sexta-feira, 9 de março de 2018

Editorial


Preservar e Conservar

Quando se fala em preservação de uma determinada área, esta deve ser entendida como aquela área que não poderá sofrer qualquer tipo de alteração antrópica, ou seja, a área estará em regime de proteção integral. Quando se tratar de conservação, esta deve ser entendida como uma determinada área que será reservada a um regime especial de proteção diferente da anterior, neste caso já poderá haver intervenção antrópica, desde que seja de forma sustentável.
Diante do cenário mundial, onde os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos, o ar contaminado, as águas poluídas, cientistas, governo e sociedade se unem buscando uma minimização, ou para os mais otimistas, uma solução para a crise ambiental. Muitos apostam na sustentabilidade, outros na educação ambiental, mas a maioria aposta na preservação e conservação dos recursos naturais.
O Amapá é um Estado preservado e que se conserva ecologicamente e deve merecer atenção especial no contexto regional, nacional e internacional, uma vez que 62% do seu território está sob modalidades especiais de proteção. São dezenove unidades de conservação, totalizando 8.798.040,31ha (hectares), doze das quais federais, cinco estaduais e duas municipais. São oito unidades de proteção integral e onze de uso sustentável, as primeiras ocupando quase 60% do total da área protegida.
O Amapá não pode ser ignorado quando se tratar de discutir sobre a preservação ecológica e da biodiversidade da Amazônia, pois é a unidade federativa mais conservada do Brasil. Por todos os motivos mencionados acima, o Estado ocupa uma posição desafiadora para a conservação.
De certa forma, o Amapá parece destinado a testar os limites das relações entre conservação e desenvolvimento e com aproximadamente 95% dos seus ecossistemas naturais intactos. Na medida em que 70% do território amapaense encontra-se regularizado sob alguma forma de proteção ou de restrição de uso é premente discutir como compensar a população do Amapá pelos serviços ambientais prestados pelas UCs e pelas populações tradicionais e indígenas que contribuem para esta conservação.
Deve-se fomentar atividades como transferências fiscais, formação de fundos de sustentabilidade, doações financeiras, investimentos nas próprias UCs, programas de pesquisa científica e educação ambiental, estímulos ao ecoturismo, financiamento e assistência técnica a atividades produtivas sustentáveis, marketing verde e certificação ambiental de produtos locais.  Esses são alguns mecanismos, não excludentes entre si, que podem proporcionar à população amapaense um nível digno de qualidade de vida e, ao mesmo tempo, contribuir para manter a fantástica riqueza natural do Estado do Amapá. Este é um resultado da crescente manifestação de interesse sobre as UCs do Amapá e contribui para ampliar o valor a elas atribuído.
Mas o Amapá quer mais preservação e conservação, pois nesta semana o governo do Amapá iniciará o processo de consulta pública para a criação de unidades de conservação de uso sustentável na Lagoa dos Índios, entre os municípios de Santana e Macapá, capital do Estado. A área comporta uma comunidade quilombola.
A princípio a ideia é criar um mosaico de áreas protegidas na localidade, que se estendem pelos 2 municípios. Serão criadas três unidades de conservação. A primeira seria uma APA – Área de Proteção Ambiental as outras duas unidades seriam do tipo Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), que na classificação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), também é de uso sustentável.
A preocupação maior é consultar os que ali já habitam, e mantê-los informados de que não podem expandir seus negócios e nem construir novas residências. O equilíbrio entre o homem e a natureza não pode romper-se. As comunidades ribeirinhas e indígenas instaladas devem ter prioridade e não deixar as ONGs conservacionistas decidirem sobre a sobrevivência da floresta e dos que ali residem. Eles reivindicam o direito de pescar, catar iscas e morar na região em que vivem, há décadas – no caso dos indígenas, há séculos. E porque não desenvolver o ecoturismo contemplativo, de lazer e de aventura, com observação de animais silvestres, abertura de trilhas, banhos de cachoeiras e piscinas naturais. Estaremos preservando, e o homem convivendo em paz com a natureza, e seus moradores se beneficiando do que eles escolheram para viver.

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