sábado, 7 de abril de 2018

Entrevista com pré-candidatos ao Senado Federal Lucas Barreto (PTB)

                                       ELEIÇÕES 2018
Entrevista com pré-candidatos ao Senado Federal

                                                              Lucas Barreto (PTB)

“O Amapá não pode mais ficar na pobreza, contemplando a natureza”. Lucas Barreto é pré-candidato ao Senado Federal

Reinaldo Coelho

O ex-deputado estadual Lucas Barreto Cantuária confirmou que disputará ao Senado Federal pelo Amapá nas Eleições 2018. O anúncio foi feito durante encontro com as filiações que vão compor as chapas minoritárias do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Lucas informou que o nome dele foi referendado pelo partido em razão da experiência política. “Com a decisão da nacional de termos uma candidatura majoritária ficou decidido que nós seríamos o pré-candidato ao senado pelo PTB. Temos uma aliança política com o PDT, mas ainda não sabemos se vai se transformar em aliança eleitoral, tudo vai depender das coligações. Veremos mais à frente”, falou.
O indicado do PTB foi deputado estadual por quatro mandatos (entre 1991 e 2006), candidatou-se a outras eleições majoritárias para os cargos de prefeito (2008) de Macapá e governador do Estado (2010), nesse chegando ao segundo turno. O último mandato dele foi como vereador, eleito em 2012. Lucas é o primeiro pré-candidato ao senado a divulgar oficialmente intenção ao posto no Amapá.
A reportagem do Tribuna Amapaense procurou o pré-candidato Lucas Barreto (PTB) e o entrevistou para que os leitores tivessem uma rápida ideia do que o político pensa ao concorrer a esse mandato na Câmara Alta do Parlamento Brasileiro. Nestas eleições de 2018 o Senado Federal deverá renovar os mandatos de 2/3 dos membros do Senado Federal e da totalidade dos integrantes da Câmara dos Deputados. O Amapá abrirá duas vagas, hoje ocupadas pelos senadores João Alberto Capiberibe (PSB) e Randolfe Rodrigues (REDE), que deverá tentar a reeleição. O senador Capiberibe não irá disputar a reeleição, optou pela candidatura ao Poder Executivo Estadual. É uma dessas vagas que Lucas Barreto deverá disputar para chegar ao Congresso Nacional, nas eleições de 7 de outubro de 2018.

TA – O nome de Lucas Barreto já vinha sendo especulado para concorrer nas eleições majoritárias deste ano aos cargos de governador, vice-governador, além do de senador. Como o senhor avalia a decisão do Diretório Nacional do PTB em lançá-lo pré-candidato ao Senado pelo Amapá?

Lucas Barreto – Primeiro quero agradecer ao Tribuna Amapaense por dar oportunidade aos amapaenses que desejam e que vão disputar as eleições. Na verdade o PTB, presidido nacionalmente pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, ele decidiu que o Amapá teria candidato a majoritária e fui convidado pelo presidente {Eduardo} Seabra, a disputar uma vaga nas eleições majoritárias. É muito difícil um partido ter que disputar as duas candidaturas majoritárias. Então ficou decido que nós disputaríamos o Senado, a não ser que o cenário mude, se houver mudança, um novo momento na política, mas o nosso foco, no momento, é o Senado Federal. Optamos dar esse passo menor porque são duas vagas. Para disputarmos uma candidatura de deputado federal, estadual, as coligações também disputariam as duas vagas a senador.
Essa opção pelo Senado Federal veio pela experiência no legislativo que já temos, quatro mandatos estaduais, fui presidente da Assembleia Legislativa, e pelo resultado das eleições. Sempre falamos que disputamos a eleição, não só concorremos. Ganhamos em 2010, no primeiro turno, perdemos no segundo, em 2014 ficamos em terceiro mais votado pelo governo. Há uma tendência para que possamos disputar uma eleição e será para o senado.

TA – Sua experiência parlamentar e as participações nos pleitos para o governo estadual e municipal, contribuiu para a tomada dessa decisão de concorrer a uma vaga no Senado da República?

Lucas Barreto – O Brasil todo quer mudanças na política, e é o que viemos pregando sempre, com nosso nome. Eu sempre preguei que é preciso renovar e estamos nos colando e colocando também o nosso passado, a nossa história para avaliação do povo amapaense. Que o povo já conhece a minha história de vida, que é um livro aberto.

TA – Como o partido está organizado e quais as perspectivas para as eleições deste ano? Jaime está costurando diálogos políticos para fechar alianças?

Lucas Barreto – A política é muito dinâmica, as coligações tanto para federal quanto estadual são bem decisivas nas alianças, principalmente para federal. A criação do fundo partidário, do fundo de campanha, os parlamentares federais, são os que decidem as condições financeiras de cada partido. Então as alianças, pela legislação, nessa eleição proporcional de 2018, acontecerão com coligações, as outras que virão (2020), terão o Distritão, além do distrital misto.


TA – A nova legislação eleitoral, que deverá vigorar a partir de 2020 em alguns artigos e de imediato com a declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contém normas que permitem as empresas doarem para campanhas eleitorais. E que as campanhas serão financiadas por um fundo público vai se somar a outro já existente, o fundo partidário. Vai aumentar ou diminuir os recursos?

Lucas Barreto – Vai diminuir, com certeza, o grande problema dessas eleições é que o candidato rico pode se autofinanciar o que cria um desiquilíbrio. Mas eu creio que o fundo de campanha e partidária, dará uma maior chance aos menos aquinhoados e aqueles que tem esse desejo de disputar e de fazer mais pelo povo amapaense.

TA – Como está sendo feito a análise de apoio de outros partidos a sua candidatura?

Lucas Barretos – O PTB é de centro, é um partido que não tem sectarismo então eu penso que as alianças, hoje existem alianças políticas como vão consolidar as alianças eleitorais. O presidente do meu partido, Eduardo Seabra, diz que: - ‘Nada se sabe do que não se conhece’. Vai ter as coligações para a presidente e chegará aos Estados. O PTB tem uma vantagem, nós temos liberdade de coligar com quem a Executiva Estadual decidir.

TA – O Brasil está passando por uma grande crise ética na política, a Lava Jato está combatendo e prendendo políticos e empresários que surrupiaram os cofres públicos, inclusive um ex-presidente da República, que teve decretada a sua prisão, e o atual está sob suspeita. Como o senhor analisa esse cenário, pois se eleito for deverá, na nova legislatura que começa em 2019, participar desse cenário tão negativo para o Brasil. Ele vai se estender aos Estados?

Lucas Barreto – Vai sim, com certeza. A população como um todo no Brasil, está muito atenta para isso. É isso que vai cerrando o passado a história de cada um dos candidatos. Os que tem problemas sempre falam que a responsabilidade criminal é pessoal, individual, ela é intransferível. Então, cada um responde pelo ato que praticou. Eu tenho minha vida toda sem responder a nada, tenho as condições de disputar uma eleição tranquilamente.

TA – A situação atual da política desanimou muitos brasileiros. A política está suja. As pessoas de bem não querem participar dessa velha política. O senhor que a encarou sempre, pode ser considerado “novo” para os eleitores amapaenses?

Lucas Barreto – Eu posso dizer que sou um dos que estão na política e que não tiveram a oportunidade, que ‘bateu na trave e não entrou’, mas cheguei tão perto ou seja ter quase 47% dos votos para o governo estadual, significa que você tem o respeito da população. Eu sempre disputei sozinho, com poucas alianças, mas eu enfrento. Eu tenho um lema, o Padre Vieira diz: - ‘A omissão é pecado que se faz, não fazendo’. Então, quem dera eu que os que estão desesperançado e revoltados pudessem colocar seu nome à disposição da população. Eu faço porque tenho a convicção que sou um bom candidato, tenho uma história de respeito no Amapá e vou lutar para mostrar as propostas que temos para o desenvolvimento do Amapá.

TA – As eleições para presidente terão muita influência nos acordos para as eleições estaduais. Hoje o PTB está muito próximo do governador Waldez Góes?


Lucas Barreto – Na verdade com o PDT, o PTB tem uma aliança política e que poderá se tornar uma aliança eleitoral, lá em julho, nas Convenções. Hoje conversamos com todos. O PTB é partido que todos respeitam, que quer do lado e sempre esteve disputando e ajudando a decidir as eleições.

TA – Os prefeitos estão mais próximos dos eleitores, como está sua posição quanto a realidade dos municípios, que mesmo sem a crise, já tinham problemas de caixa e com ela piorou? Quais são seus projetos para ajudar no parlamento brasileiro e na esplanada dos ministérios nas demandas dos municípios amapaenses?

Lucas Barreto – Com certeza não só as Emendas Parlamentares que os prefeitos necessitam. Eu penso que tem de ter união do Legislativo Federal com os Executivos Estaduais e Municipais. O que vemos é que tem muitos grupos e o que prego é que haja essa união e que as emendas parlamentares, os programas e convênios sejam buscados pela Bancada Parlamentar Federal, mas no caso das emendas, que sejam distribuídas, por população. Se Macapá tem 60% da população que as emendas individuais e de bancada sejam divididas pelo coeficiente populacional de cada município no Estado, pois é no município que está o cidadão, essa é a importância da divisão democrática dos recursos conseguidos através das Emendas Parlamentares.


TA – Qual é sua opinião sobre as mudanças que estão acontecendo na sociedade, mudanças de comportamento, transgêneros, mudanças na formação da família, hoje casais homo afetivos podem adotar crianças e constituírem um novo tipo de família?

Lucas Barreto – O PTB, como um todo, respeita a individualidade desde que o cidadão tenha a maioridade, ele é livre até para constituir família. O que não pode é tentar influenciar nos outros segmentos, cada um tem sua escolha. É como o Estado que é laico quando tem sua religião, então que cada um tenha sua individualidade que respeitamos sempre.

TA – Violência, drogas, tráfico – o Brasil está sendo invadido pelo Crime Organizado e o Amapá tem sentido essa situação com assaltos com a participação de jovens. Qual seu posicionamento para discutir isso na Câmara Alta do Parlamento Brasileiro?

Lucas Barreto – Com certeza eu penso que o Amapá é um Estado muito violento. É violento porque temos muitas pessoas abaixo da linha da pobreza. E de acordo com o IBGE são mais de 120 mil pessoas, o problema é que o Brasil todo quer manter o Amapá como coração da Amazônia, como coração do mundo. Então nossa população recente esse reflexo desse descaso. Vou dar um exemplo claro. Quando é para explorar a RENCA que tem 4.000 hectares e que uma província mineral ali, não pode. Mas quando é para fazer quatro hidroelétrica no Amapá pode inundar mais de 300.000 hectares de floresta. É absurdo! Eu sou a favor do desenvolvimento é o que prego. E prego também que se querem que o Amapá continue preservado e sendo esse coração da Amazônia que se faça uma compensação. Pois os outros Estados desmataram, e precisaram fazer isso para desenvolver e nós exportamos apenas o Real que é pouco ativo financeiro que nós temos, para outros Estados, tudo vem de fora, não podemos produzir. No Senado Federal eu vou combater essa distorção do conflito de instituições. O IMAP dá uma licença e o IBAMA vai e multa, isso não pode, nós temos de produzir nas áreas propícias respeitando as leis e as regras, fazendo o manejo florestal. A arvore é um bem renovável, se tiver um manejo florestal, se cortar uma árvore que plante-se dez. estaremos garantindo dez para as gerações futuras. Agora, quanto ao mineral, o nome já diz explorado, vãos guardar esse ouro para quem? Para os EUA para quando eles quiserem tomar tudo nosso, como tomaram o Petróleo da Arábia Saudita, do Iraque. De acordo com Instituto Rudson, que é o centro de estudos que assessora o Pentágono, somente na Amazônia existem US$ 1,7 trilhões em minerais e essa é a mola propulsora, não só da Amazônia, do Amapá, mas do Brasil. Isso tudo tem que ser discutido na Câmara Alta. Porquê no Senado? Por que o Senador representa o Estado. Uma luta eu vou ter, ser o melhor Senador do Amapá, para que ele possa ter realmente esse desenvolvimento tão sonhado, para que o jovem possa ter oportunidade de trabalhos, atrair o investimento. O Capital não tem pátria ele só está onde está dando lucro, ela gera emprego e impostos onde está dando lucro. Vamos trabalhar para que haja uma compensação para o Amapá no que ele tiver de preservar, mas o que tivermos de desenvolver com responsabilidade social, nem que tenha de ser feita uma legislação nova, mas o Amapá não pode ficar mais na pobreza contemplando a natureza.

TA – O senhor no Senado Federal atuará junto com a bancada federal para atrair a classe empresarial para ajudar a expansão da Zona Franca Verde Amapaense?

Lucas Barreto – Sim, a Zona Franca Verde do Amapá praticamente não foi implementada, pois não tem política pública, apesar de ter o incentivo ela ainda não foi implantada verdadeiramente. Porque? Por que tem que mostrar lá fora a potencialidade do Amapá, para o Ecoturismo, turismo, gastronomia, potencial madeireiro com responsabilidade social, o potencial de agregar esses valor na cadeia produtiva e também no binômio do desenvolvimento que é o milho e a soja, que a base sustentável de qualquer Estado eu queira se desenvolver. O Amapá tem potencialidades para se desenvolver e vamos apresentá-las ao Brasil e ao mundo, para gerar emprego e renda. Se tem milho e soja tem uma cadeia de transformação, podemos ter centenas de produtos produzidos no Amapá, fora a exportação. O Amapá é uma estufa a céu aberto e o coração do mundo para exportação entreposto para exportação, pois somos a porta do Brasil. Não é à toa que estamos no meio do mundo.

TA – Atualmente as altas cargas tributárias têm atrasado o desenvolvimento do Brasil e causado uma grande injustiça social, pois as pessoas com menos renda, proporcionalmente, são as que mais pagam impostos e consequentemente são as mais prejudicadas. Qual seria sua proposta para a queda desse grande número de tributos?

Lucas Barreto – Essa é uma proposta que vamos levantar, o senador representa o Estado. Vamos trabalhar no que beneficia o Estado, porque estamos distantes dos outros Estados. Nós temos um Rio, o Amazonas, que é um fator limitante, tudo para nós é mais caro. Temos que observar e fazer o levantamento dessa nova legislação para que o Amapá possa ter essa compensação, não só porque e o mais preservado, mas porque pode ser um Estado que vai fazer a distribuição para o mundo do que é produzido no Brasil.

TA – O agronegócio tem crescido muito no Estado, o setor de grãos (milho e soja) tem trazido recursos através da exportação de grãos. E a pecuária com a Certificação sem aftosa com vacinação está possibilitando ao pecuarista acessar o mercado nacional e com a expectativa de em 2019 atuar no internacional. Qual é seu olhar para esta situação?

Lucas Barreto – É uma luta antiga para que o Estado fosse livre de aftosa com vacinação, temos o segundo rebanho bubalino do Brasil e não podíamos exportar nem para o Pará, hoje abre um mercado todo para o Brasil da carne de búfalo que é uma produção de uma proteína de alta qualidade, é uma proteína de um animal que transforma massa verde de péssima qualidade em proteína de alta qualidade e que tem alto valor comercial. O Amapá, com a cadeia produtiva da soja e do milho, terá ração mais barata para produzir e exportar frango, suíno e peixe. No caso do peixe o Amapá é uma estufa a céu aberto, é o melhor lugar do mundo para a criação dos colossomos, que são os peixes redondos ou seja os tambaquis e as pirapitingas que consumimos e gostamos, mais são caros ainda. Porque a ração é cara, tem de ser incentivado essa produção, e pela lei de mercado – oferta x procura –, vai baixar o preço da ração. E assim que vamos trabalhar para que o Amapá tenha essa cadeia produtiva. O Governo Federal tem pouco investido no Amapá, os municípios tem pouca capacidade de capitar esses recursos, nem tem contrapartida para as emendas. Vamos buscar que os municípios tenham através do zoneamento agro econômico ecológico identificado cada área para poder se desenvolver.

TA – Uma mensagem para o povo amapaense.

Lucas Barreto – Quero dizer ao povo amapaense, que vive esse momento crítico da política nacional, que não perca a esperança, que nessas eleições vá as urnas. Pior coisa do mundo será a omissão. Não ir votar será a garantia que não mudará nada. Que o povo decida, que o povo escolha, apesar de estarem desestimulados é só com a política que se resolve os problemas do Estado e escolher bons políticos, de escolher o que a consciência manda. Aqui todos se conhecem, avaliem o passado, avaliem a história e que podem trazer para o futuro. Que Deus abençoe o POVO do AMAPÁ.

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