Uma nova
consciência
MAIARA PIRES
“O povo,
que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados
na região e sombra da morte, a luz raiou. Desde então começou Jesus a pregar, e
a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mt 4.16-17).
Sabe por
que o mundo ainda não se deteriorou? Por causa do amor de Deus, essa semente
que foi plantada por Cristo no coração dos homens há dois mil anos. Observe que
em meio ao caos em que vive a sociedade no mundo inteiro, ainda existem pessoas
que se preocupam umas com as outras.
Essa
doação de si mesmo para ver o outro bem, fica mais nítida em situações de
calamidade pública, por exemplo. O sentimento de solidariedade ao próximo
simplesmente nasce no coração das pessoas e contagia. A compaixão toma conta do
ser humano.
Não se
via isso antes de Jesus chegar. Antes de Cristo, era olho por olho, dente por
dente; golpe por golpe; queimadura por queimadura; quem com ferro fere, com
ferro será ferido. A mansidão de Jesus era algo extraordinário para quem vivia
sob a tensão de ser morto ou apedrejado por causa de algum malfeito. Isto
porque, qualquer que guardasse toda a lei, e tropeçasse em um só ponto,
tornava-se culpado de todos (Tg 2.10).
Ao
anunciar a paz, Cristo não levava em conta o tempo da ignorância do povo. Ele
perdoava e dava outra chance para o pecador se redimir. Uma frase que Ele
sempre dizia ao despedir as pessoas alcançadas por seus milagres, era: “Vai-te,
e não peques mais”.
Renovação
do entendimento
Essa
constatação fez o apóstolo Paulo declarar uma das virtudes geradas pelo
evangelho: “(...) onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20). As
pessoas que acreditavam no que Jesus falava, viviam como perdoadas proclamando
a salvação de almas e fazendo o bem. Tudo isso, voluntariamente, seguindo os
passos do Mestre e passando a ter uma nova consciência de si, do mundo e do
próprio Deus.
Eram as
palavras de Jesus que geravam uma nova consciência de quem somos, o que estamos
fazendo aqui e para onde vamos. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo
não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado
misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1 Pe 2.9-10).
Eis aqui
o efeito do que saia dos lábios de Cristo: “Porque a palavra de Deus é viva e
eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
Mas, não
era só naquela época que as palavras de Jesus causavam esse efeito. As
descrições do que traz cada livro do Novo Testamento continuam com esse mesmo
poder de transformação. Tanto que, Paulo fez diversas orientações neste
sentido: “E não vos conformeis com este mundo, mas transforma-vos pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
Essa nova
consciência traz num primeiro momento certa tristeza, principalmente, pela
percepção das trevas em que se encontra esse mundo e, de estarmos nele. (2 Co
7.10). Contudo, logo após vem o consolo de saber que existe um lugar eterno e
muito melhor para todos que creem e amam a vinda de Cristo (Jo 14.1-3). (Com
bispo Luciano Nascimento).
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