ATLETA DO PASSADO
“Há um fato interessante em relação ao José
Ramos, conhecido por nós como Tico-Tico, nome de um passarinho bem
sassariqueiro. Uma das paixões dele era criar passarinhos. Seu parceiro mais
frequente foi o Jacaré, lateral direito do Macapá e Municipal. Quando foi jogar
no Clube do Remo ganhou o apelido de Zezé. Tudo porque Tico- Tico era a alcunha
de um marginal que operava no Pará e no Maranhão”, conta Nilson Montoril.
Franselmo
George
O atleta do passado desta semana é o
ex-centroavante João do Carmo Tavares, mais conhecido como “Jangito”. Filho de
tradicional família amapaense do Formigueiro, atrás da Igreja São José - José
Rosa Tavares e Maria do Carmo Tavares(falecidos). Jangito Nasceu no dia 24 de
junho de 1941 – Irmão de dois craques consagrados do futebol amapaense – Biló e
Faustino(falecido).
Iniciou
suas atividades esportivas no Oratório da Prelazia de Macapá. Foi crescendo e
com ele seu estupendo futebol. Nas peladas do Oratório era o terror dos
goleiros. Agora no futebol oficial, continua sendo um terrível marcador de
gol/s. Ano passado foi artilheiro do campeonato, além de sangrar-se campeão pelo
Cea Clube. Disse-nos que foi artilheiro mais por capricho. “Tinha que desbancar
o Palito que já estava ficando acostumado”...Foi fundador do Juventus, pelo
qual jogou futebol e basquetebol até 1961, quando transferiu-se para o Cea
Clube.(Trecho da Revista ICOMI/Set/1964).
O
INÍCIO – Como já foi colocado,
Jangito começou a bater bola desde os 10 anos, na frente da Prelazia de Macapá
na Praça Veiga Cabral, onde o pessoal adulto amador na época jogavam, como:
Macapá, Amapá, São José e Trem. “Tempos depois foi construído o Glicério
Marques, o novo estádio. Então batia minha pelada ali. Não havia cercado, eram
cordas. Quando havia um jogo mais empolgante eles colocavam cordas cercando da
Igreja de São José até a Padaria do Seu “Janjão”, passando a Prelazia. O Janjão
era pai do Curupira que jogou no Juventus e São José, de lateral-direito”.
O
VICE CAMPEONATO PELO JUVENTUS - Seu
primeiro clube foi o Juventus Esporte Clube, do Chefe Humberto. “O Juventus se
filiou mais ou menos em 1956. Minha primeira partida interestadual foi vestindo
a camisa do Juventus em 1958 com 17 anos contra a equipe do Sport Recife. Fiz o
gol de empate. O jogo foi 5 x 2 para o time pernambucano. O elenco do Juventus
era: R. Peixe, Zamba, Base, Cadico, Bento Goés, Cremildo, Dico, Raminho,
Pompeia, Haroldo Nery, Mafra, Álvaro, Jupaty, Aécio, Círio, Biló, João Leite,
Estácio Vidal (Mucuim) e Maximino; o técnico era o Humberto Santos. Após essa
partida, Biló foi jogar no futebol paraense. Hoje eu fico pasmo de ver a
ingenuidade do jogador de 20 anos. Nós com 17 anos tínhamos maturidade, o
entendimento técnico, acostumados a disputar desde os 15 anos com o pessoal
adulto no estádio. Em 1956 perdemos estupidamente o campeonato para o Esporte
Clube Macapá. O campeonato estava nas mãos do Juventus. O Juiz já veio comprado
de Belém. O juiz era Ricardo Amali(descendência judaíca). O Mair Bemergui era
judeu, um dos patronos do Macapá.
A
IDA PARA O CEA CLUBE - Fui para o CEA
em 1961, na época eu trabalhava como gari na LBA. Lembro que o tio do Jader Barbalho,
chamado Lutércio de Barros Barbalho, onde me mandou um convite pelo meu irmão,
Faustino que trabalhava na CEA para comparecer na empresa. Estavam querendo
formar uma equipe competitiva para ser campeã. Na época eu ganhava um salário
mínimo de R$ 800,00(valores de hoje), e eles me ofereceram R$ 7.500,00 para
trabalhar na empresa/clube. Era muito dinheiro naquele tempo.
CAMPEÃO
DE 1963 – Na decisão do campeonato
amapaense de 63 contra o Amapá Clube – Jangito driblou todo o time alvinegro;
Palito, o Mafra, o goleiro, conquistando o título daquele ano. Equipe campeã:
Carlos, Guilherme, Faustino, Armando, Cadico, Domingos, Maximino, Diquinho,
Jangito, Perereca e Joãozinho.
A
IDA PARA O CLUBE DO REMO - “O Remo
veio fazer um amistoso e ganhamos de 4 X 2, fiz três gols. Foi quando eles
comentaram: - Manda buscar esse cara”. Na época o salário do Remo era 40 mil.
Foi quando fiz o teste, marquei dois gols, agradei! Me contrataram. Meu
irmão Faustino já estava no Remo me mandou levar para
o Dr. Raimundo Carneiro que era diretor do clube, onde me ofereceram 100 mil de
salários mais 20 mil de ajuda de custo. Só disse o seguinte para ele - Tinha
passado no concurso do Banco do Brasil e estava aguardando, na hora que
chegasse a minha nomeação rescindiria meu contrato. Foi quando voltei para
Macapá e fui para Rio Branco”.
ESTADO
DO ACRE – “Em 1966 saiu minha
nomeação para trabalhar no Banco do Brasil em Rio Branco, no Acre. Antes em
1965 eu tinha jogado com o Clube do Remo uma excursão por Porto Velho e Rio
Branco. O provocador dessa minha ida para o Acre foi o Dr. Manoel Nogueira(era
engenheiro, trabalhou na Prefeitura de Macapá e foi diretor do Colégio
Amapaense) estava coincidentemente no aeroporto de Rio Branco. Foi quando ele
fez o convite para jogar no seu time, o Atlético Acreano. Nessa época tinha
rescindido o contrato em Macapá, e vim mais para trabalhar. Mas optei em jogar
pelo Rio Branco Football Club, a convite de um senhor que trabalhava na Varig,
de nome Nemetala. Fiquei no Rio Branco um ano e pouco. Em 1967 fui para o
Independência, e não fiquei muito tempo. Conheci o Capitão Maia que era do
Exército(4ª Companhia de Fronteira). O Maia tinha o sonho de ser campeão pela
sua equipe, o GAS(Grêmio Atlético Sampaio). Um dia ele me convidou para ir no
treino do Sampaio. Aceitei a proposta, tinha apenas 26 anos. Fomos campeões
pelo GAS em 1967, fiquei um ano apenas no time. Houve uma denúncia contra o
time, onde o Elias Mansur(patrono do Juventus) fez uma representação na 8ª
Região Militar, que o GAS estava desvirtuando o sentido de amadorismo,
comprando jogadores. Só que quando o GAS apanhava ninguém denunciava. Foi
quando veio a ordem para acabar com o GAS. Daí voltei para o Independência,
onde fomos campeões em 1970. Estávamos com um time muito forte. Disputamos a
final com o Juventus - Time campeão: Ociraldo, Chico Alab, Jorge Floresta,
Palheta, Illimani, Agrícola Flávio, Otávio, Bico-Bico, Aldemir Lopes, Eu
(Jangito), João Carneiro, Escapulário, Tião Lustosa, Vila Nova, Mário Duarte e
Bebé; Alício Santos era o técnico. Abandonei o futebol no início dos anos 70,
passei no vestibular em economia pela UFAC”.
TORNEIO
DA INTEGRACÃO DA AMAZÔNIA – Jangito
participou de apenas um Copão da Amazônia, como treinador da equipe do Esporte
Clube Macapá. Copão realizado em 1976, na capital Rio Branco, no Acre. “Eles
não aceitavam que eu me apresentasse em time adversário, me consideravam
patrimônio do Acre. Eles comentavam que eu fui o melhor jogador de todos os
tempos que viram jogar”.
CRAQUES
QUE VIU JOGAR – Com meus doze anos eu
vi Vadoca(Trem/Amapá Clube); Adãozinho(Amapá Clube); Lelé “Perna Torta”(Trem);
Caboco Alves(Trem); Chicão(Trem); José Maria Chaves(Amapá Clube); Azamor(
centroavante do Amapá Clube); Boró(Amapá Clube); Julinho(quarto-zagueiro);
Fogão(Trem); Mafra(centroavante/zagueiro); Palitão; seus manos: Biló e
Faustino(falecido). Jangito conta que o Amapá tinha um celeiro de craques, e o
Juventus era formador de craques. Diz que na sua época existia um jogador que
jogava muito chamado Pau Pretinho, meio campo do Juventus; Zezé que foi seu
substituto depois foi para o Clube do Remo, e fez sucesso por lá. Ele era o
Tico-Tico aqui, acharam que o apelido era feio. Contra o poderoso Santos, fez
dois a três gols. “Há um fato interessante em relação ao José Ramos, conhecido
por nós como Tico-Tico, nome de um passarinho bem sassariqueiro. Uma das
paixões dele era criar passarinhos. Seu parceiro mais frequente foi o Jacaré,
lateral direito do Macapá e Municipal. Quando foi jogar no Clube do Remo ganhou
o apelido de Zezé. Tudo porque Tico- Tico era a alcunha de um marginal que
operava no Pará e no Maranhão”, conta Nilson Montoril.
Jangito
lembra quando o Rio Branco o emprestou para jogar contra o Flamengo-RJ. O jogo
foi 2 X 2, fez os 2 gos do Juventus. Na época enfrentou o Carlinhos, que foi
treinador do Flamengo; Nelsinho Rosa, foi treinador do Vasco; Cesar Maluco,
depois foi para o Palmeiras; Almir Pernambuquinho, ex-Vasco. Empatamos com o
Bahia em 1 X 1, fez o gol de empate.
FINALIZANDO – Jangito está hoje com 78 anos de idade. Fundador do
Juventus Esporte Clube, jogou futebol e basquetebol. É sócio proprietário do
Rio Branco Football Club. Aposentado desde 1991 pelo Banco do Brasil, 52 anos
de serviços prestados. Três filhos, duas moças e um rapaz, e 5 netos. Casado há
51 anos com a modista, Aidê Brito Tavares.





Nenhum comentário:
Postar um comentário