sábado, 3 de março de 2018

Fenômeno “Terras Caídas”




Fenômeno “Terras Caídas”
Situação de emergência no Arquipélago do Bailique e Itaubal






Reinaldo Coelho

 Estas últimas semanas tem sido de grande expectativas, para os moradores ribeirinhos das comunidades do Arquipélago de Bailique e do município de Itaubal, pois o fenômeno natural “terras caída” que tem se intensificado nos últimos anos, vem recebendo de parte do governo estadual ações para que seja encontrado uma solução que amenize o sofrimentos desses cidadãos.

O estudo técnico determinado pelo governador Waldez Góes par sua equipe de técnicos foi apresentado dia 23 e, e ao mesmo tempo o governador decretou Estado de Emergência, com a determinação de que uma equipe de 60 pessoas se encaminhasse até o arquipélago. Essa equipe, coordenada pela Defesa Civil, reuniu-se na última quinta-feira (01) para traçar as ações a serem executadas nas comunidades de Bailique.


Estudos concluídos


Os estudos sobre o fenômeno de terras caídas na região do Bailique iniciaram há três anos, depois da criação de um grupo de trabalho formado pela Defesa Civil do Amapá, Imap, Iepa, Seed, Seinf e Sims. O objetivo foi realizar um levantamento detalhado sobre o número de moradores do distrito, que estão sendo impactados pelo desbarrancamento das margens do rio. Em outra frente, os órgãos de pesquisa ficaram encarregados de fazer o mapeamento dos danos e projeções futuras do avanço do fenômeno nas ilhas do distrito.

Os pesquisadores já realizaram algumas projeções com
dados da Base Cartográfica do Amapá, levantados pelo Exército Brasileiro. Simuladas em computador, as imagens consideraram variáveis como sedimentação, maré, nível de elevação, ação antrópica (desmatamento, impactos da circulação de embarcações e retirada da mata ciliar). A projeção indica um avanço de dez metros, por ano, na margem do rio.

O resultado do trabalho realizado pelas equipes do Governo do Amapá foi apresentado, aos representantes das comunidades do Arquipélago do Bailique, distrito de Macapá, um estudo de projeção, para daqui há 25 anos, sobre o fenômeno “terras caídas”, que todo o ano castiga a região. O evento natural ocorre em apenas três países: Brasil, Estados Unidos e Japão, segundo os pesquisadores. O estudo foi apresentado em reunião no Palácio do Setentrião.

Os técnicos alertaram que esse processo pode ser
intensificado ou diminuído. E o governo do Estado resolveu se antecipar com o planejamento de ações em relação aos fenômenos naturais, mantendo a população informada de todos os estudos e mostrando como vai ficar a costa do Bailique daqui a 25 anos.

O Governo do Estado do Amapá (GEA) decretou, no último dia 23, Situação de Emergência nas áreas dos municípios de Macapá e Itaubal afetadas pelo fenômeno “terras caídas”. Com base neste decreto, uma força-tarefa gerenciada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) será enviada ao Arquipélago do Bailique, para que, através de uma audiência com a comunidade no dia 10 de março, sejam traçadas ações do Estado para amenizar os danos às comunidades.

O chefe adjunto do gabinete civil do governador, Carlos Marques, presidiu nesta quarta-feira, 28, uma reunião, no Palácio do Setentrião, com os representantes dos órgãos da força-tarefa. A equipe de governo deve ser composta por 60 pessoas, entre gestores e técnicos.

Na audiência com a comunidade, cada pasta irá expor propostas de intervenções, que estão embasadas no estudo de impacto do fenômeno terras caídas, traçado desde 2015 por órgãos estaduais. Este estudo foi apresentado para lideranças comunitárias do Bailique na semana passada.
 
Representantes dos órgãos que compõem a força-tarefa participaram de uma reunião nesta quarta-feira, no Palácio do Setentrião
Segundo Carlos Marques, a audiência pública do dia 10 de março visa alcançar o maior número possível de moradores, para que sejam esclarecidas dúvidas e para que eles façam suas contribuições acerca do que o governo pretende fazer. “Essas pessoas já convivem há décadas com esse fenômeno, e têm muito a contribuir com o nosso trabalho. Prezar pelo bem-estar e pela dignidade deles é o nosso objetivo”, ressaltou Marques.


Serão pontuadas no encontro, de acordo com Marques, estratégias de remoção das residências às margens do rio; reestabelecimento dos serviços básicos como fornecimento de água tratada e distribuição de kits de tratamento de água domiciliar; distribuição de energia elétrica e recuperação de postes atingidos - trabalho que já está sendo feito por equipes da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) desde o início desta semana; condições estruturais das escolas – além das ações emergenciais já executadas – para que os alunos sejam acolhidos com segurança, tranquilidade e garantindo-lhes o direito de prosseguimento das aulas normalmente; dentre outras demandas.

Na reunião desta quarta-feira, também ficou estabelecido, que na próxima semana, haverá uma reunião entre membros do governo e de órgãos externos que podem contribuir com as estratégias para a região, como o Ministério Público Federal (MPF), a Prefeitura Municipal de Macapá (PMM), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e outros.

A força-tarefa, além da Cedec, Gabinete Civil do governador e CEA, é composta pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa); Corpo de Bombeiros do Estado do Amapá (CBM/AP); Secretarias de Estado do Meio Ambiente (Sema); da Educação (Seed); de Inclusão e Mobilização Social (Sims); Instituto de Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial (Imap), Sistema Integrado de Atendimento ao Cidadão (SIAC/Super Fácil); Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa); Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap); dentre

Estudos de controle e ações definitivas

Desde 2015, os órgãos estaduais se empenham em estudos para obter um quadro geral da complexidade do fenômeno “terras caídas” e suas possíveis soluções. Entre elas, está a transferência das comunidades do arquipélago para outro local, porque a região ficará coberta pela água.

Paralelo aos estudos, medidas emergenciais estão sendo estabelecidas com a Defesa Civil Estadual, Gabinete Civil, secretarias de Educação (Seed), Meio Ambiente (Sema), Infraestrutura (Seinf), Comunicação (Secom), Ciência e Tecnologia (Setec), Inclusão e Mobilização Social (Sims), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa) e Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), para que a vida da população seja resguardada, no Bailique.

Iepa

O diretor de pesquisa do Iepa, Patrick Cantuária, relatou que existem três fatos que ocasionam o fenômeno “terras caídas”, no Bailique. O evento é identificado como correntes: Norte Brasileira, Circulação Natural do Rio e Sentido Contrário. “Essas correntes são intensificadas e diminuídas de acordo com clima que, no caso de 2018, foi intensificado pelo fenômeno La Niña [diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental]”, detalhou.

Cantuária mencionou outros motivos que contribuem para a aceleração desses fenômenos. Ele chamou o “terras caídas” de hidrodinâmica vinda como correntes de vários locais e disse que as regiões atingidas são castigadas por causa da não consolidação do solo. “Ou seja, porque, são mais frágeis e, ainda não se sedimentaram, aumentando o processo de erosão”, complementou.

Defesa Civil

O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM/AP) e coordenador Estadual de Defesa Civil (Cedec/AP), coronel Wagner Coelho, informou que 13 comunidades estão sendo monitoradas no Arquipélago do Bailique. São elas: Igarapé Grande do Curuá, Salmo 21, Limão do Curuá, Itamatatuba, Ilhinha, Foz do Gurijuba, Junco, Andiroba, São Pedro, Franco Grande, Ponte da Esperança, Vila Progresso e Vila Macedônia. Dessas 13 comunidades, sete estão em maior risco: Itamatatuba, São Pedro, Vila Macedônia, Vila Progresso, Igarapé Grande do Curuá, Ilhinha e Boa Esperança.

Equipes do Governo do Amapá estiveram na região, no mês passado, para fazer um levantamento das famílias atingidas pelo fenômeno “terras caídas” e um diagnóstico dos danos causados aos serviços públicos essenciais. O relatório da Cedec, que gerencia os trabalhos, apontou 154 famílias, correspondendo a 715 pessoas.

Desse total, 395 são adultos, 282 crianças e adolescentes e 38 idosos e cinco gestantes. Além do cadastramento por faixa-etária, foi consolidado o relatório fotográfico com georreferenciamento; mapeamento da infraestrutura das passarelas e residências; diagnóstico da estrutura de abastecimento de água potável e de fornecimento de energia elétrica.

“Existem quatro escolas, um posto de saúde, um posto da Caesa, 84 portes de energia elétrica iminentes de queda e 1,5 mil metros de passarelas e 85 metros de pontes danificadas”, elencou o coronel Wagner Coelho.

Caesa

O diretor técnico da Caesa, João Paulo Monteiro, informou que a companhia irá disponibilizar kits de tratamento domiciliar, para atender às famílias carentes que precisam de suporte para o tratamento de água.

Também serão dadas orientações para o uso dos produtos do kit domiciliar que contém, um balde de 50 litros (para o depósito da água bruta); recipientes plásticos (para depositar produtos químicos); sulfato de alumínio (produto químico que possibilita a decantação da sujeira); cal hidratada (que corrige o PH [potencial de hidrogênio] da água); colher dosadora (para a medição dos produtos); hipoclorito de sódio (para combater as bactérias) e paleta de madeira (agitador manual para dissolução dos produtos).

CEA

O gerente do Departamento de Serviço de Distribuição da CEA, Rafael Leite Santos, garantiu que a companhia mantém uma equipe técnica no Bailique, para a manutenção contínua da rede elétrica. E, com base em relatório técnico sobre a erosão, elaborado pelo Iepa, irá projetar novos planos para a rede de distribuição de energia, a fim de estruturar o sistema elétrico.

No entanto, a CEA entende que, em função do avanço da erosão sobre as margens, a solução definitiva para garantir estabilidade ao fornecimento de energia no distrito, é a reconstrução da rede aérea, utilizando tecnologias adequadas para regiões inundáveis e/ou adoção de sistemas alternativos de geração de energia. Isto porque, o fenômeno também vem afetando a distribuição de energia em comunidades ao longo das ilhas que compõem o arquipélago.

Rafael disse, ainda, que estão sendo feitos levantamentos desde o mês passado, nos quais se verificaram pontos mais críticos em torno da Vila Progresso e Macedônia. “Com o último fenômeno, 84 postes de energia elétrica ficaram na iminência de queda. Por causa disso, no período de 25 de fevereiro a 3 de março, uma equipe irá reforçar e trocar de 20 a 30% dos postes”, anunciou.




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