Esse Brasil fabuloso e imprevisível
Marco Antônio
Não bastasse, hoje, o Brasil ter 20%
da população em situação de pobreza, perdendo para a maioria dos vizinhos
sul-americanos. Come-se angu e bofe, mas se arrota caviar e champanhe. O estudo
mostra o Brasil como 19º, nação da América Latina em atendimento de saneamento
básico, atingindo pouco mais de 85% da população urbana, e o 14º com mais
pessoas vivendo em favelas, fora aquele contingente que sobrevive nas vias
públicas das grandes metrópoles.
Na situação em que o povo sobrevive
de teimoso, onde tudo pode acontecer e com isso, parece que as previsões mais
pessimistas se realizam, enquanto as otimistas viram lendas, e, mais do que
isso, têm grandes probabilidades de desaparecer.
Estamos virando o país, não da
fantasia, mas das “fábulas”! Onde vemos quantias exorbitantes caírem de conta
em conta dos abastados, inclusive pela justiça; e o pais mitológico onde a
população existe por mágica, sem educação, sem segurança ou saúde, e,
principalmente, sem justiça, dos “abestados”. A agenda política gira cada vez
mais em torno dela própria. O presidente articulando para salvar a própria
pele, os congressistas trabalhando para manter poderes, barganhar verbas e, não
raro, lutando para, se serem presos, que o sejam, em casa, na sombra e ao lado
da piscina e da garrafa de uísque. Temos ainda uma briga de egos no Judiciário
e um embate notório com os outros poderes. Ou seja, fica cada vez mais claro o
distanciamento de Brasília, das fábulas financeiras, da realidade do resto do
país, o fabuloso.
São situações vexaminosas que não
merecem propaganda, mas o que vemos pela mídia revela, mui repentinamente, a
face maquiada da realidade global. Talvez por tudo isso, cuida-se tanto de
dourar o Brasil para receber as delegações e turistas para a Copa do Mundo,
rocks em rios de dinheiro e outros mais. Estes desembarcarão, dirigir-se-ão aos
melhores hotéis, fugirão estrategicamente das estradas e ruas intransitáveis,
sem perceberem a pobreza ou a miséria. Favelas, só as com barracões
pintado para madonas verem.
Sem falar que agora o país virou de
vez o circo de horrores, onde há pacotes turísticos destinados aos
primeiromundenses virem passear e se deslumbrar com as nossas mazelas.
E assim caminha a insanidade, o
brasileiro vivendo entre as valas negras e comendo as vacas magras, ou seja, há
dias de brilhos nos olhos, e outros de clarões de tiros e balas, encontradas
pelos médicos, nos corpos de inocentes. As boas notícias são: há bem pouco
tempo ninguém poderia imaginar eficácia no enfrentamento da corrupção, onde a
Operação Lava-Jato se esforça em demonstrar que esse objetivo é factível. As
más notícias: a violência, que já faz parte do cotidiano dos brasileiros,
transferiu-se para as famílias.
A violência hoje vem dominando
assustadoramente o nosso país. Vivemos numa época em que o ato de cometer a
violência, seja ela qual for; assalto, abuso contra crianças, com pessoas
idosas, virou uma banalidade que só se diz, pelas redes sociais: mais um...
kkkk. Não se tem mais segurança, proteção em lugar algum… Falta de Educação,
desemprego, salários indignos, esses são alguns fatores que contribuem para que
até indivíduos, antes de boa índole, cometa um ato de violência. Nas ruas e nas
redes sociais, há uma preocupante polarização, que foi precedida pelo
recorrente discurso do “nós contra eles”.
A superação da crise vai requerer
talento, habilidade negocial e transparência. E, sobretudo, respeito à lei e às
decisões judiciais. É assim que funciona no estado democrático de direito.
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