sábado, 23 de junho de 2018

GESTÃO NO TRÂNSITO: UMA QUESTÃO GRAVE DE SAÚDE PÚBLICA.




Continuando o “Maio Amarelo” vamos persistir nossa reflexão sobre as implicações do trânsito na saúde pública, o que em nosso estado atinge recursos públicos significativos.


Quando ocorre um acidente no trânsito (ATT) uma série de ações é envolvida, compondo uma rede de serviços e medidas a serem  tomadas com agilidade e eficácia. Caso isso não ocorra à contento teremos o agravamento de lesões, ferimentos, sequelas incapacitantes ou o desfecho fatal: o óbito.


Pensando nisso, a ONU instituiu a Década de Ação para a Segurança Viária, em 2010, com o intuito de reduzir em 50% o número de mortos e feridos no período de 2011-2020. Assim, estabeleceu 5 pilares de ação para a segurança no trânsito:
1)    Gestão Nacional de Segurança no Transito (Ministério dos Transportes, ANT e CONTRAN);
2)    Infraestrutura Adequada- Estradas Seguras e Mobilidade (Gov. Federal, Estadual e Municipal);
3)    Veículos mais seguros ( Legislação e Industria Automobilistica.);
4)    Comportamento e Segurança do Usuário ( Condutor/ Pedestre)
5)    Resposta pós-acidente: atendimento ao trauma, Ass. Pré-hospitalar e reabilitação ( assistência das três esferas).
A greve dos caminhoneiros mostrou o quanto o transporte é importante para o país, assim como a segurança no trânsito é fundamental para a preservação da vida. O problema envolve múltiplos fatores, porém dos 5 pilares estabelecidos pela ONU, apenas um depende, embora não exclusivamente, do cidadão: o comportamento e segurança do usuário para um caminho seguro. Os quatro restantes são de gestão e ação institucional, política e governamental, nas três esferas de poder.
Isso indica que se os quatro itens não forem cumpridos pelo gestor governamental a consequência recairá sobre o cidadão/usuário, condutor ou transeunte.
Nos artigos, por ocasião do “Maio Amarelo” (07.05.18) discorri sobre a “Violência do Trânsito para os Hospitais”, onde mostrei a intenção da ONU de reduzir pela metade o índice de ATT e de vítimas até 2020. No Brasil tivemos decréscimo na taxa de mortalidade em 2015 em relação a 2014, quando foram poupadas 5.000 vidas.
Se fizermos uma avaliação do número de vítimas por motocicletas no Amapá o resultado vai acompanhar o que acontece no restante do Brasil, que no período de 2014-2016 contribui sobremaneira para o aumento da cifra de internações, chegando a 87,5% em 2016. Em 2015 ocorreram 175.000 internações, cujos ocupantes de moto contribuíram com 60% dos pacientes internados.
Essa situação é preocupante para a rede de saúde pública, que é a que acolhe a maioria dos acidentados, acometidos com os mais diversos tipos de lesões e sequelas: esmagamentos, amputações, deformidades, trauma de nervos, traumatismo raquimedular, TCE e queimaduras.
As lesões incapacitantes exigem dos gestores um aparato técnico suficiente, estrutura adequada e qualificação da equipe de socorristas e serviços de emergência e posterior reabilitação de sequelas. No Amapá cabe à gestão da SESA, através dos serviços prestados pelo SAMU, Hospital de Emergência e CREAP, a execução dessas atividades.
 No estudo feito por Maria Helena Prado e Monica Mendonça do ano de 2015, a taxa de internação das vítimas decorrentes de ATT (por 100.000 hab.) no Amapá, foi de 88,7 %, ficando só atrás do Roraima (302,4%) e Acre (97,1%), sendo estas as maiores taxas do Brasil, o que mostra que a problemática nos estados do norte é mais grave (Revista ABRAMET, v.37,N.1, 2018).  
Tendo em vista também a carência e desestruturação dos serviços médicos de apoio e de urgência/emergência na região norte, corrobora para que os ATT tenham uma influencia marcante na saúde pública, ficando o Amapá longe de contribuir com o Brasil para atingir as metas da ONU.  JARBAS ATAÍDE, 11.06.2018.




ATENDIMENTO. PRÉ-HOSPITALAR UMA GESTÃO INTEGRADA (Fonte: DMTRANS)

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