Continuando
o “Maio Amarelo” vamos persistir nossa reflexão sobre as implicações do
trânsito na saúde pública, o que em nosso estado atinge recursos públicos
significativos.
Quando
ocorre um acidente no trânsito (ATT) uma série de ações é envolvida, compondo uma
rede de serviços e medidas a serem
tomadas com agilidade e eficácia. Caso isso não ocorra à contento
teremos o agravamento de lesões, ferimentos, sequelas incapacitantes ou o
desfecho fatal: o óbito.
Pensando
nisso, a ONU instituiu a Década de Ação para a Segurança Viária, em 2010, com o
intuito de reduzir em 50% o número de mortos e feridos no período de 2011-2020.
Assim, estabeleceu 5 pilares de ação para a segurança no trânsito:
1) Gestão
Nacional de Segurança no Transito (Ministério dos Transportes, ANT e CONTRAN);
2) Infraestrutura
Adequada- Estradas Seguras e Mobilidade (Gov. Federal, Estadual e Municipal);
3) Veículos
mais seguros ( Legislação e Industria Automobilistica.);
4)
Comportamento
e Segurança do Usuário ( Condutor/ Pedestre)
5) Resposta
pós-acidente: atendimento ao trauma, Ass. Pré-hospitalar e reabilitação (
assistência das três esferas).
A
greve dos caminhoneiros mostrou o quanto o transporte é importante para o país,
assim como a segurança no trânsito é fundamental para a preservação da vida. O
problema envolve múltiplos fatores, porém dos 5 pilares estabelecidos pela ONU,
apenas um depende, embora não exclusivamente, do cidadão: o comportamento e segurança do usuário para um caminho seguro. Os
quatro restantes são de gestão e ação institucional, política e governamental,
nas três esferas de poder.
Isso
indica que se os quatro itens não forem cumpridos pelo gestor governamental a
consequência recairá sobre o cidadão/usuário, condutor ou transeunte.
Nos
artigos, por ocasião do “Maio Amarelo” (07.05.18) discorri sobre a “Violência
do Trânsito para os Hospitais”, onde mostrei a intenção da ONU de reduzir pela
metade o índice de ATT e de vítimas até 2020. No Brasil tivemos decréscimo na
taxa de mortalidade em 2015 em relação a 2014, quando foram poupadas 5.000
vidas.
Se
fizermos uma avaliação do número de vítimas por motocicletas no Amapá o resultado
vai acompanhar o que acontece no restante do Brasil, que no período de
2014-2016 contribui sobremaneira para o aumento da cifra de internações,
chegando a 87,5% em 2016. Em 2015 ocorreram 175.000 internações, cujos
ocupantes de moto contribuíram com 60% dos pacientes internados.
Essa
situação é preocupante para a rede de saúde pública, que é a que acolhe a
maioria dos acidentados, acometidos com os mais diversos tipos de lesões e
sequelas: esmagamentos, amputações, deformidades, trauma de nervos, traumatismo
raquimedular, TCE e queimaduras.
As
lesões incapacitantes exigem dos gestores um aparato técnico suficiente,
estrutura adequada e qualificação da equipe de socorristas e serviços de
emergência e posterior reabilitação de sequelas. No Amapá cabe à gestão da
SESA, através dos serviços prestados pelo SAMU, Hospital de Emergência e CREAP,
a execução dessas atividades.
No estudo feito por Maria Helena Prado e
Monica Mendonça do ano de 2015, a taxa de internação das vítimas decorrentes de
ATT (por 100.000 hab.) no Amapá, foi de 88,7 %, ficando só atrás do Roraima
(302,4%) e Acre (97,1%), sendo estas as maiores taxas do Brasil, o que mostra
que a problemática nos estados do norte é mais grave (Revista ABRAMET,
v.37,N.1, 2018).
Tendo
em vista também a carência e desestruturação dos serviços médicos de apoio e de
urgência/emergência na região norte, corrobora para que os ATT tenham uma
influencia marcante na saúde pública, ficando o Amapá longe de contribuir com o
Brasil para atingir as metas da ONU. JARBAS ATAÍDE, 11.06.2018.
ATENDIMENTO. PRÉ-HOSPITALAR UMA GESTÃO
INTEGRADA (Fonte: DMTRANS)
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