O
POETA FLAUTISTA
Achei
na Internet. Inicia com um poema de um escritor paraense dedicado a mim. Decidi
publicar!
CEGUEIRA
-
Para Obdias Araújo e sua flauta.
"Muitos
viram o bêbado caído na praça abraçado à garrafa.
Poucos
notaram a poesia esparramada na grama e a flauta esquecida em seu bolso.
Ninguém
viu a mágoa transbordando os olhos meigos do poeta."
................................................
O
poema acima faz um questionamento sobre o olho que domina o mundo, o olhar de
aprovação ou reprovação da ideologia burguesa sobre o comportamento e a
atividade de cada indivíduo na sociedade. A mesma burguesia que marginaliza o
poeta, desde o romantismo até hoje, adjetivando-o de maldito, boêmio, bêbado,
vadio, etc., consequência do seu questionamento da vida voltada para a
“produção” apenas. Então o olho, ou o olhar, sobre o poeta é este: poeta,
sonhador. A primeira estrofe se refere ao homem enquanto ser social, produtivo.
Este é o olhar sobre a realidade concreta do mundo do trabalho, do mundo das aparências,
na qual, a imagem é mais importante do que a essência. Há apenas a valorização
dos bens materiais. Muitos viram o bêbado caído na praça abraçado à garrafa. A
segunda estrofe trata da pouca importância dispensada, pela sociedade burguesa,
às criações artísticas, ao uso da criatividade para interpretar o mundo, a
partir de uma visão diferenciada deste. O poeta é um sujeito marginal na
sociedade. Poucos se interessam, valorizam e percebem os detalhes expressos nas
artes. Os versos abaixo denunciam esta situação vivida pelo poeta e sua
criação. Poucos notaram a poesia esparramada na grama e a flauta esquecida em
seu bolso. O poeta apresenta também a desvalorização das artes: a poesia
esparramada na grama passa despercebida pela maioria que não a nota. Os dois
últimos versos do poema representam o ser humano o sentimento e a sensibilidade
humana, elementos não cultivados pela sociedade “produtiva” que cultua o
racionalismo, o cientificismo e a capacidade produtiva, numa época de
robotização do ser humano na qual os sentimentos não têm valores e são
desprezados. Já não há mais espaço para o humanismo, o que predomina é uma
visão seca da realidade. ninguém viu a mágoa transbordando os olhos meigos do
poeta. Aqui existe uma tentativa de remeter o receptor a uma incursão ao
interior, à essência do ser humano. É uma forma de incentivar a busca por novos
modos de ver o mundo, as pessoas e a poesia. O texto detém uma gradação
decrescente motivada pelos valores estabelecidos na sociedade e trazem
julgamentos a respeito desses valores: Muitos viram o bêbado Poucos notaram a
poesia e a flauta ninguém viu a mágoa O liame da crítica suburbanidade, espaço
onde as pessoas se acostumam com a banalização do trágico, é colocado a olho nu
pela criação poética. A estrutura desse poema é livre e autêntica, não segue
regras de métrica ou rima. Seu lirismo está nas imagens vivas do quadro pintado
pela sensibilidade do poeta, que transforma um quadro qualquer numa obra de
arte.
-Pedro
Holanda Maia.
"""
Colhi
estes versos onde todos dizem não medrar ternura. Ainda hoje manhãzinha
encontrei um poema-lilás-de-quatro-folhas.
Acontece
que sou meigo tenho uma flauta e naquele verão estive em Hamelin. oOo
ESCLARECIMENTO
"""
Lembras?
Eu era o rei das matas de teu corpo. Herói de mil batalhas.
Estavas
sob o cetro imperiale eu te olhava de cima brandindo Excalibur.
Hoje
a praça é apenas um buraco aberto na cidade.
E
a flauta esquecida num bolso qualquer emudeceu. oOo MELANCOLIA

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