Lixo na capital – aqui,
falta de educação por um lado, falta de gestão por outro.
Me deslocando em Macapá, vendo lixo por todo lado, lembro
daquele artigo que se intitula Lei do Caminhão de Lixo – deixe o lixeiro passar!
(Em que um motorista de táxi explica ao passageiro que muitas pessoas são como
caminhões de lixo. Andam por ai carregadas de lixo, cheias de frustrações,
cheias de raiva, traumas e de desapontamento e precisam de um lugar para descarregar,
e às vezes descarregam sobre a gente...) – não que isso tenha haver com a
questão da descortesia da prefeitura para com Macapá, já que o que nos
referimos é um problema que o mundo inteiro enfrenta. Alguns países buscam soluções
rápidas para a questão, outros preferem o descaso. O Brasil está no meio desse
dilema.
No rádio temos constatado o problema, muito lixo,
lixeiras viciadas, entulhos por todos os cantos da capital, sem falar da coleta
deficitária que não alcança todas as ruas e bairros. A coleta seletiva acaba
sendo ínfima.
Ora,
o descarte inadequado dificulta a degradação do resíduo, provoca mau cheio e o
chorume atinge o lençol freático. Não há estímulo para despertar o potencial da
reciclagem. Existem alternativas de acordo com o tamanho dos municípios, mas o problema
é que ainda tem quem vê a legislação ambiental como mera burocracia e não
entende a importância.
Quando
se trata de produzir lixo nós, brasileiros, estamos a todo vapor, graças à
melhoria da qualidade de vida no país. Em 2013 geramos mais de 76 milhões de
toneladas de resíduos sólidos nas cidades. Esse montante representa um
acréscimo de 4,1% em relação a 2012. Ou 3 milhões de dejetos a mais. É um
índice muito maior do que o de anos anteriores, embora muito pouco tenha sido
feito para recolher e dar uma destinação adequada a todo esse lixo.
Essas
conclusões foram divulgadas no início de agosto pela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) durante a
apresentação do seu Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2013. O
relatório aponta o Brasil como o quinto maior produtor de lixo do planeta. Só
perde para a União Europeia, Estados Unidos, China e Japão. E confirma que –
mesmo diante de tamanha quantidade de rejeitos – ainda vamos muito distantes de
cumprir à risca as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em
vigor desde 2010. Lei que, aliás, previa o fim dos fedidos e contaminados
lixões a céu aberto em todas as cidades brasileiras para o dia 2 de agosto do
ano passado. Não aconteceu. Que bom que pudéssemos comemorar o fim dos
malcheirosos e insalubres lixões.
E, mais: além da
infraestrutura, a comunidade de Macapá carece de intervenções de ordem pública
em diversas modalidades, como em iluminação, saneamento básico e segurança.
Já a
população assina sua contribuição com essa poluição toda, pela falta de
educação ambiental, social e de saúde pública. De convivência salutar em
sociedade.
Para
completar... “Cinco mil anos antes de Cristo, mercadores da civilização Fenícia
fizeram uma fogueira à beira da praia, no local onde, hoje, fica a Síria. Eles
usavam blocos de nitrato de sódio para segurar as panelas e, sem querer, ao
unir fogo, areia e nitrato, viram surgir um líquido transparente que, quando resfriado,
tornava-se o que atualmente conhecemos como vidro. O que foi um avanço para a
humanidade, agora é também um estorvo ambiental, pois o vidro é uma das
criações do homem que leva mais tempo para ser absorvido pela natureza, resistindo
até 1 milhão de anos”.
A
verdade é que, em Macapá, viver com essa falta de educação e gestão, é
terrível.
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