Cultura
'Meus
momentos de Inspiração'
Um
livro para você se inspirar
“Não
tem idade para firmar a vocação literal”
– Ana Alves de Oliveira –Educadora e Poetisa
Reinaldo
Coelho
Um
regime ditatorial militar, um punhado de histórias de amor, uma
dúzia de paixões mal resolvidas, alguns filhos e netos, uma dezena
de carimbos na carteira de trabalho, a substituição das máquinas
Olivetti pelos computadores portáteis, a popularização da internet
e o surgimento de livros digitais.
Quantas
experiências se pode viver e quantas mudanças se pode testemunhar
em 83 anos? É nessa fase da vida, que o acúmulo de memórias e o
tempo livre propiciam o surgimento – ou a maior produtividade –
de escritores. Eles reúnem memórias pessoais, documentam épocas e,
em alguns casos, dão vazão a aptidões diferentes das vivenciadas,
durante décadas, no campo de atuação profissional. Médicos,
marinheiros, engenheiros e professores aposentados se transformam, ao
primeiro título publicado, em escritores.
Biblioteca
Pública Elcy Lacerda oportuniza aos novos autores amapaenses a
apresentarem seus trabalhos autorais, reunindo escritores, poetas e
poetisas, e leitores, em uma reunião onde a literatura é saboreada,
com saraus intensos.
Esta
última sexta-feira (4), foi a hora da professora aposentada Ana
Alves de Oliveira, 83 anos, a se deliciar em entregar aos leitores
suas poesias reunidas em um livro, ‘Meus momentos de inspiração’.
“São 77
páginas de poesias e textos, retratando meus momentos. Tem
homenagens, carinhos e saudades. Estou realizada e de mais feliz”,
exlavras transcritas pela educadora amapaense que se torna poetisa.
‘Meus
momentos de inspiração’ contêm poemas e prosas, onde a
escritora relembra e retrata momentos da própria vida. A amizade é
o fio condutor dos textos, que tratam de memórias, saudades e
momentos felizes. A professora sempre gostou de escrever e de
guardar as construções, e para que ela pudesse, enfim, publicar as
produções, foi necessário o incentivo de familiares e de amigos.
Ana
Alves epressa sua emoção pelo livro que durou 20 anos até chegar
aos prelos e finalmente as mãos de leitores, que deverão analisar e
desfrutar do carinho das suas inspirações.
As
mulheres sempre foram parte dos textos literários masculinos desde o
início dos tempos, da Eva bíblica a textos infames. No século
XVIII elas começaram a ser autoras e poetisas e hoje proliferam nas
estantes e nos sites mundial. Essa mudanças veio através da
educação e a nossa nova poetisa teve participação lá atrás na
década 60, quando junto com diversas educadoras foram participar de
cursos nos Estados de São Paulo e de Minas Gerais. “Em
1965 quando uma turma de professores foi a Belo Horizonte e recebeu
novas metodologias que trouxemos para o Amapá. Nessa nova ferramenta
tínhamos a composição pratica e a criadora, e dávamos bastante
ênfase para a criadora, que não deixava de ser o início de um
trabalho para o atual nível da literatura brasileira. Nos
conduzíamos as crianças a criarem os seus universos e dali saíram
bastante lindos trabalhos”.
Inspiração
Tudo
começou em um evento no Dia das Mães, no Departamento de Ensino da
SEED, quando a professora Ana Alves recebeu de uma colega uma rosa
amarela, que carinhosamente assentou sob sua mesa em um vaso e logo
percebeu uma sintonia entre ela e a rosa e então resolveu passar
para o papel esse sentimento. “Primeiro fiz uma descrição, mas
não fiquei satisfeita e comecei a fazer pequenos versinhos e comecei
a brincar com as palavras. Até que formatei a poesia “Rosa
Amarela”, que lidera as poesias do meu livro”.
“No
jardim da vida colhemos muitas flores, mas a especial a Rosa Amarela,
da qual desabrochou minha inspiração”, é o texto de abertura do
livro de poesias de Ana Alves um agradecimento a sua inspiradora que
ornamenta a capa do livro.
As
dificuldades
Como
todos os escritores brasileiros, os amapaenses sofrem muito mais para
eternizarem seus escritos, devido a problemas financeiros quanto a
falta de um parque gráfico voltado para atender o mercado literário.
“Procurei
apoio para lançar minhas poesias e a fui encontrar no SINDISEP e
senti que ali conseguiria imprimir minhas poesias e conversei com
senhor Doelson que pediu o espelho do livro e com o apoio da
Produtora Ativa na Avenida FAB, tive meu livro digitado e diagramado
e colocado em um pen drive que entreguei no sindicato. Passado um
tempo recebi a chamada para realizar alguns ajustes. E o livro já
estava no prelo da Gráfica Rabolde Campos. Ele está com algumas
falhas de revisão geral. Peço desculpas aos leitores”.
Reação
ao receber os primeiros livros foi de imensa felicidades.
“Principalmente pela recepção da gerência da Biblioteca Elcy
Lacerda, na pessoa do professor José Pastana. Está havendo um
avanço na biblioteca, antigamente o aluno ia pesquisar, hoje ele tem
interatividade com os livros e com seus autores. Estou nova nesse
novo mundo da literatura, estou aprendendo, pois meu metiê sempre
foi a educação, onde navego com desenvoltura”.
Mensagem
“Aos
jovens quero dizer que estou muito feliz, quando fui a gráfica e
recebi 40 exemplares do meu livro. Fiquei distanciada da realidade
que meu livro já existia e então resolvi abrir um deles e senti um
vulcão de satisfação. Tenho um Cristo na minha sala e levei meu
livro para agradecer a Deus. Estava e estou radiante de alegria.
Adentrei no mundo das palavras e não quero sair mais. Quando vejo um
papel e uma caneta quero escrever. Quando a caneta desliza no papel,
é como uma debutante dançando sua valsa”.
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