sábado, 3 de março de 2018

MULHER!





 Reinaldo Coelho



No Brasil 1 em cada 3 pessoas culpa a própria mulher pelo estupro sofrido. A cada 11 minutos uma brasileira é violentada. Empoderar as mulheres – no trabalho e em toda a sociedade – é uma questão ética e de sobrevivência.

A muito custo e com muito atraso as mulheres têm assumido cada vez mais postos de trabalho, funções diretivas e papéis de influência na sociedade. Uma participação equitativa de homens e mulheres nos mais diversos âmbitos é uma necessidade para o bem comum de qualquer comunidade.
O papel da mulher no século XXI exige que sejam muitas em uma só: que cuidem da sua casa, família e também da sua carreira profissional. Mas esse papel só foi conquistado através de muita luta ao longo da história.
Foi unindo-se em torno dessas lutas por reconhecimento que as mulheres começaram a ocupar um espaço antes reservado somente aos homens, o público. Das lutas eventuais passaram aos movimentos sociais de maior expressão em busca da igualdade, de reconhecimento e de respeito às diferenças naturalmente existentes entre homens e mulheres. Foi assim que as mulheres adquiriram uma nova identidade, o que possibilitou uma nova história das mulheres, agora com direitos assegurados formalmente e inseridas nos diversos campos de atuação do mercado de trabalho. Como podemos constatar a partir das diversas experiências relatadas nesta matéria, através de depoimentos de mulheres que se destacaram dentro de suas respectivas áreas e influenciam as ações públicas/privadas dentro da sociedade amapaense.

Mulher submissa

A sociedade patriarcal colocou (e ainda coloca) mulheres em posições subordinadas. A elas cabia apenas o papel de dona de casa: deviam tomar conta da casa, de seus filhos e de seu marido. Uma conquista feminista importante do século XX foi o direito ao voto, que no Brasil ocorreu em 1932. Na década de 1950 muitos padrões foram questionados pelos jovens da época. Com o movimento “hippie”, dos anos 1960 e 1970, a mulher encontrou mais liberdade, já que os padrões impostos pela sociedade patriarcal foram quebrados pelos hippies. Aconteceram grandes transgressões relacionadas ao papel da mulher, que tangiam sua liberação sexual e também a quebra de tabus em relação ao divórcio.
Pode-se dizer também que a luta das mulheres teve muita força durante os anos 1970, dentro da ditadura militar no Brasil. O movimento feminista da época queria restaurar a democracia e também emancipar as mulheres como cidadãs atuantes, tendo seus direitos respeitados.
Foi no final do século passado que vimos um grande aumento no número de mulheres no mercado de trabalho, assumindo posições que antes eram delegadas somente a homens, como cargos de diretorias e gerência de empresas, bem como cargos de alta responsabilidade, como a presidência do Brasil.

A mulher no século XXI

O século XXI atesta a nova realidade com mulheres inseridas no mercado de trabalho em diversas áreas de atuação à frente de postos de comando, mulheres independentes que não mais se sujeitam à violência por parte dos maridos ou companheiros, mulheres com voz ativa na sociedade tomando decisões importantes no contexto social, mulheres com liberdade e direito de expressão, enfim, mulheres cidadãs, porém isso não quer dizer que as desigualdades deixaram de existir, elas persistem, todavia de forma mais amena, vez que grande parcela da população de mulheres, atualmente, não silencia.
Até aqui vimos que a conquista dos direitos das mulheres levou à ascensão social. No entanto, ainda há muitos progressos a serem alcançados. Sabemos que as conquistas acabaram levando à jornada dupla de trabalho: trabalham fora e dentro de casa, tendo que equilibrar a vida pessoal e profissional, muitas vezes sem conseguir ter tempo de cuidarmos de si mesmas.
Outro problema é o preconceito de gênero, que leva à desigualdade salarial e à violência contra a mulher. A grande maioria dos homens tem muita resistência em aceitá-las em posições de liderança. Existem as diferenças, e elas devem ser celebradas; e o diálogo é uma poderosa ferramenta para encontrar soluções para as desigualdades.
Mas, afinal, qual é o papel da mulher no século XXI? Com maior autonomia, conquistaram mais liberdade e responsabilidades. Deixaram de ser coadjuvantes para serem donas de nossas próprias vidas. Muitas pessoas já se mostram abertas, e podem ajudar a construir uma sociedade mais justa.

Acompanhe depoimentos de mulheres amapaenses que atuam nos diversos segmentos sociais, evoluíram, e ajudam a evolução do papel da mulher neste século XXI.

Com o advento da Constituição de 1988 percebeu-se que houve um aumento considerável de mulheres ocupando cargos importantes em diversas áreas de atuação, as mulheres aprovadas em concursos públicos para os cargos de Juiz de Direito, Promotor de Justiça, Delegados de Polícia, Defensores Públicos, e o mais recente o acesso da mulheres a Academia Militar de Agulhas Negras, dentre outros tantos, que têm tido altos índices de aprovação de candidatas do sexo feminino, o que demonstra que elas estão, sim, crescendo profissionalmente e atingindo postos de comando nunca antes visto na história do Brasil.
Conhecer suas histórias pode não fazer compreender completamente o momento presente, mas identifica os valores que as mulheres possuem, por tanto tempo escondidos no silêncio das suas ausências de expressão, principalmente no campo profissional em cuja área de atuação predomina o gênero masculino. O que se percebe é que “elas” estão deixando o anonimato, o trabalho silencioso, para fazer valer suas angústias, suas ideias, suas buscas, seus objetivos, suas opiniões. Acompanhe a história dessas mulheres guerreiras do Amapá

A mulher na Política      


Deputada Estadual Marília Góes (PDT)
Deputada Estadual Marília Góes (PDT) “A política é mais um campo de empoderamento da mulher, um espaço que antes era ocupado apenas por homens e agora vivemos a mudança neste cenário. A Assembleia Legislativa do Amapá possui proporcionalmente a maior bancada feminina do país, dos 24 deputados, 11 são mulheres. Isso representa um avanço na política e um avanço para nós mulheres, que estamos lutando e ocupando nossos espaços.  Temos competência e habilidade para propor leis que beneficiem a mulher amapaense. Acredito que a mulher está se empoderando e buscando cada vez mais melhorias para a sociedade. Enfrentamos tantas dificuldades, preconceitos, humilhações que sabemos o que é preciso para construir uma sociedade mais justa e igualitária, mesmo com aqueles pensamentos pequenos de que mulher não entende de política, quando na verdade não só entendemos, como também sabemos fazer política. Nós representamos parte da população que deseja conquistar mais cargos públicos e maior participação feminina na política. Para analisarmos o cenário brasileiro podemos comparar o Amapá com o Estado de São Paulo, onde dos 94 deputados, apenas 10 são mulheres. Então fica claro que precisamos de mais mulheres na política garantindo a participação plena e efetiva, levando para outros Estados a realidade do Amapá e oportunizando a tomada de decisões em conjunto com os homens, porque o lugar da mulher é em todo lugar, inclusive na política”.

A Mulher política e negra


Deputada estadual Cristina Almeida (PSB)
Deputada Estadual Cristina Almeida (PSB) – “A trajetória da mulher negra na política foi marcada por resistências e muita coragem. No decorrer dessa caminhada tivemos a conquista de votar e ser votada, marcando nas primeiras décadas do Século XX e o também o Código Eleitoral de 1932, que garantiu o direito ao voto com restrições, que era a mulher casada, só com autorização do marido e as solteiras e viúvas que tivessem renda própria. Isso a menos de meio século da Abolição da Escravatura e o que justifica os dados de que o número de mulheres negras beneficiadas por essa lei era significativamente reduzido. Mas temos registros da primeira mulher negra eleita no Brasil, Antonieta de Barros, que foi em Santa Catarina, em 1934, ela assumiu o mandato de Deputada Estadual em 1970 e verificou-se uma profunda transformação, não só na demanda da mulher que era bastante silenciada, como a compreensão de ser mulher e que ela representa para a sociedade e ai o grande desafio imposto por ela com a consciência do crescimento ele se dá com o conhecimento. Então a mulher passou a ter voz própria e isso muito, muito importante. E quando se fala do empoderamento da mulher negra, temos a expectativa de mudança muito lenta, pois é a necessidade de uma mudança profunda. Que tem que modificar a estrutura social de forma radical. Até porque vai mexer com privilégios de uma oligarquia que se perpetua na sociedade. Pode ser observado na Câmara Federal, onde temos 513 deputados federais, 53 são mulheres e 7 são negras. Aqui no Estado do Amapá batemos o recorde, com o maior número de mulheres no parlamento, dos 24 deputados, 11 são mulheres e somente duas se auto declaram mulheres negras. Falo com muita propriedade neste tema Mulher Negra, porque em 2006 iniciei minha trajetória política disputando a eleição, com um dos maiores coronéis da política brasileira. Onde saímos vitoriosos, perdemos nas urnas, mas ganhamos politicamente, pois ali fizemos meu concorrente repensar a forma de fazer política, pois para se representar um Estado um País precisa ter muito comprometimento com o povo.
Dois anos depois fui eleita vereadora de Macapá e fui a primeira mulher negra a assumir um parlamento. Dois anos eleita a primeira mulher negra para um mandato estadual. Dois anos depois concorri a Prefeitura de Macapá, muito bem posicionada. Posterior participei da reeleição do parlamento estadual. O que observamos hoje que a grande dificuldade da inserção da mulher dentro do espaço do poder continua sendo é a cultura machista, racista. O que temos na sociedade ela se reflete dentro do parlamentos, dentro dos partidos políticos, se temos uma sociedade machista e racista, vivenciamos isso nos partidos e no parlamento. Homens comprometidos, que compreendem essa relação de gêneros da cidadania, dos direitos iguais, mas temos também aqueles machistas. Isso continua sendo um dos principais entraves para que isso possa ser superado definitivamente. Eu sempre coloco para as mulheres: Devemos nos colocar para a disputa eleitoral e não podemos nunca desistir. Ao contrário resistência, resistir, resistir e desistir jamais”.
A mulher na gestão pública


Goreth Sousa, secretária de Educação do Estado do Amapá
Goreth Souza, secretária de Estado da Educação do Amapá e Coach – “O dia 8 de março vem chegando e com ele muita reflexão: o reconhecimento do meu lugar de privilégio, acesso a boa moradia, boa educação e o incentivo familiar para construir minha carreira profissional, o que me ajudou a chegar a um alto cargo na gestão pública. Reconheço que tantas conquistas não são realidade da maioria das mulheres, principalmente para algumas de minha faixa etária que por vezes acabam carregando consigo aquela velha ideia, passada de geração em geração, de que as mulheres deveriam restringir-se ao seu espaço privado (dentro do lar), deixando que todo o trabalho, as decisões e o mérito fossem dos homens.
É importante sempre lembrar que as mulheres não são iguais e, assim, não são tratadas da mesma forma; a raça, classe social e nível educacional não podem ser ignorados. No entanto, nós mulheres, passamos pelas mesmas coisas, mas de formas e intensidades diferentes.
Como Coach convido você a refletir nesse dia tão especial e ajudar a fortalecer o debate sobre o papel da mulher no século 21:
O que vem a sua mente, mulher, quando chegam perto as comemorações do dia 08 de março? Você se sente “vitoriosa” nessa luta? Sente que seu trabalho é sempre reconhecido devidamente? Está confiante para conviver em qualquer espaço (seja ele de trabalho, no âmbito escolar, familiar, no seu relacionamento, etc.) onde o fato de ser mulher não pese em absoluto? Sente-se livre para andar com a roupa que desejar, na hora que desejar, frequentar qualquer ambiente tranquilamente, sem o medo dos julgamentos e dos assédios?
O “08 de março” acabou sendo dominado pelas vontades do mercado e, assim, sendo negligenciado o real motivo da comemoração, quando na verdade o Dia Internacional da Mulher celebra a força das mulheres por lutar pela igualdade de condições, políticas e de direitos.
Precisamos que as mulheres continuem na luta para que passem a ocupar mais cargos de gestão (ainda dominado pelos homens) para que assim nossas vozes possam ser ouvidas, para que a narrativa possa ser contata também da perspectiva da mulher, para que possamos ser protagonistas de nossa própria história de luta e sucesso, em que, no futuro, todo dia seja celebrado o “Dia de Todos”, com igualdade e justiça de direitos e deveres- para homens e mulheres”.




 
Magaly Xavier
Magaly Xavier – diretora Comercial e de Negócios da Companhia de Água e Esgoto do Amapá – CAESA.

A mulher não só tem se destacado nessas duas décadas, como tem demonstrado força para enfrentar as diversidades e criado empoderamento. Na verdade, a mulher descobriu que é forte e competitiva. Minha experiência e trajetória pessoal me garantem isso. Fui criada por uma família, não para ser presa ou controlada, e sim para que eu estivesse preparada para os anos 2000. Uma frase que meu pai sempre me dizia:  ‘Minha filha, se prepare para o futuro, para nunca depender de ninguém, nem de seus próprios pais, nem de marido". Me dando a opção de escolha, e não que eu tivesse obrigação de ter um marido, uma família, como a maioria das mulheres foram programadas e minha mãe, acompanhava bem esse mesmo pensamento, nos preparou para a vida sexual, por exemplo, mas com responsabilidade. Fui preparada para ser uma profissional liberal e com essa visão, desde cedo criei minha independência.
Aos 13 anos, passei 21 dias sozinha nos Estados Unidos e fui emancipada por meu pai aos 16 anos, com conta bancária e cartão de crédito, não para mostrar que fóssemos ricos e sim para que eu aprendesse a administrar com responsabilidade econômica.
Meus pais criaram duas mulheres muito fortes. Minha irmã Marília Góes, é delegada de polícia, deputada estadual, esposa do governador do Estado (Waldez Góes) e tem destaque na sociedade com um empoderamento fantástico. Eu, sou arquiteta com especialização, funcionária pública, diretora de uma empresa estatal, superintendente e envolvimento político e por aí vai. Essas são conquistas que nos mesmas construímos, com base familiar.
Mas não adianta você ter uma base fantástica, se você não tem o desejo de busca pela conquista. Então as mulheres têm que buscar, e hoje assumimos esse papel, de buscar conhecimento, força de trabalho e oportunidades.
Para se ter ideia, 50% das mulheres que eram submissas, passaram a ajudar a família, através da confecção de roupas, bolos e outras atividade para sustentar a casa. Os anos 2000 foram os anos da Mulher, estamos voltando as nossas origens, espiritualmente falando, as mulheres eram que mandavam. Não é no sentido de ser mandatária e sim, porque o instinto feminino é tão forte, que ela protegia a família inteira e ela era a protetora.
Infelizmente, a Igreja Católica através da invenção do ‘diabo’, com a ameaças da ida pro inferno, colocou medos nas mulheres e elas passaram a ser subjugadas. Agora chega de subjugação, chega de medo. As mulheres hoje são mais corajosas. Devemos viver em igualdade, claro em algumas características e em desigualdade, em outras. Então vamos dar importância aos homens e as mulheres, mas de maneira respeitosa e equilibrada.

A mulher na magistratura

 

Desembargadora Sueli Pini
Desembargadora Sueli Pini – vice-presidente e Corregedora Geral do TRE-Ap, ex-presidente do TJAP – “Quando ingressei na magistratura sabia que seria um desafio enorme. Sei que não podemos agradar a todos, mas acredito que tudo que conquistamos ao longo desses 27 anos de Justiça no Amapá, teve muitos mais acertos do que enganos. Outros me sucederão e é assim que deve ser. Sou apenas mais uma impulsionadora desta grande máquina chamada Justiça do Amapá. Muito já conquistamos, mas ainda há muito a ser feito”.
“Sempre estive um passo à frente das regras estabelecidas para as mulheres. Paranaense de Sertanópolis, filha de camponeses, dar para perceber quais eram as regras que eu tinha na época da minha criação. Me formei em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, aos 22 anos de idade. Deixei minha terra natal em busca de realizações profissionais e cheguei a Rondônia, onde exerci a advocacia de 1983 a 1990, e logo depois, após ser aprovada em um concurso público, ocupei o cargo de Procuradora daquele Estado (1990/1991).
Determinada, pois, tinha vindo do sul para o norte do Brasil e procurei ser sempre destacar-me e fiz e passei em mais um concurso público. Dessa vez para o cargo de juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Amapá, assumindo a titularidade de Vara Criminal na Capital Macapá em outubro de 1991.
No ano de 1996 fui designada para coordenar o então recém criado Juizado Especial Cível e Criminal da Capital. Estava ali selada uma relação mais que perfeita entre a sua natureza empreendedora e aquele inovador modelo de prestação jurisdicional.
Em 2005, fui escolhida para integrar o grupo de mil mulheres indicadas para concorrerem coletivamente ao Prêmio Nobel da Paz, selecionadas no mundo pelo Comitê Internacional da Fundação de Mulheres Suíças pela Paz. No dia 02 de outubro de 2013, veio mais uma grande conquista. Pelo critério de merecimento, passei a integrar, como desembargadora, a Corte da Justiça amapaense. E no dia 05 de março de 2015, aos 55 anos de idade, tornei-me a primeira mulher a assumir a presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá (TJAP). “Minha atuação como magistrada continua, sempre voltada para o desenvolvimento e modernização do judiciário, aliado a um atendimento célere, humanizado e de qualidade ao cidadão”.

Mulher na corporação militar

 

Capitã PM Lizete de Andrade Fernandes
Capitã PM Lizete de Andrade Fernandes – “Eu ingressei na Policia Militar do Estado do Amapá em 01 de junho de 1989, faço parte da primeira turma de policiais femininos da corporação, carinhosamente chamadas de ‘As Pioneiras’.
De certa forma não tem como falar da minha trajetória na PM sem vincular com a própria história da presença feminina nas fileiras, que agora em 2018, completa 29 anos.
Quando ingressamos foi como soldadas, éramos 72, e hoje são mais de 650 mulheres que contribuem para o bom serviço à sociedade.
Estamos presentes em todos os níveis hierárquicos, de soldado a coronel, Nós fomos, por assim dizer, desbravadoras. Pois, ser policial militar era eminentemente do sexo masculino e a Instituição era voltada para atender as necessidades desse gênero, com o nosso ingresso, teve foi necessário haver uma adaptação para apreciar nossa peculiaridade. De início tivemos de enfrentar a resistência comum a tudo que é novidade. Mas, hoje depois de derrubar paradigmas e preconceito podemos dizer que há um tratamento igualitário entre homens e mulheres.
Tanto que sou feliz em ser uma capitã, que batalhei para subir os degraus da hierarquia militar, sou uma policial militar muito respeitada e tenho grande honra em pertencer a PMAP, falta pouco tempo para eu ir para a reserva remunerada e me sinto muito feliz e com sentimento de dever cumprido. Porque além de ter servido bem a sociedade amapaense, sei que abrimos caminho para as mulheres que vieram depois de nós, encontrassem menos dificuldades dentro da corporação, e sei que elas irão preparar um caminho ainda melhor para as futuras gerações de policiais militares mulheres do Estado do Amapá”.

A mulher como delegada


Delegada Clívia Ferreira Valente
Delegada Clívia Ferreira Valente, titular da DCCM é uma mulher engajada na luta contra a violência contra a mulher e o engajamento como líder frente a uma delegacia de polícia.
“Sou amapaense, de Serra do Navio. Em 2007 tive êxito no concurso para delegados da Policia Civil do Amapá, vou completar 11 anos como delegada. Hoje, a mulher tem assumido seu espaço com competência e sabedoria. E com muito esforço, pois ela é mãe, estudante, dona de casa, e nem por isso ela deixa de enfrentar as demandas com surgem com muito sacrifício. Sendo plantonista na DCCM, tive a grata satisfação de ser convidada para ser titular da mesma. Mas sendo titular ou não a minha missão é de acolher a mulher vítima de violência, onde quer que esteja. E junto com a minha equipe, somamos os esforços de combate a essa violência. Como mulher sempre tivemos problemas de ser reconhecidas como capaz. Sou da década de 70, sou de uma geração que teve de lutar para ter mais espaço. Devido as desconfianças, seja por parte dos colegas, da própria família, o de ser uma mulher que sempre procurou estudar para ter uma satisfação profissional. Enfrentei muitos obstáculos e a família foi e é importante, pois hoje tenho apoio do meu esposo, que também é delegado. E ai passamos a enfrentar o machismo dentro da delegacia, pois temos muitas colegas delegadas, que sofrem o mesmo problema. Isso vem dos agressores e da própria equipe masculina, que tivemos de conquistar e mostrar a eles de forma positiva, pois assim como você educa um filho como exemplo, o mesmo acontece com quem trabalha com você. Temos de ter sabedoria e bom senso. Quanto a isso, eu e minhas colegas delegadas, temos nos unido para mostrarmos que somos fortes.
Peço a todas as mulheres, que não tenham medo que enfrentem o machismo que ainda perpetua-se no meio da nossa sociedade. Enfrentem, nós temos demonstrar ao homem, que apesar desse machismo, o ato dele não ficará impune. Pois, a minha resposta a esse ‘tipo’ é na caneta. Fazendo o que a lei determina, que a mulher saia desse ambiente de agressão. Muitos ainda acreditam que não serão punidos. Mas, com certeza, serão. Mulheres podem tudo, basta querer”.

A Mulher aposentada, negra e desportista


Maria dos Anjos Miguel
Maria dos Anjos Miguel – Oficial de Justiça aposentada– desportista.

“Fui a primeira mulher a ser aprovada por concurso público para o cargo de Oficial de Justiça do Estado do Amapá, é em primeiro lugar. Isso enfrentando uma problemática de que era cargo masculino. Sou negra, mulher que nunca foi submissa. Tudo depende da própria mulher, evidentemente a evolução foi muito grande nos últimos tempos. Hoje a mulher é completamente independente, logico que precisa mais. Temos algumas que conseguiram alcançar o topo salarial e de cargos, mas ainda são poucas, os sempre ainda lideram, mais não existe mais aquela submissão de que a mulher é frágil. A mulher pode tudo. Ser mulher negra, ainda traz um olhar preconceituosa da sociedade. Eu nunca me importei com isso, pois o preconceito e descriminação somente serviu para que eu evoluísse cada vez mais, me sentindo sempre acima de muitos que queriam me inferiorizar. Fui desportista desde nova, disputei campeonatos de esporte coletivos, basquete e vôlei e conseguir sempre me destacar nessas modalidades. Hoje, continuo praticando esporte, agora, aos 68 anos, faço o atletismo, e tenho me destacado também. Tanto que cheguei até no programa “Encontro com Fátima Bernardes” o que me deu oportunidade de ajudar a muitas mulheres na minha faixa etária a procurarem a praticar o esporte. Todo a mulher ser sempre mais elas, se valorize, acima de qualquer coisa, sempre respeitando o seu semelhante”.



Mulher empreendedora e dona de casa

 

Maria Pietrina Ferreira Brazão,
 manicure e provedora da família.
Maria Pietrina Ferreira Brazão, manicure e provedora da família.
“Sou ‘virada’ desde jovem, tenho 38 anos e um filho de 23 anos e uma neta. Sou professora do Ensino Fundamental, não consegui ainda uma vaga nesta área, é há doze anos, após fazer um Curso Profissional de Manicure, venho exercendo a profissão e com sucesso, pois atendo individualmente e em um salão. Com esse meu trabalho, criei meu filho, mantenho meu lar e inclusive pago a faculdade dele. Quando olhei minha lá atrás, vi que não podia parar e nem esperar, tinha de avançar na minha vida para poder manter a vida que tinha trazido ao este mundo. Tenho muito orgulho de que faço. Sou vitoriosa, venho vencendo todas dificuldades, e não preciso de homem para me sustentar minha vida financeira. Sou independente, não tenho patrão, escrevo minha história no dia a dia da minha vida”,

Salve 08 de março de 2018! – Dia Internacional da Mulher.

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