sábado, 5 de janeiro de 2019

ESCOLA BARÃO DO RIO BRANCO



Tradição na educação e da história do Amapá está sendo restaurada


As obras iniciaram na última quarta-feira (2) e têm o prazo de um ano para a entrega. O orçamento dos trabalhos passa dos R$ 5 milhões, informou a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SEINF), responsável pela restauração.
A empresa contratada recebeu a ordem de serviço no dia 17 de dezembro e está montando o canteiro de obras. A preocupação é manter o estilo arquitetônico e restaurar o que foi vandalizado por moradores de rua e drogados.


Reinaldo Coelho

O Tribuna Amapaense tem uma editoria denominada Pioneirismo que relata a biografia e a participação ativa de personagens amapaenses que contribuíram ou contribuem com a formação da sociedade do Amapá e a estruturação da sua história, patrimônio e cultura local.
Nos relatos escritos verificamos que a maioria dos pioneiros estudaram ou trabalharam no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, a primeira escola construída no então Território Federal do Amapá.
Inaugurada em 20 de abril de 1946, a Escola Barão do Rio Branco compõe a lista de prédios históricos de Macapá e se tornou tradicional na formação educacional de milhares de amapaenses e foi a primeira escola construída em alvenaria em Macapá, na década de 1940, tornando-se um patrimônio histórico e cultural do Amapá. Em 13 de setembro de 2018 a escola tradicional amapaense completou 72 anos e sempre esteve cheio de alunos e que formou dezenas de gerações e muitos profissionais públicos lembram os tempos de glória do lugar.
Em 2013, na gestão de Camilo Capiberibe (PSB), a escola foi fechada para obras depois de terem sido detectadas infiltrações e goteiras na estrutura e foi iniciada a mobilização para o começo da reforma mais foi somente feita a transferência dos educandos e educadores para um prédio alugado pelo governo do Estado, localizado na Avenida Iracema Carvão Nunes, também no Centro.
Mas as obras não aconteceram e o abandono do prédio histórico trouxe as invasões de drogados e moradores de rua, ficando fechado há 4 anos, finalmente o prédio de tradicional escola do Amapá começou a ser reformado.

Finalmente começou a ser reformada


Sob o governo de Waldez Góes os estudos de reformas e revitalização da tradicional escola amapaense, começou a ser feita. O secretário de estado de infraestrutura (SEINF), Alcir Matos, afirmou na que o processo de licitação para a reforma da Escola Barão do Rio Branco, começou a ser feito em 2017. Ele explicou também que estava havendo um cuidado muito grande por parte do governo (GEA) por não se tratar de uma simples reforma, porque pela importância histórica do prédio ele passará por uma restauração, com a preservação de sua estrutura e características.

“A obra da Escola Barão do Rio Branco está em fase de licitação. Na realidade tratar-se de uma obra de restauro e precisamos ter todo cuidado com patrimônios do quilate do Barão e da residência oficial do governador, por exemplo. Apesar do prédio não ser tombado suas características têm que ser preservadas por ser patrimônio fantástico do ponto de vista histórico, por isso tem que ser restaurado e não apenas reformado, assim como foi feito no Museu da Imagem e do Som”, pontuou.

Um ano é o prazo de entrega


As obras iniciaram na última quarta-feira (2) e têm o prazo de um ano para a entrega. O orçamento dos trabalhos passa dos R$ 5 milhões, informou a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SEINF), responsável pela restauração.
A empresa contratada recebeu a ordem de serviço no dia 17 de dezembro. Mas, ao entrarem no prédio, técnicos constataram que haviam moradores de rua ocupando o local, sendo necessário um diálogo para que não acontecesse nenhum conflito. Eles saíram da área para que a obra pudesse ser iniciada.
A primeira parte da obra será uma limpeza geral, uma vez que a estrutura está coberta de mato, poeira e de restos deteriorados da própria estrutura do prédio. São de 30 a 50 profissionais contratados diretamente e outros que farão serviços isolados durante o período das obras.
A ideia é que a restauração do prédio histórico permita o retorno das atividades da escola numa área maior e sirva para suprir a demanda nos bairros próximos e passe atender mais de 1. 200 alunos.
Alcir Matos, titular da SEINF, destacou que a proposta é restaurar o prédio histórico e não fazer uma reforma.
"Todo o prédio têm uma estrutura, características de prédios dos anos 40 e isso faz parte da história do Amapá. Vamos fazer algumas readequações, até mesmo para o melhor conforto dos alunos, mas vamos manter a integralidade da estrutura da escola", explicou.
Espaços como o Cine Territorial, um dos principais símbolos da memória audiovisual do Estado, também será restaurado durante a obra.

A SEINF garantiu que não haverá interrupções na restauração do prédio. A previsão da secretaria é que o colégio esteja disponível para as aulas do ano letivo de 2020.

O acompanhamento dos serviços será da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf). De acordo com o titular da pasta, Alcir Matos, não se trata de uma simples reforma, mas de uma revitalização de um prédio histórico do Amapá. “É uma obra de 1946 e precisamos fazer todo esse resgate e manter ao máximo a arquitetura original do prédio. O que fizermos de diferente na estrutura não impactará em nada na essência primaria”, destacou Matos.

Um dos pontos de maior destaque do projeto é em relação aos serviços no  
 Após a conclusão dos serviços de reforma, a Escola Barão do Rio Branco atenderá a comunidade escolar com 18 salas de aula e mais um complexo de compartimentos administrativos e pedagógicos. Todos divididos em quatro blocos.
  


RE-CONSTRUÇÃO DO HISTÓRICO DA ESCOLA BARÃO E DO BAIRRO CENTRAL DE MACAPÁ

O prédio da escola Barão do Rio Branco foi inaugurado em 20 de abril de 1946, para atender a um dos itens básicos do tripé da política nacional desenvolvimentista do presidente Getúlio Vargas, posta em prática no Território Federal do Amapá, através das ações de seu primeiro governador, Janary Nunes.
De acordo com Santos (1998, 34) [1], “o trinômio ‘Sanear, Educar e Povoar’ havia sido definido como o programa de organização e desenvolvimento dos Territórios Federais criados em 1943”, dentre os quais o do Amapá. Para efetivar a educação escolar dentro de um sistema eficaz era necessário ampliar e dinamizar uma fraca rede escolar existente há bastante tempo, mas que contava com apenas sete escola em toda a região, com uma média de 295 alunos para sete professore, ainda de acordo com o mesmo autor.
Foi nesse contexto que surgiu o “Grupo Escolar de Macapá”, funcionando em prédio alugado, sem contar com a efetiva atenção do poder estatal, além de abordar um currículo extremamente básico de leitura, escrita e matemática.
A construção do prédio definitivo da Escola Barão se insere, por tanto, na perspectiva alfabetizadora que a sociedade local demandava, mas sem poder ser caracterizada como educadora num caráter crítico, uma vez que o sistema educacional servia de porta voz das ideologias governamentais na tentativa, até bem eficaz, de impedir posicionamentos contestatórios ao Janarismo.
A Escola Barão surgiu, então para reforçar a concretização de alguns dos objetivos da criação do território Federal do Amapá, que se resume no termo “desenvolvimento”, nas suas faces educacionais, sociais e urbanistíssimas da cidade de Macapá, capital do Território Federal.
Assim, em 21 de setembro de 1945, com a presença do Governador Janary Nunes e de professores da escola, foi colocada a pedra fundamental no local, onde hoje funciona a atual Escola. Em 20 de abril de 1946, por Decreto Governamental do Território Federal do Amapá, foi oficializada a criação o Grupo Escolar de Macapá, em prédio próprio. E no dia 13 de setembro do mesmo ano por um Ato Governamental passou a chamar-se Grupo Escolar Barão do Rio Branco em homenagem ao Barão do Rio Branco, figura ilustre, com grande contribuição para o então Território do Amapá na questão das disputas fronteiriças entre Brasil e França.
Segundo relatório de atividades do governo Janary Nunes, o ano de 1946 foi marcado pela construção deste prédio caracterizado no estilo colonial com uma área coberta de 1.769 m², contando com dois pavimentos e quatro anexos, salas medindo 67m², onde se especifica a construção de alvenaria, com lajes e pisos de concreto armado e cobertura de telha tipo Marselha.
Na época, sua construção foi edificada através do prédio de uma sala de conferência com palco e cabina cinematográfica. Anos depois esta sala foi transformada em Cine Teatro Territorial de Macapá.

A escola Barão foi construída com o objetivo de inserir crianças, adolescentes e adultos numa iniciação cultural e proporcionar-lhes o conhecimento da vida nacional, bem como o exercício das virtudes morais e cívicas, dentro do elevado espírito de fraternidade humana. Na época, a escola atendia a uma clientela de trezentos (300) alunos de ambos os sexos, funcionando em dois turnos (manhã e tarde), com salas de jardim de infância, alfabetização inferior, superior e primário.
Essa clientela inicial era composta por moradores do atual bairro central de Macapá, cuja estruturação urbanística ainda estava iniciando, sendo que a área do entorno da Escola (onde estão situados a Residência Governamental, a Praça do barão, o prédio dos Correios, a Praça Veiga Cabral, a Igreja São José) era bem mais urbanizada em relação à área do entorno da Fortaleza de São José e do antigo Igarapé das Mulheres.
Percebe-se que construção da Escola Barão sempre esteve relacionada ao aspecto do desenvolvimento – em âmbito geral – da cidade de Macapá, pois, com a política Varguista Janarista, muitas pessoas se deslocaram de outras cidades e estados para o Território Federal do Amapá, com mão de obra absorvida pelo Governo. Logo, os filhos desses funcionários públicos, que atuavam na sede do poder político iam estudar nas escolas centrais, tal qual o Barão do Rio Branco.
As escolas do bairro central, dentro do “eixo FAB” assumiram naturalmente posição de destaque na opinião pública, e na história da educação amapaense, passando a serem tidas com as “melhores”, com melhor qualidade de ensino e organização administrativa, e infraestrutura.
Com passar do tempo, a cidade foi se reestruturando e as áreas dominadas por residências familiares foram cedendo lugar para maior atividade comercial, ao ponto de atualmente o centro histórico de Macapá ter perdido suas caraterísticas originais quase que por completo, sediando a Área de Livre Comércio, comportando grande número de estabelecimentos de venda de bens de consumo e serviços.
Ao longo de sua história, a Escola Barão passou por mudanças, tanto na sua estrutura física, com ampliação e acessibilidade, quanto nas modalidades de ensino de cada período administrativo, chegando a atender mais de mil alunos da Educação Básica (com turmas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 e 2) e do Educação de Jovens e Adultos, sendo que atualmente encontra-se em prédio alugado, devido à proposta de reforma geral e adaptação do prédio próprio, bem com o a implementação do ensino Fundamental de nove anos, em substituição da seriação, devendo atender apenas uma clientela de sexto ao nono anos, com um total de 600 alunos.


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