sábado, 31 de março de 2018

SAÚDE EM FOCO




 DESOSPITALIZAÇÃO: OS HOSPITAIS REFÉNS DAS DOENÇAS AGUDAS    
 
No passado a Medicina Popular, as ervas medicinais, as benzedeiras, as parteiras tradicionais, os curadores populares resolviam as doenças básicas da população pobre, que não tinha acesso aos Médicos de família. Mas essa concorrência por longos anos foi considerada marginal e atribuída como “curandeirismo” pela própria legislação e pelo Código de Ética Medica.
 Por imposição da industrialização e mercantilização a assistência à saúde afastou-se da comunidade e da família, criando o modelo centralizador e nosocomial, com atendimento em clínicas e hospitais. É o atual modelo hospitalocentrico, que evoluiu das Caixas  Saúde, do INAMPS, INPS e agora o SUS.
       Durante décadas esse sistema é financiado pelo Estado, que repassa recursos públicos para construir as estruturas hospitalares, equipamentos e instrumentos caros, só disponíveis para quem tinha carteira assinada e possuía condições de pagar. Assim, os investimentos em promoção, prevenção da saúde e saneamento básico ficaram em terceiro plano.
“O uso abusivo de ambiente hospitalar é ruim para pacientes, fontes pagadoras (governo e operadoras de planos) e até mesmo para os próprios hospitais” ( Wilson Jacob, Faculd. de Medicina da USP). Em função disso, hoje, os hospitais privados e operadoras de plano de saúde estão reconhecendo que o sistema está demasiadamente insalubre e caro, passam a investir  em programas de atenção primária e ambulatorial. 
Contribuiu sobremaneira para essa falência e carestia do modelo, o subfinanciamento da assistência primária no SUS, cuja atenção básica, vigilância em saúde e doenças crônicas sofreram redução drástica de investimentos nos últimos 13 anos (Lula e Dilma), fato esse repetidamente denunciado pelo CFM. As UBS perderam sua função. O PACS, PSF e o “Mais Médicos”, não deram uma resposta à assistência primária.  
A população, a família, diante nos pequenos desconfortos agudos, foi desacostumada ao autocuidado, levando ao hospital os filhos ou idosos, diante de uma simples tosse ou coceira, expondo-os a um ambiente repleto de agentes de doenças e infecções. Essas demandas da atenção básica lotam, ocupam leitos e consomem recursos dos hospitais, que deveriam receber só a alta complexidade, urgência e emergência.
O hospital brasileiro consome 70% dos gastos com saúde. Em sua maioria é de pequeno porte e de baixa complexidade. Entre os pacientes internados, 30% poderiam ser atendidos em outro setor de serviço e as internações desnecessárias geram um custo de R$ 10 bilhões por ano, conforme dados da Revista Visão Saúde (jan/fev/mar-2018).
Consta no Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil da UFMG e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), de 2017, que morrem no Brasil 829 pessoas devido condições adquiridas em hospitais, sendo a segunda causa de morte mais comum, mais que os acidentes de trânsito, homicídios, latrocínios e câncer. Entre os afeitos adversos adquiridos no hospital o mais conhecido é a infecção hospitalar.
Toda essa situação é mais grave na rede pública, mantida pelo SUS, devido a falta de suporte e desestruturação do sistema hospitalar, a falta de investimento em promoção e prevenção e a descaracterização das estratégias de atendimento domiciliar (PCS/PSF). 
Os desperdícios e os custos da hospitalização, em 2016, chegaram ao total de R$ 135,6 bilhões e as internações representaram 41% desse montante, atingindo a cifra de R$ 50 bilhões aos planos de saúde. “... Para a redução dos índices de hospitalização é preciso uma estratégia forte de intervenção na saúde das pessoas , investindo em prevenção, garantindo acesso eficaz aos serviços de saúde e com qualidade”, propõe Jaime Gaviria, do Hapvida. (Fonte: Revista Visão Saúde (jan/fev/mar-2018). 27.03.2017.
 
Obra atrasada do Hospital da Criança-HCA, em Macapá, sem previsão de conclusão.

        

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...