DESOSPITALIZAÇÃO:
OS HOSPITAIS REFÉNS DAS DOENÇAS AGUDAS
No
passado a Medicina Popular, as ervas medicinais, as benzedeiras, as parteiras
tradicionais, os curadores populares resolviam as doenças básicas da população
pobre, que não tinha acesso aos Médicos de família. Mas essa concorrência por
longos anos foi considerada marginal e atribuída como “curandeirismo” pela
própria legislação e pelo Código de Ética Medica.
Por imposição da industrialização e
mercantilização a assistência à saúde afastou-se da comunidade e da família,
criando o modelo centralizador e nosocomial, com atendimento em clínicas e
hospitais. É o atual modelo hospitalocentrico, que evoluiu das Caixas Saúde, do INAMPS, INPS e agora o SUS.
Durante décadas esse sistema é financiado
pelo Estado, que repassa recursos públicos para construir as estruturas
hospitalares, equipamentos e instrumentos caros, só disponíveis para quem tinha
carteira assinada e possuía condições de pagar. Assim, os investimentos em
promoção, prevenção da saúde e saneamento básico ficaram em terceiro plano.
“O
uso abusivo de ambiente hospitalar é ruim para pacientes, fontes pagadoras
(governo e operadoras de planos) e até mesmo para os próprios hospitais” (
Wilson Jacob, Faculd. de Medicina da USP). Em função disso, hoje, os hospitais
privados e operadoras de plano de saúde estão reconhecendo que o sistema está
demasiadamente insalubre e caro, passam a investir em programas de atenção primária e
ambulatorial.
Contribuiu
sobremaneira para essa falência e carestia do modelo, o subfinanciamento da
assistência primária no SUS, cuja atenção básica, vigilância em saúde e doenças
crônicas sofreram redução drástica de investimentos nos últimos 13 anos (Lula e
Dilma), fato esse repetidamente denunciado pelo CFM. As UBS perderam sua
função. O PACS, PSF e o “Mais Médicos”, não deram uma resposta à assistência
primária.
A
população, a família, diante nos pequenos desconfortos agudos, foi
desacostumada ao autocuidado, levando ao hospital os filhos ou idosos, diante
de uma simples tosse ou coceira, expondo-os a um ambiente repleto de agentes de
doenças e infecções. Essas demandas da atenção básica lotam, ocupam leitos e
consomem recursos dos hospitais, que deveriam receber só a alta complexidade,
urgência e emergência.
O
hospital brasileiro consome 70% dos gastos com saúde. Em sua maioria é de
pequeno porte e de baixa complexidade. Entre os pacientes internados, 30%
poderiam ser atendidos em outro setor de serviço e as internações
desnecessárias geram um custo de R$ 10 bilhões por ano, conforme dados da
Revista Visão Saúde (jan/fev/mar-2018).
Consta
no Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil da UFMG e o Instituto
de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), de 2017, que morrem no Brasil 829
pessoas devido condições adquiridas em hospitais, sendo a segunda causa de
morte mais comum, mais que os acidentes de trânsito, homicídios, latrocínios e
câncer. Entre os afeitos adversos adquiridos no hospital o mais conhecido é a infecção hospitalar.
Toda
essa situação é mais grave na rede pública, mantida pelo SUS, devido a falta de
suporte e desestruturação do sistema hospitalar, a falta de investimento em
promoção e prevenção e a descaracterização das estratégias de atendimento
domiciliar (PCS/PSF).
Os
desperdícios e os custos da hospitalização, em 2016, chegaram ao total de R$
135,6 bilhões e as internações representaram 41% desse montante, atingindo a
cifra de R$ 50 bilhões aos planos de saúde. “... Para a redução dos índices de
hospitalização é preciso uma estratégia forte de intervenção na saúde das
pessoas , investindo em prevenção, garantindo acesso eficaz aos serviços de
saúde e com qualidade”, propõe Jaime Gaviria, do Hapvida. (Fonte: Revista Visão
Saúde (jan/fev/mar-2018). 27.03.2017.
Obra atrasada do Hospital da
Criança-HCA, em Macapá, sem previsão de conclusão.
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