegar no
fundo do poço e descobrir que ainda há mais poço”.
Os
brazucas estão na verdade em um mar de areias movediças, em cujas margens está
cercada de escorpiões. Estamos vivendo um pesadelo cuja manhã não chega.
Lembrou aquela piada em que o otimista diz: daqui a pouco tempo estaremos
comendo caca!, ao que o pessimista conclui: e a caca não vai dar para todos!
E o
pior de tudo, como uma engenhoca maldita, os trabalhadores não param, e
continuam nas suas lidas, pagando os seus impostos que continua alimentar toda
a engrenagem. Enquanto isso, o sistema de saúde, já caótico, despenca; a
economia, agoniza; o orgulho, sempre tão pujante, se esvai pelo ralo da
misericórdia.
O que
fazer? Mudar de pais, apregoam alguns. Os que podem estão arrumando as malas e
zarpando. No entanto, a grande maioria vive no porão e, mal mente, tem acesso a
algumas réstias da luz do sol. Quisera, pa eles, pegar o Ita e se mandar do lamaçal.
Mas isso, nem em seus magros sonhos.
Entra
presidente, sai residente; elege-se “salvadores da pátria” que acabam sendo
tragados pelos poderosos aspiradores corruptivos. E os brasileiros viraram
baratas tontas vivendo no esgoto de palácios faraônicos que a tal corrupção
cria.
Fala-se em intervenção militar. Será essa a saída? Como a moda, que vez em
quando retorna, assim, parece que a ditadura pegou o mesmo bonde. Por assim
dizer.
Os
comentários recentes da cúpula militar do Brasil sobre a situação política
levantaram dúvidas sobre até que ponto o país está livre de uma ação das Forças
Armadas para tomar o poder. No alto do cargo de secretário de economia e
finanças do Comando do Exército, o general Antonio Hamilton Mourão discursou
sobre “derrubar esse troço todo” e “impor” o que considera uma solução à crise
política, caso o Judiciário não “retire da vida pública esses elementos
envolvidos em ilícitos”.
Mais
surpreendente ainda foi a reação do seu superior no comando do Exército,
general Eduardo Villas Bôas, que descartou punir Mourão pelas declarações e
ainda disse que as Forças Armadas dispõem de “um mandato” para intervir “na
iminência de um caos” no Brasil. O Planalto, visado pelas declarações,
silenciou, por mais que a Constituição de 1988 proíba os militares de intervir
na política. Ao mesmo tempo, nas redes sociais, se multiplicam as mensagens de
apoio a Mourão e links para notícias falsas, com propaganda velada sobre o
tema. A sequência de acontecimentos preocupa a historiadora Maud Chirio,
pesquisadora francesa sobre a história contemporânea do Brasil e especialista
no regime militar. “Tal indisciplina ter passado sem consequências nos leva a
sair de um modelo de democracia civil estável”, assinala.
Levantamento
inédito da Paraná Pesquisas indica que 51,6% dos brasileiros é a favor de uma
intervenção militar no Brasil. O percentual de entrevistados contrários à
medida é de 43,1%. O levantamento ouviu 2.500 pessoas, entre os dias 25 e 28 de
setembro. A maioria dos que defenderam uma ação das Forças Armadas no país é
formada por homens (52,6%), com idades entre 35 e 44 anos (45,9%) e com ensino
fundamental (44,4%).
O
ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), causou polêmica
ao fazer no fim da tarde desta quinta-feira, 28, uma enquete em sua conta no
Twitter. "Vc é o juiz: o Brasil deve sofrer intervenção militar?",
questionou o magistrado; em pouco mais de quatro horas, o tuíte superou mil e
trezentos votos; quase 90% dos internautas votaram contra a intervenção militar;
ao constatar a polêmica, Og Fernandes se defendeu das críticas e disse que
segue a Constituição. Nossa bendita constituição, usada para salvaguardar os
erros, mas perdida quando se busca uma tábua.
E, voltando ao estado de crise atual, caso Michel Temer saia de cena,
quem assume de maneira imediata é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), com a tarefa de convocar eleições indiretas. Ou seja, deputados e
senadores elegem o novo presidente. Outra possibilidade é que o Congresso
aprove um projeto de emenda constitucional prevendo eleições diretas
imediatamente. Porém isso dependeria de uma aprovação em dois turnos, por três
quintos dos parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Ou seja,
um balaio de gatos que nem passa na compreensão do mais genial “Zé Povinho”.
Para
nós, reles mortais, resta sucumbir às decisões dos altos escalões ou degenerar
ante a hierarquia dos mafiosos do planalto. Isso, se quisermos sobreviver,
apregoando por aí que: Somos brasileiros e não desistimos nunca!
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