Tradição na educação e da história do Amapá está sendo
restaurada
As obras iniciaram na última quarta-feira (2)
e têm o prazo de um ano para a entrega. O orçamento dos trabalhos passa dos R$
5 milhões, informou a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SEINF),
responsável pela restauração.
A
empresa contratada recebeu a ordem de serviço no dia 17 de dezembro e está
montando o canteiro de obras. A preocupação é manter o estilo arquitetônico e
restaurar o que foi vandalizado por moradores de rua e drogados.
Reinaldo Coelho
O Tribuna Amapaense tem
uma editoria denominada Pioneirismo que relata a biografia e a participação
ativa de personagens amapaenses que contribuíram ou contribuem com a formação
da sociedade do Amapá e a estruturação da sua história, patrimônio e cultura
local.
Nos relatos escritos
verificamos que a maioria dos pioneiros estudaram ou trabalharam no Grupo
Escolar Barão do Rio Branco, a primeira escola construída no então Território
Federal do Amapá.
Inaugurada em 20 de
abril de 1946, a Escola Barão do Rio Branco compõe a lista de prédios
históricos de Macapá e se tornou tradicional na formação educacional de
milhares de amapaenses e foi a primeira escola construída em alvenaria em
Macapá, na década de 1940, tornando-se um patrimônio histórico e cultural do
Amapá. Em 13 de setembro de 2018 a escola tradicional amapaense completou 72
anos e sempre esteve cheio de alunos e que formou dezenas de gerações e muitos
profissionais públicos lembram os tempos de glória do lugar.
Em 2013, na gestão de
Camilo Capiberibe (PSB), a escola foi fechada para obras depois de terem sido
detectadas infiltrações e goteiras na estrutura e foi iniciada a mobilização
para o começo da reforma mais foi somente feita a transferência dos educandos e
educadores para um prédio alugado pelo governo do Estado, localizado na Avenida
Iracema Carvão Nunes, também no Centro.
Mas as obras não
aconteceram e o abandono do prédio histórico trouxe as invasões de drogados e
moradores de rua, ficando fechado há 4 anos, finalmente o prédio de tradicional
escola do Amapá começou a ser reformado.
Finalmente começou a ser reformada
Sob o governo de Waldez Góes os estudos de reformas e revitalização da
tradicional escola amapaense, começou a ser feita. O secretário de estado de
infraestrutura (SEINF), Alcir Matos, afirmou na que o processo de licitação
para a reforma da Escola Barão do Rio Branco, começou a ser feito em 2017. Ele
explicou também que estava havendo um cuidado muito grande por parte do governo
(GEA) por não se tratar de uma simples reforma, porque pela importância
histórica do prédio ele passará por uma restauração, com a preservação de sua
estrutura e características.
“A obra da Escola Barão
do Rio Branco está em fase de licitação. Na realidade tratar-se de uma obra de
restauro e precisamos ter todo cuidado com patrimônios do quilate do Barão e da
residência oficial do governador, por exemplo. Apesar do prédio não ser tombado
suas características têm que ser preservadas por ser patrimônio fantástico do
ponto de vista histórico, por isso tem que ser restaurado e não apenas
reformado, assim como foi feito no Museu da Imagem e do Som”, pontuou.
Um ano é o prazo de entrega
As obras iniciaram na
última quarta-feira (2) e têm o prazo de um ano para a entrega. O orçamento dos
trabalhos passa dos R$ 5 milhões, informou a Secretaria de Estado da
Infraestrutura (SEINF), responsável pela restauração.
A empresa contratada
recebeu a ordem de serviço no dia 17 de dezembro. Mas, ao entrarem no prédio,
técnicos constataram que haviam moradores de rua ocupando o local, sendo
necessário um diálogo para que não acontecesse nenhum conflito. Eles saíram da
área para que a obra pudesse ser iniciada.
A primeira parte da obra
será uma limpeza geral, uma vez que a estrutura está coberta de mato, poeira e
de restos deteriorados da própria estrutura do prédio. São de 30 a 50
profissionais contratados diretamente e outros que farão serviços isolados
durante o período das obras.
A ideia é que a
restauração do prédio histórico permita o retorno das atividades da escola numa
área maior e sirva para suprir a demanda nos bairros próximos e passe atender
mais de 1. 200 alunos.
Alcir Matos, titular da SEINF,
destacou que a proposta é restaurar o prédio histórico e não fazer uma reforma.
"Todo o prédio têm
uma estrutura, características de prédios dos anos 40 e isso faz parte da
história do Amapá. Vamos fazer algumas readequações, até mesmo para o melhor
conforto dos alunos, mas vamos manter a integralidade da estrutura da
escola", explicou.
Espaços como o Cine
Territorial, um dos principais símbolos da memória audiovisual do Estado,
também será restaurado durante a obra.
A SEINF garantiu que não
haverá interrupções na restauração do prédio. A previsão da secretaria é que o
colégio esteja disponível para as aulas do ano letivo de 2020.
O acompanhamento dos
serviços será da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf). De acordo com
o titular da pasta, Alcir Matos, não se trata de uma simples reforma, mas de
uma revitalização de um prédio histórico do Amapá. “É uma obra de 1946 e
precisamos fazer todo esse resgate e manter ao máximo a arquitetura original do
prédio. O que fizermos de diferente na estrutura não impactará em nada na
essência primaria”, destacou Matos.
Um dos pontos de maior
destaque do projeto é em relação aos serviços no
Após a conclusão dos serviços de reforma, a
Escola Barão do Rio Branco atenderá a comunidade escolar com 18 salas de aula e
mais um complexo de compartimentos administrativos e pedagógicos. Todos
divididos em quatro blocos.
RE-CONSTRUÇÃO DO HISTÓRICO DA ESCOLA BARÃO E DO BAIRRO
CENTRAL DE MACAPÁ
O prédio da escola Barão
do Rio Branco foi inaugurado em 20 de abril de 1946, para atender a um dos
itens básicos do tripé da política nacional desenvolvimentista do presidente
Getúlio Vargas, posta em prática no Território Federal do Amapá, através das
ações de seu primeiro governador, Janary Nunes.
De acordo com Santos
(1998, 34) [1], “o trinômio ‘Sanear, Educar e Povoar’ havia sido definido como
o programa de organização e desenvolvimento dos Territórios Federais criados em
1943”, dentre os quais o do Amapá. Para efetivar a educação escolar dentro de
um sistema eficaz era necessário ampliar e dinamizar uma fraca rede escolar
existente há bastante tempo, mas que contava com apenas sete escola em toda a
região, com uma média de 295 alunos para sete professore, ainda de acordo com o
mesmo autor.
Foi nesse contexto que
surgiu o “Grupo Escolar de Macapá”, funcionando em prédio alugado, sem contar
com a efetiva atenção do poder estatal, além de abordar um currículo
extremamente básico de leitura, escrita e matemática.
A construção do prédio
definitivo da Escola Barão se insere, por tanto, na perspectiva alfabetizadora
que a sociedade local demandava, mas sem poder ser caracterizada como educadora
num caráter crítico, uma vez que o sistema educacional servia de porta voz das
ideologias governamentais na tentativa, até bem eficaz, de impedir
posicionamentos contestatórios ao Janarismo.
A Escola Barão surgiu,
então para reforçar a concretização de alguns dos objetivos da criação do
território Federal do Amapá, que se resume no termo “desenvolvimento”, nas suas
faces educacionais, sociais e urbanistíssimas da cidade de Macapá, capital do
Território Federal.
Assim, em 21 de setembro
de 1945, com a presença do Governador Janary Nunes e de professores da escola,
foi colocada a pedra fundamental no local, onde hoje funciona a atual Escola.
Em 20 de abril de 1946, por Decreto Governamental do Território Federal do
Amapá, foi oficializada a criação o Grupo Escolar de Macapá, em prédio próprio.
E no dia 13 de setembro do mesmo ano por um Ato Governamental passou a
chamar-se Grupo Escolar Barão do Rio Branco em homenagem ao Barão do Rio
Branco, figura ilustre, com grande contribuição para o então Território do
Amapá na questão das disputas fronteiriças entre Brasil e França.
Segundo relatório de
atividades do governo Janary Nunes, o ano de 1946 foi marcado pela construção
deste prédio caracterizado no estilo colonial com uma área coberta de 1.769 m²,
contando com dois pavimentos e quatro anexos, salas medindo 67m², onde se
especifica a construção de alvenaria, com lajes e pisos de concreto armado e cobertura
de telha tipo Marselha.
Na época, sua construção
foi edificada através do prédio de uma sala de conferência com palco e cabina
cinematográfica. Anos depois esta sala foi transformada em Cine Teatro
Territorial de Macapá.
A escola Barão foi
construída com o objetivo de inserir crianças, adolescentes e adultos numa iniciação
cultural e proporcionar-lhes o conhecimento da vida nacional, bem como o
exercício das virtudes morais e cívicas, dentro do elevado espírito de
fraternidade humana. Na época, a escola atendia a uma clientela de trezentos
(300) alunos de ambos os sexos, funcionando em dois turnos (manhã e tarde), com
salas de jardim de infância, alfabetização inferior, superior e primário.
Essa clientela inicial
era composta por moradores do atual bairro central de Macapá, cuja estruturação
urbanística ainda estava iniciando, sendo que a área do entorno da Escola (onde
estão situados a Residência Governamental, a Praça do barão, o prédio dos
Correios, a Praça Veiga Cabral, a Igreja São José) era bem mais urbanizada em
relação à área do entorno da Fortaleza de São José e do antigo Igarapé das
Mulheres.
Percebe-se que
construção da Escola Barão sempre esteve relacionada ao aspecto do
desenvolvimento – em âmbito geral – da cidade de Macapá, pois, com a política
Varguista Janarista, muitas pessoas se deslocaram de outras cidades e estados
para o Território Federal do Amapá, com mão de obra absorvida pelo Governo.
Logo, os filhos desses funcionários públicos, que atuavam na sede do poder
político iam estudar nas escolas centrais, tal qual o Barão do Rio Branco.
As escolas do bairro
central, dentro do “eixo FAB” assumiram naturalmente posição de destaque na
opinião pública, e na história da educação amapaense, passando a serem tidas
com as “melhores”, com melhor qualidade de ensino e organização administrativa,
e infraestrutura.
Com passar do tempo, a
cidade foi se reestruturando e as áreas dominadas por residências familiares
foram cedendo lugar para maior atividade comercial, ao ponto de atualmente o
centro histórico de Macapá ter perdido suas caraterísticas originais quase que
por completo, sediando a Área de Livre Comércio, comportando grande número de
estabelecimentos de venda de bens de consumo e serviços.
Ao longo de sua
história, a Escola Barão passou por mudanças, tanto na sua estrutura física,
com ampliação e acessibilidade, quanto nas modalidades de ensino de cada
período administrativo, chegando a atender mais de mil alunos da Educação
Básica (com turmas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 e 2) e do
Educação de Jovens e Adultos, sendo que atualmente encontra-se em prédio
alugado, devido à proposta de reforma geral e adaptação do prédio próprio, bem
com o a implementação do ensino Fundamental de nove anos, em substituição da
seriação, devendo atender apenas uma clientela de sexto ao nono anos, com um
total de 600 alunos.
FONTE DAS IMAGENS: http://porta-retrato-ap.blogspot.com – Blog depesquisa histórica do jornalista João Lazaro.
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