segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Artigo do Velleda Coluna CISMANDO





Mas Bah!

A globalização da comunicação tem possibilitado o apego das pessoas às suas raízes. Para entender como se dá a regionalização da mídia brasileira, analisa-se como o local vem ganhando evidência no Brasil e o processo de regionalização da mídia no país. A regionalização da mídia brasileira é necessidade dos meios de comunicação que vêm se organizando para conquistar a fidelidade do público que busca preservação da cultura e informações de qualidade ligadas à sua realidade.
Analisar os meios de comunicação no Brasil hoje exige conhecimento dos processos de regionalização e internacionalização da mídia brasileira. Porém, para definir o que deve ser pauta de estudo, necessita-se conhecer o cenário atual e definir o que é mais urgente. Diante disso, percebe-se os últimos anos que vem sendo marcado pela digitalização das comunicações, interferindo diretamente na realidade da comunicação no país, levando empresários e estudiosos a investigarem a relação da mídia com a sociedade brasileira.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que depois da medida provisória do presidente Temer, que reestruturou a empresa em 2016, tirou a palavra “pública” de seu mapa estratégico, perdendo a condição de referência em Comunicação Pública, sendo agora referência em comunicação. Foi a fragilização do caráter público do órgão, que deveria promover os interesses da sociedade.
As mudanças na política editorial têm sido sentidas diariamente, e dentro das redações os jornalistas estão vivendo casos de censura e perseguição. Um dos episódios mais emblemáticos foi a retirada de uma produtora de suas funções, depois que uma entrevistada, convidada por ela com a proposta de falar sobre a Marcha das Mulheres no dia 8 de março de 2017, declarou “Fora, Temer” ao vivo no final da entrevista do telejornal local, chamado Repórter São Paulo. Uma manifestação que teria sido aceita em qualquer emissora pública e democrática, na TV Brasil gerou a revisão de vários processos, entre eles a determinação de que todas as entrevistas do programa, antes feitas ao vivo, passassem a ser gravadas. Em outubro, outra jornalista de São Paulo levou uma advertência depois de ter se negado, baseada no manual de jornalismo da EBC, a mostrar o rosto de um homem acusado de ter pichado a casa do prefeito João Dória. A jornalista afirmou que estava preocupada em não expor uma pessoa que era suspeita. Não houve, entretanto, respeito por parte da chefia à cláusula de consciência. Esta prevê que o jornalista não execute tarefas que firam o Código de Ética bem como as suas convicções. Por parte da chefia foi alegada enfaticamente que uma ordem hierárquica deveria ter sido cumprida pela subordinada.
O caráter público da EBC pressupõe que interesses e visões contraditórias existentes na sociedade sejam contempladas, já que a sociedade brasileira é quem paga para mantê-la.
O que antes era um desafio a ser superado nas gestões anteriores, atualmente parece se consolidar como a estrutura de produção da empresa.
A situação é agravada pois a direção também dá sinais de que não está à altura da sua missão de criar e difundir conteúdos que contribuam para a formação crítica das pessoas.
Seria curioso se não fosse trágico: um governo privatizante e neoliberal trabalhando para ter uma empresa pública cada vez mais estatal.
A descaracterização do aspecto público da instituição e o pouco ou quase nenhum espaço ao contraditório trazem sérios prejuízos à cidadania brasileira.
Os instrumentos públicos de comunicação devem servir a interesses universalistas e, para tanto, precisam respeitar a pluralidade e a representação de minorias e de vozes dissonantes em relação a setores econômica e politicamente mais poderosos da sociedade brasileira.

O pior é que temos que conviver com estes desvairados desmandos.

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