Preservar e Conservar
Quando se fala em preservação de uma
determinada área, esta deve ser entendida como aquela área que não poderá
sofrer qualquer tipo de alteração antrópica, ou seja, a área estará em regime
de proteção integral. Quando se tratar de conservação, esta deve ser entendida
como uma determinada área que será reservada a um regime especial de proteção
diferente da anterior, neste caso já poderá haver intervenção antrópica, desde
que seja de forma sustentável.
Diante do cenário mundial, onde os recursos
naturais se tornam cada vez mais escassos, o ar contaminado, as águas poluídas,
cientistas, governo e sociedade se unem buscando uma minimização, ou para os
mais otimistas, uma solução para a crise ambiental. Muitos apostam na
sustentabilidade, outros na educação ambiental, mas a maioria aposta na
preservação e conservação dos recursos naturais.
O Amapá é um Estado preservado e que se conserva
ecologicamente e deve merecer atenção especial no contexto regional, nacional e
internacional, uma vez que 62% do seu território está sob modalidades especiais
de proteção. São dezenove unidades de conservação, totalizando 8.798.040,31ha
(hectares), doze das quais federais, cinco estaduais e duas municipais. São
oito unidades de proteção integral e onze de uso sustentável, as primeiras
ocupando quase 60% do total da área protegida.
O Amapá não pode ser ignorado quando se
tratar de discutir sobre a preservação ecológica e da biodiversidade da
Amazônia, pois é a unidade federativa mais conservada do Brasil. Por todos os
motivos mencionados acima, o Estado ocupa uma posição desafiadora para a
conservação.
De certa forma, o Amapá parece destinado a
testar os limites das relações entre conservação e desenvolvimento e com
aproximadamente 95% dos seus ecossistemas naturais intactos. Na medida em que
70% do território amapaense encontra-se regularizado sob alguma forma de proteção
ou de restrição de uso é premente discutir como compensar a população do Amapá
pelos serviços ambientais prestados pelas UCs e pelas populações tradicionais e
indígenas que contribuem para esta conservação.
Deve-se fomentar atividades como
transferências fiscais, formação de fundos de sustentabilidade, doações
financeiras, investimentos nas próprias UCs, programas de pesquisa científica e
educação ambiental, estímulos ao ecoturismo, financiamento e assistência
técnica a atividades produtivas sustentáveis, marketing verde e certificação
ambiental de produtos locais. Esses são
alguns mecanismos, não excludentes entre si, que podem proporcionar à população
amapaense um nível digno de qualidade de vida e, ao mesmo tempo, contribuir
para manter a fantástica riqueza natural do Estado do Amapá. Este é um
resultado da crescente manifestação de interesse sobre as UCs do Amapá e
contribui para ampliar o valor a elas atribuído.
Mas o Amapá quer mais preservação e
conservação, pois nesta semana o governo do Amapá iniciará o processo de
consulta pública para a criação de unidades de conservação de uso sustentável
na Lagoa dos Índios, entre os municípios de Santana e Macapá, capital do
Estado. A área comporta uma comunidade quilombola.
A princípio a ideia é criar um mosaico de
áreas protegidas na localidade, que se estendem pelos 2 municípios. Serão
criadas três unidades de conservação. A primeira seria uma APA – Área de
Proteção Ambiental as outras duas unidades seriam do tipo Área de Relevante
Interesse Ecológico (ARIE), que na classificação do Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), também é de uso sustentável.
A preocupação maior é consultar os que ali já
habitam, e mantê-los informados de que não podem expandir seus negócios e nem
construir novas residências. O equilíbrio entre o homem e a natureza não pode
romper-se. As comunidades ribeirinhas e indígenas instaladas devem ter
prioridade e não deixar as ONGs conservacionistas decidirem sobre a
sobrevivência da floresta e dos que ali residem. Eles reivindicam o direito de
pescar, catar iscas e morar na região em que vivem, há décadas – no caso dos
indígenas, há séculos. E porque não desenvolver o ecoturismo contemplativo, de
lazer e de aventura, com observação de animais silvestres, abertura de trilhas,
banhos de cachoeiras e piscinas naturais. Estaremos preservando, e o homem
convivendo em paz com a natureza, e seus moradores se beneficiando do que eles
escolheram para viver.
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