A guerra de Raposas e Coelhos.
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Davi Alcolumbre (DEM/AP) enfrenta Renan Calheiros (MDB/AL) nas eleições para a presidência do Senado Federal e sai vitorioso, é a velho politica levando mais uma derrota |
Foi-se o tempo que
Brasília era a capital da diplomacia, dos bons ventos e da ordem. Na
contemporaneidade, a capital do Brasil parece uma selva: onde raposas, lobos,
serpentes e coelhos vivem em desarmonia natural e lutando por sua subsistência, mas na politica brasiliense é questão de sobrevivência politica.
Bruno Pereira
Especial para o TA
Enquanto o presidente da república, Jair Bolsonaro,
recupera-se de uma cirurgia, no Hospital Albert Einstein, tudo tem acontecido:
nas redes sociais, o General Mourão, Vice Presidente, foi elogiado pela
esquerda e criticado pelos mais conservadores, ao ponto de ser intitulado como
“novo símbolo da esquerda no Brasil”; Do outro lado, Marco Aurélio, ministro do
STF, manteve as investigações que apontam transações anômalas de Fabricio
Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro; porém, nada foi mais intenso que a
cerimônia de posse dos novos senadores, no último dia 01 de fevereiro, no
Senado Federal. O senador amapaense Davi Alcolumbre (DEM/AP) sentou-se à mesa
por volta das 10h:00, não respeitando as formalidades exigidas, iniciou os
trabalhos sem nem mesmo pedir aos colegas tomassem seus lugares, fato ironizado
pelo senador Renan Calheiros (MDB/AL). Após atrapalhar a ritualística,
Alcolumbre resolveu inovar, levando para proferir o juramento, o mais velho senador
do primeiro estado, como de costume, e também o mais jovem senador, fato jamais
visto.
O clima era de congraça até que iniciou-se a segunda reunião,
destinada aos preparativos da eleição do novo presidente do congresso nacional.
Anteriormente, o Senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) havia apresentado uma
questão de ordem solicitando que a votação fosse aberta, não prestigiando o
regimento interno que determina, no artigo 60, que a eleição deve realizar-se
em “escrutínio secreto”. Logo após o início da segunda reunião, muito se
discutiu a legitimidade do senador do DEM para presidir a sessão. Tentando ser
democrático, Davi abriu votação para que os parlamentares optassem por votação
de forma aberta ou fechada. O resultado foi que mais da metade do parlamento
optou pela votação aberta. Era o início de novas discussões. A temperatura
subiu no parlamento e a pressão em cima do senador amapaense também. O clima
estava tão informal que teve senador dizendo que o presidente da sessão estava
usando um “fraldão geriátrico”, outro parlamentar usando de bom português
sugeriu que a reunião estava parecendo um bordel.
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Kátia Abreu (PDT-TO) pega a pasta na mesa do presidente da sessão, Davi Alcolumbre (DEM-AP) Sérgio LimaPoder360 - 1º.fev.2019 |
Como vergonha pouca em Brasília é prejuízo, Kátia Abreu
(PDT/TO), visivelmente a mando de Renan Calheiros (MDB/AL), subtraiu do senador
amapaense a pasta que estavam as questões de ordem, deixando Alcolumbre com uma
expressão mais fleumática que o habitual e interrompendo a condução dos
trabalhos. Com discursos xerocopiados, ataques pessoais, empurra aqui e acolá,
se tocassem a música tema do seriado A Grande Família (REDE GLOBO 2001 a 2014),
se encaixaria perfeitamente na dramatização dos senadores.
Após muita conversa flácida para gado bovino repousar,
adiou-se a sessão para às 11h00 do dia posterior (02/02). Na madrugada, de forma
monocrática, atendendo a uma manifestação impetrada por grupos ligados ao
senador do MDB, o ministro Dias Toffoli determinou que a eleição fosse
realizada por voto secreto, respeitando o regimento interno, além de que a
presidência da sessão deveria ser capitaneada pelo senador José Maranhão
(MDB/PB), ou seja um Poder interferindo em outro e determinando como deve agir, isso além de ser antidemocrático e inconstitucional e o STF e seu presidente são os vigilantes do fiel cumprimento da Constituição Brasileira. Estando o STF assim violando a constituição ao romper o Princípio da Separação de Poderes: disposto no Art. 2º da Constituição Federal, que determina que os Poderes da União são independentes.
Na sessão marcada para iniciar as 11 horas do sábado (02) teve seu inicio marcado por manifestação de senadores contrários a intervenção do Supremo Tribunal
Federal, inclusive, alegando o obvio, se aceito o Senado estaria submisso ao STF que interveria nos problemas internos e de exclusivo interesse da Casa.
Após muitos debates, deu-se início a votação que, por fraude
nos envelopes, foi anulada. Gerou-se uma mixórdia no parlamento. Optou-se por
realizar novas eleições. Deduzindo que iria ser derrotado, após o PSDB declarar
publicamente seu voto no senador amapaense, Renan Calheiros retirou sua
candidatura, causando um novo alvoroço. Os senadores optaram por dar
continuidade na votação, mesmo com a resistência de alguns parlamentares. Ao
término da votação, sagrou-se Davi Alcolumbre como novo presidente do Senado e
do congresso nacional.
Davi terá direito a uma residência 450m², viagens em aviões
da força aérea brasileira, passaporte diplomático, veículo oficial e
combustível ilimitado, além dos benefícios que já dispõe como senador. As
vantagens primorosas são carregadas de responsabilidades. Será dever de
Alcolumbre articular e fornecer fluidez a agenda de reformas de Jair Bolsonaro.
Terá também o desafio de neutralizar a oposição, para que temas como a reforma
da previdência, mudança na legislação penal e do porte de arma possam ser
aprovados. Fato importante para que Jair consiga cumprir suas promessas de
campanha.
A chegada de um senador considerado de "baixo
clero" ao poder, representa que vivemos um momento de renovação nas
instituições e uma rearticulação da política nacional. Ousaria dizer que o
norte começa a sair do lugar de coadjuvante político e ascende ao protagonismo.
O Amapá é beneficiado com essa vitória, já que o senador terá acesso direto e
constante ao presidente e aos ministros, podendo usar a influência para remeter
mais recursos ao estado e contribuir diretamente para o melhor desenvolvimento
de nossa terra . É um novo tempo para o norte, um momento auspicioso para o
Amapá, além de uma oportunidade singular para o Brasil.
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