domingo, 10 de fevereiro de 2019

RECANTO LITERÁRIO


O POETA  FLAUTISTA

Achei na Internet. Inicia com um poema de um escritor paraense dedicado a mim. Decidi publicar!

CEGUEIRA
- Para Obdias Araújo e sua flauta.

"Muitos viram o bêbado caído na praça abraçado à garrafa.
Poucos notaram a poesia esparramada na grama e a flauta esquecida em seu bolso.
Ninguém viu a mágoa transbordando os olhos meigos do poeta."
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O poema acima faz um questionamento sobre o olho que domina o mundo, o olhar de aprovação ou reprovação da ideologia burguesa sobre o comportamento e a atividade de cada indivíduo na sociedade. A mesma burguesia que marginaliza o poeta, desde o romantismo até hoje, adjetivando-o de maldito, boêmio, bêbado, vadio, etc., consequência do seu questionamento da vida voltada para a “produção” apenas. Então o olho, ou o olhar, sobre o poeta é este: poeta, sonhador. A primeira estrofe se refere ao homem enquanto ser social, produtivo. Este é o olhar sobre a realidade concreta do mundo do trabalho, do mundo das aparências, na qual, a imagem é mais importante do que a essência. Há apenas a valorização dos bens materiais. Muitos viram o bêbado caído na praça abraçado à garrafa. A segunda estrofe trata da pouca importância dispensada, pela sociedade burguesa, às criações artísticas, ao uso da criatividade para interpretar o mundo, a partir de uma visão diferenciada deste. O poeta é um sujeito marginal na sociedade. Poucos se interessam, valorizam e percebem os detalhes expressos nas artes. Os versos abaixo denunciam esta situação vivida pelo poeta e sua criação. Poucos notaram a poesia esparramada na grama e a flauta esquecida em seu bolso. O poeta apresenta também a desvalorização das artes: a poesia esparramada na grama passa despercebida pela maioria que não a nota. Os dois últimos versos do poema representam o ser humano o sentimento e a sensibilidade humana, elementos não cultivados pela sociedade “produtiva” que cultua o racionalismo, o cientificismo e a capacidade produtiva, numa época de robotização do ser humano na qual os sentimentos não têm valores e são desprezados. Já não há mais espaço para o humanismo, o que predomina é uma visão seca da realidade. ninguém viu a mágoa transbordando os olhos meigos do poeta. Aqui existe uma tentativa de remeter o receptor a uma incursão ao interior, à essência do ser humano. É uma forma de incentivar a busca por novos modos de ver o mundo, as pessoas e a poesia. O texto detém uma gradação decrescente motivada pelos valores estabelecidos na sociedade e trazem julgamentos a respeito desses valores: Muitos viram o bêbado Poucos notaram a poesia e a flauta ninguém viu a mágoa O liame da crítica suburbanidade, espaço onde as pessoas se acostumam com a banalização do trágico, é colocado a olho nu pela criação poética. A estrutura desse poema é livre e autêntica, não segue regras de métrica ou rima. Seu lirismo está nas imagens vivas do quadro pintado pela sensibilidade do poeta, que transforma um quadro qualquer numa obra de arte.
-Pedro Holanda Maia.
"""
Colhi estes versos onde todos dizem não medrar ternura. Ainda hoje manhãzinha encontrei um poema-lilás-de-quatro-folhas.
Acontece que sou meigo tenho uma flauta e naquele verão estive em Hamelin. oOo ESCLARECIMENTO
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Lembras? Eu era o rei das matas de teu corpo. Herói de mil batalhas.
Estavas sob o cetro imperiale eu te olhava de cima brandindo Excalibur.
Hoje a praça é apenas um buraco aberto na cidade.
E a flauta esquecida num bolso qualquer emudeceu. oOo MELANCOLIA

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