ZONA PRIORITÁRIA PARA
PEDESTRES
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Alameda Serrano |
As Alamedas Francisco Serrano
e Largo dos Inocentes são locais históricos esquecidos
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LARGO DOS INOCENTES Durante as noites o lugar vira território livre para viciados |
Zona
prioritária para pedestres ou ‘woonerfs’, como são chamadas na Europa e América
do Norte, são vias públicas onde os pedestres e ciclistas têm prioridade sobre
os automóveis e motocicletas, ou seja, uma rua prioritariamente para pedestres,
também chamada de Alameda.
Reinaldo
Coelho
Macapá precisa de um projeto arquitetônico
urbanístico que venha modificar o tratamento que está sendo dado para o antigo
centro de Macapá, a “Cidade Velha”. Macapá está se desenvolvendo para todos os
lados e esta parte antiga está começando a se degradar. O comércio ali
localizado dá vida intensa, devido se concentrar a maioria das agências
bancárias e as grandes lojas comerciais, produzindo assim um fluxo intenso de pessoas,
porém, no horário noturno fica entregue aos boêmios, aos usuários do álcool e
da droga.
A Orla de Macapá é que ameniza esse tétrico cenário
das praças, alamedas e pontos turísticos do Centro de Macapá, ai se inclui a
Alameda Francisco Serrano, Teatro das Bacabeiras e suas pracinhas, a Alameda
Largo dos Inocentes, Praça Veiga Cabral, Praça Barão do Rio Branco, as
pracinhas da Caixa D’Água, do Centro, que devido a não oferecer opções de lazer
ou cultural, as famílias ali não frequentam, tanto que a Praça Veiga Cabral,
quando recebe ações culturais municipais ou privadas, tem garantia de grande
frequência. Isso durante o dia, pois a noite os frequentadores são de ídolos
duvidosos, ou da prostituição feminina e masculina, e de crianças.

No Largo dos Inocentes, que foi urbanizado e
transformado em um logradouro, na gestão de João Henrique, então prefeito de
Macapá, foi vandalizado quebraram lâmpadas e telhas da sede da entidade depois
que a direção denunciou badernas no local. Até os bancos foram destruídos pelos
criminosos.
O lugar fica atrás da Igreja de São José, no Centro
de Macapá, no local mais conhecido como “Formigueiro”, e já passou por processo
de tombamento. Estudantes reclamam do descaso com o espaço que foi tomado por
viciados em drogas durante a noite.
É
muito importante que os cidadãos tenham um relacionamento saudável com o centro
de suas cidades, pois isso os atrai de volta e dinamiza a vida da região, o que
melhora a imagem desses centros urbanos. As características únicas e próprias
de cada centro histórico são a base para a melhoria da qualidade de vida nesses
locais. E Macapá tem tudo isso e muito mais.
Transformar para atrair e
preservar
Atualmente a
temática de questões urbanas, quanto ao crescimento, o desenvolvimento e o
futuro das cidades, tem sido muito discutida a preocupação é com as questões do
cuidado com o patrimônio histórico e da relação entre cidadão e cidade são de
grande importância para o desenvolvimento e o crescimento das cidades
atualmente.
“Como
qualquer organismo vivo, a cidade permanentemente se transforma e vai se tornando
o registro implacável da própria sociedade”. A frase de Benedito Lima de Toledo mostra que a
preservação do patrimônio histórico é um fator essencial para a sociedade e
para a vida da cidade, pois resgata a sua identidade e gera orgulho para os
seus habitantes ao mesmo tempo em que explora o caráter mutável de uma cidade
em desenvolvimento, fator que os patrimônios arquitetônicos têm que acompanhar
para poder sobreviver.
Woonerfs
Em
uma postagem de ‘Harife Viégas’, no Realidade Urbana, ele explica que woonerfs são vias públicas onde os
pedestres e ciclistas têm prioridade sobre os automóveis e motocicletas, ou
seja, uma rua prioritariamente para pedestres, também chamada de “Zona
prioritária para pedestres”. O termo
surgiu na Europa nas últimas décadas, mas ainda é pouco conhecido e explorado
no Brasil, assim como as cidades ao redor do mundo as cidades brasileiras
cresceram e se desenvolveram desde o século XX em função do automóvel, em
muitas dessas cidades, casas, pequenas alamedas e até o estilo de vida de
determinadas regiões da cidade foram alterados ou destruídos em função da
abertura, prolongamento, construção ou alargamento de vias para dar lugar ao
trânsito pesado das grandes cidades.
Macapá
tem áreas que poderiam vir a ser um woonerf, a Alameda Francisco Serrano, Alameda
Largo dos Inocentes e existe um projeto
da construção de uma alameda interligando a Cândido Mendes, no local onde
funcionava um galpão do GEA e o prédio da antiga Coordenação de Merenda Escolar
do Amapá, do governo Federal, com a Avenida Independência na frente da
cidade que fica bem no centro comercial
e aparentemente não foi construída para ser uma via para carros, e onde passam
diariamente milhares de pessoas que trabalham seja nas lojas, nos órgãos
públicos ou escritórios na região.
Alameda Serrano
A
Alameda Francisco Serrano foi inaugurada na década de 1980 pelo governador Annibal
Barcellos, que compõe um dos cenários de referência da Macapá que conhecemos.
De
acordo com o texto de Verenna Araújo, a engenheira Luiziane Serrano é
neta de Francisco Serrano. O primeiro farmacêutico de Macapá a se instalar as
mediações da Alameda. A família de Francisco Serrano possuía o lote que abrigou
a residência, o laboratório e a farmácia por muitos anos. Luiziane conta que a
avó foi contra a venda de uma parte do terreno da família. Mas como outras
famílias que viviam na região também foram indenizadas e se mudaram do local,
ela acabou aceitando. Na imagem família de Francisco Serrano acompanha a
inauguração da Alameda na década de 1980.
Conta-se
que na época a Alameda foi planejada para concentrar alguns estabelecimentos
comerciais da Macapá com vistas a ampliação do turismo na região. Seria uma
espécie de convite aos frequentadores para que desfrutassem do chamado “turismo
de experiência” por meio da gastronomia da cultura regional.
Infelizmente,
os patriarcas da família não puderam acompanhar a inauguração quando a obra foi
concluída. Mas participaram da cerimônia, os filhos do casal Marlindo e
Marlúcio Serrano. Além dos pais de Luiziane, Luiz Martins Serrano e Maria
Tereza da Silva Serrano.
Abandonada
Passados
mais de 30 anos da inauguração da Alameda, pouco se investiu neste segmento
para promover a ampliação dos serviços na região. Sobretudo os comércios que se
estabeleceram neste período e que também compõem parte da história do lugar.
Sofrendo com a ação do tempo pela pouca manutenção, os macapaenses também
poderiam usufruir melhor do local assim como os curitibanos o fazem com a Rua
preferida – a XV de Novembro.
Se
reformulada, a Alameda Francisco Serrano seria uma ótima opção de almoço e
descanso para as pessoas que trabalham naquela área, e seria importante também
dar uma utilidade noturna para aquela alameda uma vez que a noite aquela é uma
região relativamente insegura.
E
infelizmente também virou estacionamento privado. Pelas imagens dá para
perceber que quase todo o espeço é ocupado por carros particulares, seja dos
proprietários do comércio, ou dos moradores dos apartamentos existentes nos
andares superiores e alguns utilizam para estacionar enquanto andam pelo comércio.
“O
espaço que foi construído com o objetivo de beneficiar os moradores do centro
de Macapá, virou vaga de estacionamento para quem deseja parar na Alameda. Tem
dia que mais de vinte carros ocupam a área e os próprios pedestres sofrem
dificuldade para passar pela região”, reclamou um dos frequentadores das lojas
ali localizadas.
A
noite o local é frequentado por drogaditos e marginais que se aproveitam do abandono
do local e passam a roubar lojas ali localizadas. O empresário e proprietário
da loja Palácio dos Esportes, Marcos Cardoso, que mora próximo da empresa,
contou que sua loja teve a vitrine blindada quebrada e saqueada.
“Quando
olhamos pela marquise vimos uma pessoa correndo. Descemos e encontramos esse
prejuízo aí. A gente trabalha tanto, mas os bandidos estão tomando conta da
cidade. Temos falado muito sobre a insegurança aqui na Alameda Serrano”, frisou
o empresário, que também é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
A
estratégia de aliar o turismo a uma referência cultural é colocada pela
pesquisadora Maria Tereza Luchiari no livro ‘Olhares Contemporâneos sobre o
Turismo’, onde ela explica que esta não é uma atividade que dependa
exclusivamente da “vocação natural da região”.
Para
ela a função social de determinado lugar pode ser construída artificialmente
com o intuito de elevar a capacidade econômica e política da cidade. Sobretudo
por que o turismo reinventa uma autenticidade histórica que promove os
costumes, hábitos e tradições locais.
Ao
recuperar antigas práticas e memórias e de um lugar e valorizá-las como bem
coletivo, a cultura de uma região se fortalece e cria novos hábitos de
utilização dos ambientes sociais.
História da Alameda Serrano
Havia
uma antiga passagem, em Macapá, que foi transformada em passeio público pelo
primeiro governo Barcellos, ainda no Amapá como Território Federal.
Na
verdade era uma viela chamada de “beco”: – uma rua estreita e curta que não
permitia a passagem de veículos, e saia atrás do Macapá Hotel.
Nos
idos de 50/60 funcionou por lá uma hospedaria (barracão dos imigrantes) do
Governo do Território (a outra hospedaria ficava na descida do cemitério na
altura da Av. Cora de Carvalho) para abrigar os colonos, quando vinham para a
cidade.
Neste
mesmo "beco" – na parte detrás do antigo prédio da farmácia – funcionou
a fábrica do Super Guaraná - que era concorrente do FLIP – dos irmãos Zagury.
Mais atrás ainda funcionava a Boate Gelly, num prédio super pequeno.
‘Francisco
Serrano’ foi um farmacêutico paraense que chegou cedo ao Amapá e foi
proprietário, por muitos anos, da Farmácia e Drogaria Serrano, que ficava de
frente para a Cândido Mendes, e precisou ser demolida para permitir o
prosseguimento da General Gurjão.
É
bom lembrar que a primeira farmácia do Sr. Francisco Serrano funcionava no
prédio de alvenaria na esquina, isso no tempo do pai deles. Após a morte do
"seu" Serrano, os filhos atravessaram a rua e se instalaram, em
frente, com o empreendimento já administrado por eles.
(Parte
do texto é redação do João Silva)
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