ELEIÇÕES 2018
Entrevista com pré-candidatos ao Senado Federal
“O Amapá não pode mais ficar na pobreza, contemplando a
natureza”. Lucas Barreto é pré-candidato ao Senado Federal
Reinaldo Coelho
O ex-deputado estadual Lucas Barreto
Cantuária confirmou que disputará ao Senado Federal pelo Amapá nas Eleições
2018. O anúncio foi feito durante encontro com as filiações que vão compor as
chapas minoritárias do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Lucas informou que o nome dele foi
referendado pelo partido em razão da experiência política. “Com a decisão da
nacional de termos uma candidatura majoritária ficou decidido que nós seríamos
o pré-candidato ao senado pelo PTB. Temos uma aliança política com o PDT, mas
ainda não sabemos se vai se transformar em aliança eleitoral, tudo vai depender
das coligações. Veremos mais à frente”, falou.
O indicado do PTB foi deputado estadual por
quatro mandatos (entre 1991 e 2006), candidatou-se a outras eleições majoritárias
para os cargos de prefeito (2008) de Macapá e governador do Estado (2010),
nesse chegando ao segundo turno. O último mandato dele foi como vereador,
eleito em 2012. Lucas é o primeiro pré-candidato ao senado a divulgar
oficialmente intenção ao posto no Amapá.
A reportagem do Tribuna Amapaense procurou o
pré-candidato Lucas Barreto (PTB) e o entrevistou para que os leitores tivessem
uma rápida ideia do que o político pensa ao concorrer a esse mandato na Câmara
Alta do Parlamento Brasileiro. Nestas eleições de 2018 o Senado Federal deverá
renovar os mandatos de 2/3 dos membros do Senado Federal e da totalidade dos
integrantes da Câmara dos Deputados. O Amapá abrirá duas vagas, hoje ocupadas
pelos senadores João Alberto Capiberibe (PSB) e Randolfe Rodrigues (REDE), que
deverá tentar a reeleição. O senador Capiberibe não irá disputar a reeleição,
optou pela candidatura ao Poder Executivo Estadual. É uma dessas vagas que
Lucas Barreto deverá disputar para chegar ao Congresso Nacional, nas eleições
de 7 de outubro de 2018.
TA – O nome de Lucas Barreto
já vinha sendo especulado para concorrer nas eleições majoritárias deste ano aos
cargos de governador, vice-governador, além do de senador. Como o senhor avalia
a decisão do Diretório Nacional do PTB em lançá-lo pré-candidato ao Senado pelo
Amapá?
Lucas Barreto – Primeiro
quero agradecer ao Tribuna Amapaense por dar oportunidade aos amapaenses que
desejam e que vão disputar as eleições. Na verdade o PTB, presidido
nacionalmente pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, ele decidiu que o Amapá
teria candidato a majoritária e fui convidado pelo presidente {Eduardo} Seabra,
a disputar uma vaga nas eleições majoritárias. É muito difícil um partido ter
que disputar as duas candidaturas majoritárias. Então ficou decido que nós
disputaríamos o Senado, a não ser que o cenário mude, se houver mudança, um
novo momento na política, mas o nosso foco, no momento, é o Senado Federal.
Optamos dar esse passo menor porque são duas vagas. Para disputarmos uma
candidatura de deputado federal, estadual, as coligações também disputariam as
duas vagas a senador.
Essa opção pelo Senado Federal veio pela
experiência no legislativo que já temos, quatro mandatos estaduais, fui
presidente da Assembleia Legislativa, e pelo resultado das eleições. Sempre
falamos que disputamos a eleição, não só concorremos. Ganhamos em 2010, no
primeiro turno, perdemos no segundo, em 2014 ficamos em terceiro mais votado
pelo governo. Há uma tendência para que possamos disputar uma eleição e será
para o senado.
TA – Sua experiência parlamentar
e as participações nos pleitos para o governo estadual e municipal, contribuiu
para a tomada dessa decisão de concorrer a uma vaga no Senado da República?
Lucas Barreto – O Brasil
todo quer mudanças na política, e é o que viemos pregando sempre, com nosso
nome. Eu sempre preguei que é preciso renovar e estamos nos colando e colocando
também o nosso passado, a nossa história para avaliação do povo amapaense. Que
o povo já conhece a minha história de vida, que é um livro aberto.
TA – Como o partido está
organizado e quais as perspectivas para as eleições deste ano? Jaime está
costurando diálogos políticos para fechar alianças?
Lucas Barreto – A política é
muito dinâmica, as coligações tanto para federal quanto estadual são bem
decisivas nas alianças, principalmente para federal. A criação do fundo
partidário, do fundo de campanha, os parlamentares federais, são os que decidem
as condições financeiras de cada partido. Então as alianças, pela legislação,
nessa eleição proporcional de 2018, acontecerão com coligações, as outras que
virão (2020), terão o Distritão, além do distrital misto.
TA – A nova legislação
eleitoral, que deverá vigorar a partir de 2020 em alguns artigos e de imediato com
a declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contém
normas que permitem as empresas doarem para campanhas eleitorais. E que as
campanhas serão financiadas por um fundo público vai se somar a outro já
existente, o fundo partidário. Vai aumentar ou diminuir os recursos?
Lucas Barreto – Vai
diminuir, com certeza, o grande problema dessas eleições é que o candidato rico
pode se autofinanciar o que cria um desiquilíbrio. Mas eu creio que o fundo de
campanha e partidária, dará uma maior chance aos menos aquinhoados e aqueles
que tem esse desejo de disputar e de fazer mais pelo povo amapaense.
TA – Como está sendo feito a análise
de apoio de outros partidos a sua candidatura?
Lucas Barretos – O PTB é de
centro, é um partido que não tem sectarismo então eu penso que as alianças,
hoje existem alianças políticas como vão consolidar as alianças eleitorais. O
presidente do meu partido, Eduardo Seabra, diz que: - ‘Nada se sabe do que não
se conhece’. Vai ter as coligações para a presidente e chegará aos Estados. O
PTB tem uma vantagem, nós temos liberdade de coligar com quem a Executiva
Estadual decidir.
TA – O Brasil está passando
por uma grande crise ética na política, a Lava Jato está combatendo e prendendo
políticos e empresários que surrupiaram os cofres públicos, inclusive um
ex-presidente da República, que teve decretada a sua prisão, e o atual está sob
suspeita. Como o senhor analisa esse cenário, pois se eleito for deverá, na
nova legislatura que começa em 2019, participar desse cenário tão negativo para
o Brasil. Ele vai se estender aos Estados?
Lucas Barreto – Vai sim, com
certeza. A população como um todo no
Brasil, está muito atenta para isso. É isso que vai cerrando o passado a
história de cada um dos candidatos. Os que tem problemas sempre falam que a
responsabilidade criminal é pessoal, individual, ela é intransferível. Então,
cada um responde pelo ato que praticou. Eu tenho minha vida toda sem responder
a nada, tenho as condições de disputar uma eleição tranquilamente.
TA – A situação atual da
política desanimou muitos brasileiros. A política está suja. As pessoas de bem
não querem participar dessa velha política. O senhor que a encarou sempre, pode
ser considerado “novo” para os eleitores amapaenses?
Lucas Barreto – Eu posso
dizer que sou um dos que estão na política e que não tiveram a oportunidade,
que ‘bateu na trave e não entrou’, mas cheguei tão perto ou seja ter quase 47%
dos votos para o governo estadual, significa que você tem o respeito da
população. Eu sempre disputei sozinho, com poucas alianças, mas eu enfrento. Eu
tenho um lema, o Padre Vieira diz: - ‘A omissão é pecado que se faz, não fazendo’.
Então, quem dera eu que os que estão desesperançado e revoltados pudessem
colocar seu nome à disposição da população. Eu faço porque tenho a convicção
que sou um bom candidato, tenho uma história de respeito no Amapá e vou lutar
para mostrar as propostas que temos para o desenvolvimento do Amapá.
TA – As eleições para
presidente terão muita influência nos acordos para as eleições estaduais. Hoje
o PTB está muito próximo do governador Waldez Góes?
Lucas Barreto – Na verdade
com o PDT, o PTB tem uma aliança política e que poderá se tornar uma aliança
eleitoral, lá em julho, nas Convenções. Hoje conversamos com todos. O PTB é partido
que todos respeitam, que quer do lado e sempre esteve disputando e ajudando a
decidir as eleições.
TA – Os prefeitos estão mais
próximos dos eleitores, como está sua posição quanto a realidade dos
municípios, que mesmo sem a crise, já tinham problemas de caixa e com ela
piorou? Quais são seus projetos para ajudar no parlamento brasileiro e na
esplanada dos ministérios nas demandas dos municípios amapaenses?
Lucas Barreto – Com certeza
não só as Emendas Parlamentares que os prefeitos necessitam. Eu penso que tem de
ter união do Legislativo Federal com os Executivos Estaduais e Municipais. O
que vemos é que tem muitos grupos e o que prego é que haja essa união e que as
emendas parlamentares, os programas e convênios sejam buscados pela Bancada
Parlamentar Federal, mas no caso das emendas, que sejam distribuídas, por
população. Se Macapá tem 60% da população que as emendas individuais e de
bancada sejam divididas pelo coeficiente populacional de cada município no
Estado, pois é no município que está o cidadão, essa é a importância da divisão
democrática dos recursos conseguidos através das Emendas Parlamentares.
TA – Qual é sua opinião sobre
as mudanças que estão acontecendo na sociedade, mudanças de comportamento,
transgêneros, mudanças na formação da família, hoje casais homo afetivos podem
adotar crianças e constituírem um novo tipo de família?
Lucas Barreto – O PTB, como
um todo, respeita a individualidade desde que o cidadão tenha a maioridade, ele
é livre até para constituir família. O que não pode é tentar influenciar nos
outros segmentos, cada um tem sua escolha. É como o Estado que é laico quando
tem sua religião, então que cada um tenha sua individualidade que respeitamos
sempre.
TA – Violência, drogas,
tráfico – o Brasil está sendo invadido pelo Crime Organizado e o Amapá tem
sentido essa situação com assaltos com a participação de jovens. Qual seu
posicionamento para discutir isso na Câmara Alta do Parlamento Brasileiro?
Lucas Barreto – Com certeza
eu penso que o Amapá é um Estado muito violento. É violento porque temos muitas
pessoas abaixo da linha da pobreza. E de acordo com o IBGE são mais de 120 mil
pessoas, o problema é que o Brasil todo quer manter o Amapá como coração da
Amazônia, como coração do mundo. Então nossa população recente esse reflexo
desse descaso. Vou dar um exemplo claro. Quando é para explorar a RENCA que tem
4.000 hectares e que uma província mineral ali, não pode. Mas quando é para
fazer quatro hidroelétrica no Amapá pode inundar mais de 300.000 hectares de
floresta. É absurdo! Eu sou a favor do desenvolvimento é o que prego. E prego
também que se querem que o Amapá continue preservado e sendo esse coração da
Amazônia que se faça uma compensação. Pois os outros Estados desmataram, e
precisaram fazer isso para desenvolver e nós exportamos apenas o Real que é
pouco ativo financeiro que nós temos, para outros Estados, tudo vem de fora,
não podemos produzir. No Senado Federal eu vou combater essa distorção do
conflito de instituições. O IMAP dá uma licença e o IBAMA vai e multa, isso não
pode, nós temos de produzir nas áreas propícias respeitando as leis e as
regras, fazendo o manejo florestal. A arvore é um bem renovável, se tiver um
manejo florestal, se cortar uma árvore que plante-se dez. estaremos garantindo
dez para as gerações futuras. Agora, quanto ao mineral, o nome já diz
explorado, vãos guardar esse ouro para quem? Para os EUA para quando eles
quiserem tomar tudo nosso, como tomaram o Petróleo da Arábia Saudita, do
Iraque. De acordo com Instituto Rudson, que é o centro de estudos que assessora
o Pentágono, somente na Amazônia existem US$ 1,7 trilhões em minerais e essa é
a mola propulsora, não só da Amazônia, do Amapá, mas do Brasil. Isso tudo tem
que ser discutido na Câmara Alta. Porquê no Senado? Por que o Senador
representa o Estado. Uma luta eu vou ter, ser o melhor Senador do Amapá, para
que ele possa ter realmente esse desenvolvimento tão sonhado, para que o jovem
possa ter oportunidade de trabalhos, atrair o investimento. O Capital não tem
pátria ele só está onde está dando lucro, ela gera emprego e impostos onde está
dando lucro. Vamos trabalhar para que haja uma compensação para o Amapá no que
ele tiver de preservar, mas o que tivermos de desenvolver com responsabilidade
social, nem que tenha de ser feita uma legislação nova, mas o Amapá não pode
ficar mais na pobreza contemplando a natureza.
TA – O senhor no Senado
Federal atuará junto com a bancada federal para atrair a classe empresarial
para ajudar a expansão da Zona Franca Verde Amapaense?
Lucas Barreto – Sim, a Zona
Franca Verde do Amapá praticamente não foi implementada, pois não tem política
pública, apesar de ter o incentivo ela ainda não foi implantada
verdadeiramente. Porque? Por que tem que mostrar lá fora a potencialidade do
Amapá, para o Ecoturismo, turismo, gastronomia, potencial madeireiro com
responsabilidade social, o potencial de agregar esses valor na cadeia produtiva
e também no binômio do desenvolvimento que é o milho e a soja, que a base
sustentável de qualquer Estado eu queira se desenvolver. O Amapá tem
potencialidades para se desenvolver e vamos apresentá-las ao Brasil e ao mundo,
para gerar emprego e renda. Se tem milho e soja tem uma cadeia de
transformação, podemos ter centenas de produtos produzidos no Amapá, fora a
exportação. O Amapá é uma estufa a céu aberto e o coração do mundo para
exportação entreposto para exportação, pois somos a porta do Brasil. Não é à
toa que estamos no meio do mundo.
TA – Atualmente as altas
cargas tributárias têm atrasado o desenvolvimento do Brasil e causado uma
grande injustiça social, pois as pessoas com menos renda, proporcionalmente,
são as que mais pagam impostos e consequentemente são as mais prejudicadas. Qual
seria sua proposta para a queda desse grande número de tributos?
Lucas Barreto – Essa é uma
proposta que vamos levantar, o senador representa o Estado. Vamos trabalhar no
que beneficia o Estado, porque estamos distantes dos outros Estados. Nós temos
um Rio, o Amazonas, que é um fator limitante, tudo para nós é mais caro. Temos
que observar e fazer o levantamento dessa nova legislação para que o Amapá
possa ter essa compensação, não só porque e o mais preservado, mas porque pode
ser um Estado que vai fazer a distribuição para o mundo do que é produzido no
Brasil.
TA – O agronegócio tem crescido
muito no Estado, o setor de grãos (milho e soja) tem trazido recursos através
da exportação de grãos. E a pecuária com a Certificação sem aftosa com
vacinação está possibilitando ao pecuarista acessar o mercado nacional e com a
expectativa de em 2019 atuar no internacional. Qual é seu olhar para esta
situação?
Lucas Barreto – É uma luta
antiga para que o Estado fosse livre de aftosa com vacinação, temos o segundo
rebanho bubalino do Brasil e não podíamos exportar nem para o Pará, hoje abre
um mercado todo para o Brasil da carne de búfalo que é uma produção de uma
proteína de alta qualidade, é uma proteína de um animal que transforma massa
verde de péssima qualidade em proteína de alta qualidade e que tem alto valor
comercial. O Amapá, com a cadeia produtiva da soja e do milho, terá ração mais
barata para produzir e exportar frango, suíno e peixe. No caso do peixe o Amapá
é uma estufa a céu aberto, é o melhor lugar do mundo para a criação dos
colossomos, que são os peixes redondos ou seja os tambaquis e as pirapitingas
que consumimos e gostamos, mais são caros ainda. Porque a ração é cara, tem de
ser incentivado essa produção, e pela lei de mercado – oferta x procura –, vai
baixar o preço da ração. E assim que vamos trabalhar para que o Amapá tenha
essa cadeia produtiva. O Governo Federal tem pouco investido no Amapá, os
municípios tem pouca capacidade de capitar esses recursos, nem tem
contrapartida para as emendas. Vamos buscar que os municípios tenham através do
zoneamento agro econômico ecológico identificado cada área para poder se
desenvolver.
TA – Uma mensagem para o povo
amapaense.
Lucas Barreto – Quero dizer
ao povo amapaense, que vive esse momento crítico da política nacional, que não
perca a esperança, que nessas eleições vá as urnas. Pior coisa do mundo será a
omissão. Não ir votar será a garantia que não mudará nada. Que o povo decida,
que o povo escolha, apesar de estarem desestimulados é só com a política que se
resolve os problemas do Estado e escolher bons políticos, de escolher o que a
consciência manda. Aqui todos se conhecem, avaliem o passado, avaliem a
história e que podem trazer para o futuro. Que Deus abençoe o POVO do AMAPÁ.
Nenhum comentário:
Postar um comentário