sábado, 19 de janeiro de 2019

Artigo do Gato

Lá se foram os anos


Eu me homenageio. Dizem que falar de si é difícil, é complicado, pois andamos sempre numa linha tênue que separa o exagero da mediocridade. Mas não vejo assim. A fórmula é falar a verdade sobre si. Pronto! Os que não lhe conhecessem vão ficar se perguntando: esse cara é isso mesmo? Os que lhe conhecessem vão afirmar: esse é o Roberto Gato que eu conheço.

Então lá vai. No dia 25 de janeiro de 1959, fui fabricado no hoje município de Porto Grande. Por um cidadão chamado Manoel Pereira da Silva. Minha mãe Zoraide Coelho do Nascimento, sobrenome herdado do marido, Raimundo Moura do Nascimento, mais conhecido por “Gatão”. Minha mãe estava separada e trabalhava como costureira. Lá um belo dia chegou em Porto Grande o novo guarda territorial e professor de educação física. Um jovem de aproximadamente 19 anos. Ele precisava costurar uma calça e foi indicado para a costureira mais famosa do lugar. Foi amor à primeira vista. Bem, o Pereira viveu com minha mão durante dois anos e quando foi transferido para o Porto de Santana, minha mãe estava grávida de seis meses. Daí pra frente minha vida tomou outro rumo. Fui batizado como filho do Gatão, daí o nome Roberto Coelho do Nascimento. O Gatão sempre foi um boêmio, mas um policial respeitado. Pela força, dizem. O fato é que ele tão pouco viveu com minha mãe. Junto comigo foram criados mais três irmãos. Arnaldo, Graciete e Margareth. Reinaldo e Graça, filhos do matrimônio foram criados pela vovó Nenê, esposa do mestre Benedito, na Presidente Vargas, próximo ao IETA-Instituto de Educação do Amapá.

Esses fatos não nos fez menos unidos. Somos irmãos e nos amamos como tal. Infelizmente a covardia de três ex-policiais civis, devidamente condenados e presos, tiraram o Arnaldo do nosso convívio. Isso aconteceu no dia 5 de janeiro de 2003. Mas, ele deixou para nós cinco sobrinhos maravilhosos. Kellen, Kleverson, Alessandra, Jhonathan e Arnaldo Jr. Daí que minha mãe já tem bisnetos oriundos dessa prole, mas minha memória não é tão boa assim.

Futebol

Um dia, em 1971 fui comprar pão pra casa. No comércio do seu João, localizado no bairro da CEA encontrei o Marlucio, filho da Natalina e do Vadoca. Ele me convidou pra irmos à igreja N.S. de Fátima jogar futebol. Entusiasmado me disse que ia haver um torneio de “Dente de Leite” e que os melhores iriam compor o time infantil do Oratório. Lá fui. Esqueci o pão. Enrolei bem o dinheiro, amarrei no fio do short e cheguei lá fiquei no time denominado São Cristóvão. Depois de uma manhã intensa de futebol, descalço e o sol a pino, os pães ficaram em segundo plano. Bem! Fui selecionado e cheguei em minha casa sabendo o que me esperava. Um galho de goiabeira flexível. A porra do galho, não quebrava o maldito, vergava com as rimpadas chegava zunir e arrebentava nas minhas pernas e costas, mas quebrar mesmo, jamais. Dona Zozó bateu com gosto. Valeu a pena a surra. Primeiro que foi justa e, apanhei com satisfação, afinal, pertencia ao Oratório, agora.

Nessa fase tive como treinador o seu Antônio, um jovem que pertencia a JOT-Juventude Oratoriana da Igreja Nossa Senhora de Fátima. Passamos quatro anos ali. Ganhávamos tudo. Todos os torneios infantis. Lá conheci o Nicó, Marcelino (falecido), Nassu, Zé Airton, Juca, Marivaldo, Tarabian (já falecido), Taqueira (Bobó), Eli, Ney (falecido), Jango, Bira do Jurandir Carudo e etc. Uma molecada boa de bola. Alguns como eu e Marcelino seguimos a carreira de jogador, outros foram estudar o que fizeram muito bem. O Nicodemos é médico, oficial da Polícia Militar, Eli é Promotor Púiblico, Zé Airton economista, Marivaldo professor e todos estão bem graças a Deus. E eu...chego lá.

O time adulto do Oratório era comandado por um negro baixo, atarracado, Odorval Moraes. Apelidado de “Quilo Certo Maravilha”, em função da sua estatura. O cara também era um líder nato. Espécie de paizão.

No time adulto do Oratório fomos Tri campeão da segunda divisão, fui revelação e craque do ano. 77/78 respectivamente, seleção amapaense, Clube do Remo e Rio Negro de Manaus. A fórmula do futebol é; um bom empresário, talento, sorte e, lógico, dedicação. Eu não tinha empresário, me sobrava talento, não tive sorte e confesso: era um pau d’água, ou seja, bebia muito. Foi efêmera minha carreira, mas dizem que Deus escreve certo por linhas tortas e escreve mesmo. Hoje digo pra mim. Graças a Deus que a carreira não deu certo. Minha vida mudou radicalmente quando voltei para o Amapá. Em 1982 joguei um amistoso contra o Atlético Mineiro (0X0), fui destaque na partida e daí surgiu a oportunidade para ir para o Amapá Clube. Era presidente do time Zebrado da Presidente Vargas, um cara chamado Rodolfo Juarez. Esse cara me mostrou outro mundo, o mundo do conhecimento. Gostava do meu refinado futebol, mas via em mim algo mais que simplesmente o futebol. Me incentivou a voltar a estudar e me empregou de office boy no jornal a Folha do Povo, de sua propriedade e do meu padrinho José Jansen Costa. Bem... aí surge um novo Roberto Gato. Esse que escreve a sua vida nesse espaço. Conheci pessoas inesquecíveis como Jeconias Alves de Araújo, Obdias, Isnard Brandão de Lima Filho, Alcir Araújo, Dacimam, Amadeu Lobato , conviver com Rodolfo Juarez tem duas alternativas: Ou você estuda ou você estuda. O cara transpira conhecimento. Depois virei repórter em 1984, 1985 editor e dono de 25% do Jornal. Presente do Rodolfo. Segundo ele um reconhecimento pelo meu empenho na empresa. Vou acelerar. Trabalhei na Associação Comercial e Industrial do Amapá por quatro anos. Em 1990 na condição de secretário “Ad hoc” fundamos a Federação das Indústrias do Amapá e trabalhei efetivamente na regionalização do Serviço Social da Indústria e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Fui Secretário Executivo da FIAP de 1990/1991. Assumi a Secretaria Executiva da Federação do Comércio em 1993. Entidade que ajudei a fundar e a regionalizar o SESC – Serviço Social do Comercio e o SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Fui repórter na TV Amapá 95/96. Ingressei na Rádio Difusora de Macapá. 97/98/99/2000/2001/2002. Nesse período assumi o jornalismo da Difusora. Em 2003 assumi a editoria do Jornal a Gazeta do meu amigo Sillas Junior. Permaneci ali até 2005. Em 2004 trabalhei na Rádio Porto AM. Fui pra Rádio 101 FM e em 2006 voltei para a Rádio Difusora e fundei o Jornal Semanal Tribuna Amapaense.

. Fiz o Curso de Bacharelado em Secretariado Executivo na Universidade Federal do Amapá. 91/95. Cursei Direito no SEAMA até o 5º Semestre. 2004/2006. Infelizmente não concluí meu curso, pelo qual me apaixonei e até hoje sou um estudioso das Ciências Jurídicas. Fiz vários cursos de rádio, jornalismo, produção e locução, com Thais Ladeira, Mara Régia, João Somma Neto, Marco Aurélio e outros que a memória nesse instante me trai.

Casei em 1985 com Natalina Amoras Mira, com quem tive quatro filhos, Jamille, Jacqelline, Roberta e o Roberto Jr. Tenho sete netos. Letícia, Nicole, Bernardo, Matheus, Julia, Nalu e Luanna. Tá chegando. Hoje estou animado pra começar uma nova prole e já fiz mais dois, o Renzo e tá chegando o Ravi. É bom ter um sorriso de criança por perto. Tem gente se encarregando disso.

Personalidade: dizem que sou sisudo, áspero e reto. Acho que às vezes perco sim a oportunidade de ser simpático, mas é que as pessoas são tão dissimuladas que prefiro não arriscar. Ah... mulheres, as adoro, tanto que Deus já me deu 3 filhas e até agora cinco netas. Fui alcoólatra, numa escala preocupante, mas um milagre me livrou desse vício. Hoje estou na presidência da Difusora, lutando muito juntamente com meus companheiros para fazer a Difusora uma emissora vocacionada a defender os interesses do povo. Inimigos? Muitos. Quem não os tem, é porque não tem caráter. Vivo uma vida caseira. Aos 60 anos a gente começa a sossegar. Mas ainda quero vive muito, se Deus quiser.

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