Mas Bah!
A globalização da comunicação tem possibilitado o apego
das pessoas às suas raízes. Para entender como se dá a regionalização da mídia
brasileira, analisa-se como o local vem ganhando evidência no Brasil e o
processo de regionalização da mídia no país. A regionalização da mídia
brasileira é necessidade dos meios de comunicação que vêm se organizando para
conquistar a fidelidade do público que busca preservação da cultura e
informações de qualidade ligadas à sua realidade.
Analisar os meios de comunicação no Brasil hoje exige
conhecimento dos processos de regionalização e internacionalização da mídia
brasileira. Porém, para definir o que deve ser pauta de estudo, necessita-se
conhecer o cenário atual e definir o que é mais urgente. Diante disso,
percebe-se os últimos anos que vem sendo marcado pela digitalização das
comunicações, interferindo diretamente na realidade da comunicação no país,
levando empresários e estudiosos a investigarem a relação da mídia com a
sociedade brasileira.
A Empresa
Brasil de Comunicação (EBC), que depois da medida provisória do presidente
Temer, que reestruturou a empresa em 2016, tirou a
palavra “pública” de seu mapa estratégico, perdendo a condição de referência em
Comunicação Pública, sendo agora referência em comunicação. Foi a fragilização do
caráter público do órgão, que deveria promover os interesses da sociedade.
As mudanças na política editorial
têm sido sentidas diariamente, e dentro das redações os jornalistas estão
vivendo casos de censura e perseguição. Um dos episódios mais emblemáticos foi
a retirada de uma produtora de suas funções, depois que uma entrevistada,
convidada por ela com a proposta de falar sobre a Marcha das Mulheres no dia 8 de
março de 2017, declarou “Fora, Temer” ao vivo no final da entrevista do
telejornal local, chamado Repórter São Paulo. Uma manifestação que teria sido
aceita em qualquer emissora pública e democrática, na TV Brasil gerou a revisão
de vários processos, entre eles a determinação de que todas as entrevistas do
programa, antes feitas ao vivo, passassem a ser gravadas. Em outubro, outra
jornalista de São Paulo levou uma advertência depois de ter se negado, baseada
no manual de jornalismo da EBC, a mostrar o rosto de um homem acusado de ter
pichado a casa do prefeito João Dória. A jornalista afirmou que estava
preocupada em não expor uma pessoa que era suspeita. Não houve, entretanto,
respeito por parte da chefia à cláusula de consciência. Esta prevê que o jornalista
não execute tarefas que firam o Código de Ética bem como as suas convicções.
Por parte da chefia foi alegada enfaticamente que uma ordem hierárquica deveria
ter sido cumprida pela subordinada.
O caráter público da EBC pressupõe
que interesses e visões contraditórias existentes na sociedade sejam
contempladas, já que a sociedade brasileira é quem paga para mantê-la.
O que antes era um desafio a ser
superado nas gestões anteriores, atualmente parece se consolidar como a
estrutura de produção da empresa.
A situação é agravada pois a direção
também dá sinais de que não está à altura da sua missão de criar e difundir
conteúdos que contribuam para a formação crítica das pessoas.
Seria curioso se não fosse trágico:
um governo privatizante e neoliberal trabalhando para ter uma empresa pública
cada vez mais estatal.
A descaracterização do aspecto
público da instituição e o pouco ou quase nenhum espaço ao contraditório trazem
sérios prejuízos à cidadania brasileira.
Os instrumentos públicos de
comunicação devem servir a interesses universalistas e, para tanto, precisam
respeitar a pluralidade e a representação de minorias e de vozes dissonantes em
relação a setores econômica e politicamente mais poderosos da sociedade
brasileira.
O pior é que temos que conviver com
estes desvairados desmandos.
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