Lagoa dos Índios – Um mosaico de áreas protegidas
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A área que será ocupada pelas 3 unidades de conservação. |
O Governo do Amapá iniciará o processo de consulta
pública para a criação de unidades de conservação de uso sustentável na Lagoa
dos Índios, entre os municípios de Santana e Macapá. Serão propostos uma Área de Proteção Ambiental (APA) e duas Áreas de
Relevante Interesse Ecológico (ARIE).
Reinaldo Coelho
Nesta semana o governo do Amapá
iniciará o processo de consulta pública para a criação de unidades de
conservação de uso sustentável na Lagoa dos Índios, entre os municípios de
Santana e Macapá, capital do Estado. A área comporta uma comunidade quilombola.
A área em questão possui aproximadamente 5.420
hectares e abrange ressacas dos municípios, com extensão que vai desde a Linha Verde,
na zona oeste da capital, até a margem direita do Igarapé da Fortaleza, na
cidade vizinha. A princípio a ideia é criar um mosaico de áreas protegidas
na localidade, que se estende pelos 2 municípios.
Serão
propostos uma Área de Proteção Ambiental (APA) e duas de Relevante Interesse
Ecológico (ARIE).
Segundo a proposta, dentro desse perímetro, serão
criadas três unidades de conservação. A primeira seria uma APA – Área de
Proteção Ambiental – que compreenderia a própria Lagoa dos Índios, entre a Linha
Verde e a Ressaca do Tacacá, atrás do Parque Zoobotânico de Macapá. As outras
duas unidades seriam do tipo Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), que
na classificação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC),
também é de uso sustentável. As duas estariam entre as margens de Santana e a
Ressaca do Tacacá.
GEA e
MPE/Ap
De acordo com a analista ambiental da SEMA, Isis
Couto, a proposta surgiu de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado
em 2017 entre o governo do Estado e Ministério Público, como forma de
compensação pelas intervenções no meio ambiente feitas nas obras de duplicação
da Rodovia Duca Serra e pavimentação da Linha Verde. Segundo ela, os dois
empreendimentos estariam impulsionando a ocupação do entorno da Lagoa, devido
ao valor imobiliário agregado pelas duas obras. “Daí surgiu a preocupação com a degradação desse patrimônio ambiental”,
reforçou.
Ela destaca que o processo de consulta pública é
apenas uma das seis etapas previstas no TAC. O procedimento se dará nas formas
presencial e online. Nos próximos dias, haverá duas audiências com as
comunidades dos dois municípios para debater o tema: dia 13, em Macapá, em
local a confirmar; e dia 15, em Santana, na Assembleia de Deus, no Igarapé da
Fortaleza.
Já no procedimento de consulta online, a população
deverá responder a um questionário, que estará disponível de 13 março a 4 de
abril. Por enquanto estão disponíveis o relatório técnico e o parecer, estudos
que apresentam a proposta de criação da nova unidade de conservação. “De acordo com a legislação, é a população
quem deve decidir, por isso, todos os cidadãos devem participar do processo”, alerta
a analista ambiental da Sema.
Isis Couto destaca, ainda, que a área é importante
nos aspectos ambiental e econômico. Ela lembra que por estar localizada na zona
metropolitana dos dois maiores municípios do Estado, a área, caso seja
transformada em unidade de conservação, deverá influenciar diretamente nos
Planos Diretores de Macapá e Santana.
“Os
empreendimentos já existem, sejam eles imobiliários, escolares, de extração de
argila, por exemplo, teriam que apresentar estudos, como plano de manejo, de
compensação ambiental, para continuar em funcionamento. A instalação de novos
empreendimentos estaria proibida a partir da implantação da unidade. Por esses
motivos é que a população deve participar”, reforçou Isis Couto.
O
secretário de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Bernardino dos Santos, reforçou
esse posicionamento com referência aos empreendimentos já instalados no entorno
da Lagoa os Índios não serão afetados. “Alguns já entraram em entendimento com
o Ministério Público Estadual, através da assinatura de um Termo de Ajustamento
de Conduta (TAC). Não temos mais como intervir nestas áreas, porém, onde ainda
não aconteceram as ocupações vamos preservar”.
O titular
da SEMA ressaltou o otimismo do governador Waldez Góes na implantação dessas
áreas de preservação. “Sou geólogo e destaco que essa área de preservação já
deveria ter ido criada há muito tempo. Porque daqui a cem anos esta área fará
parte do centro urbano de Macapá e Santana. Nós precisamos tê-las preservadas.
Se não teremos um Rio Tietê no centro de Macapá”.
Com
referência as compensações que devem ser realizadas para quem ali já está
estabelecido, só poderá acontecer depois da criação das áreas de preservação.
“Após a criação das APA e ARIE é que poderemos intervir para que possa ser
feitas as compensações. Enquanto se brigava de quem era as terras (Estado, Prefeitura
ou União), as pessoas foram invadindo. Não houve um controle social”.
Para os
ambientalistas esse é um momento importante. “Se não fizermos isso agora vamos ter dificuldades de fazer lá na
frente quando tiver invadida a área”.
Rodovia
Duca Serra
Bernardino dos Santos destaca que esse será mais um
dos benefícios que a Rodovia Duca Serra irá deixar, além da mobilidade urbana
de Macapá e Santana que vai melhorar muito o fluxo de trafego na Região
Metropolitana. “Além da melhoria da
mobilidade a criação da três Unidades de Conservação nesta área da Lagoa os
Índios”.
Corredor biológico
Após a criação das
Unidades de Conservação, o Estado deverá criar o Plano de Manejo para ver qual
o tipo de atividade econômica pode ser feita nesta área. “Mesmo com a presença de pessoas dentro dessas áreas, inclusive de
empresas oleiras, existe uma biodiversidade que precisa ser preservada. Ela
dará condições desse pessoal permanecer dentro da área, mas sem expansão. O que
existe não pode ser ampliado os empreendimentos. Vai chegar um momento vai
acabar essas explorações”.
Consultas
A primeira consulta está marcada para acontecer na
próxima terça-feira, 13/03, às 09h00 da manhã, na Faculdade de Macapá
(FAMA).
A SEMA também realizará, no dia 15/03, uma consulta no município
de Santana. A reunião acontecerá na Assembleia de Deus, no bairro
Igarapé da Fortaleza, às 09h00.
Há também um procedimento de consulta online, através do qual a população poderá
responder a um questionário, que estará disponível de 13/03 a 04/04. Por
enquanto estão disponíveis o relatório técnico e o parecer, estudos que apresentam a proposta de criação da
nova Unidade de Conservação. “De acordo com a legislação, é a população quem deve
decidir, por isso todos os cidadãos devem participar do processo”, lembrou o
secretário da SEMA.
Área de Preservação Ambiental
(APA) da Lagoa dos Índios já foi alvo de queimadas, desmatamento e caça de
animais.
Ao longo das últimas
décadas a Lagoa dos Índios, área de proteção de uso sustentável na Zona Oeste,
vem sendo alvo de desmatamento, queimadas irregulares, caça de animais e
invasões, informou a SEMA. O Ministério Público do Estado e a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente vinham recebendo denúncias de moradores na região sobre
os impactos ambientais que prejudicam a preservação do local.
De acordo com
Bernardino dos Santos – Secretário de Estado do Meio Ambiente – “Nos comprometemos
em fazer este projeto que inclui várias etapas até chegar homologação. Mas
antes precisamos fazer a consulta pública para saber se a população de fato
quer que seja criada essa unidade. É o momento de discutir que efeitos o uso
dos bens naturais de forma sustentável vai beneficiar todos os envolvidos”,
enfatizou.
A criação da unidade de
conservação vai incluir, além da Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoa dos
Índios, outras duas áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIEs) que abrangem
regiões dos municípios de Macapá e Santana, especialmente no bairro Igarapé da
Fortaleza. A analista ambiental da Sema, Isis de Couto, reforçou que, com a
homologação do processo, os investimentos serão mais rigorosos na preservação
ambiental.
“O projeto é
regulamentado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação e visamos o uso
sustentável. Tanto a APA quanto as ARIE tem muitas unidades a serem preservadas
e pretendemos nos comprometer para conservar para o futuro. Os investimentos
que serão feitos deverão seguir as exigências dos órgãos de controle”,
destacou.
Além da preservação, a
unidade de conservação pretende investir no potencial econômico, social e
turístico nas áreas, completou o secretário.
“É uma área de grande
expansão, empreendimentos econômicos, exploração mineral, piscicultura, e a
parte turística. Esperamos que ao aprovar o projeto possamos trabalhar dentro
deste contexto a unidade de conservação”, concluiu.
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