Pelo menos R$ 15
milhões teriam sido desviados e o caso envolve dois ex-prefeitos.
O
juiz federal João Bosco Soares marcou para sexta-feira, 15 de março, às 13
horas, audiência de instrução e julgamento do processo que trata da inacabada
ponte do Rio Jari, ligando o município de Laranjal do Jari, no Amapá, a
Almeirim, no Pará. São réus na ação penal Valcimar Farias Santana, Lutfala
Bitar (construtora Estacon), José Cordeiro da Silva, Jair José dos Santos
Gomes, Guilherme Imbiriba, Elson Alves Rodrigues, Antônio Pantoja Fernand es,
Ricardo Otero Amoedo e os ex-prefeitos Euricélia Cardoso e Reginaldo Miranda. O
juiz indeferiu a realização de perícias contábil, financeira e de engenharia
requeridas.
Segundo denúncia do Ministério Público
Federal (MPF), o valor teria sido desviado entre 2003 e 2008. A ponte mista em
concreto e aço sobre o rio Jari, teria extensão de 406 metros. Os gestores
acusados chegaram a pedir à Justiça a suspensão do processo, alegando não serem
responsáveis diretos pelos boletins de medição da obra, que eram fraudados para
dar legalidade aos pagamentos. O juiz considerou que o assunto deve ser discutido
no decorrer do processo e convocou as testemunhas de defesa e de acusação para
a audiência, que vai ocorrer em Laranjal do Jari.
O custo total da obra era de R$ 40 milhões,
R$ 20 milhões foram repassados ao município de Laranjal do Jari, que entraria
com contrapartida de R$ 800 mil. Segundo o MPF, a fim de liberar pagamentos à
empresa, os engenheiros e secretários certificavam documentos informando o
avanço das obras, mesmo cientes de que o trabalho não tinha sido realizado.
Narra a denúncia que, em 2003, o então
prefeito Reginaldo Miranda pagou R$ 5 milhões à empresa Estacon. Já euricélia
Cardoso, que substituiu Miranda na prefeitura, recebeu boletins de medição
fraudados e liberou pagamentos que somaram R$8,7 milhões. Mais R$1,7 milhão foi
liberado Élson Rodrigues, vice-prefeito da época.
Em 2016, o Ministério Público Federal ajuizou denúncia em ação penal pública incondicionada contra Antônio Pantoja Fernandes, Élson Alves Rodrigues, Euricélia Melo Cardoso, Guilherme lmbiriba Lisboa Júnior, Jair José dos Santos Gomes, José Cordeiro d á Silva, Luftala de Castro Bitar, Reginaldo Brito de Miranda, Ricardo Otero Amoedo Senior e Valcimar Farias Santana.
O MPF acusou que os réus atuaram como
partícipes do desvio de verbas públicas federais em benefício da Estacon, visto
que certificaram o avanço na execução das obras da ponte, a fim de liberar os
pagamentos, estando cientes de que a execução física do empreendimento não
correspondia aos valores indicados para pagamento.
Reginaldo Miranda foi acusado de ter liberado recursos suficientes para o pagamento de 25,76% do empreendimento, sem que a Estacon tivesse iniciado as obras contratadas. Ele e Euricélia negam todas as acusações. Miranda esta afastado da política desde que deixou a prefeitura, mas Euricélia chegou a assumir por seis meses, no ano passado, mandato de deputada federal pelo Amapá e vin ha morando em Brasília.
Segundo o MPF, o empresário Lutfala Bitar, em
unidade com Reginaldo, Élson e Euricélia, geriu a empresa em que estava sob sua
presidência de modo à não execução do pactuado, não obstante o recebimento
integral dos recursos federais repassados. “É evidente que o acusado tinha
ciência dos fatos narrados na denúncia e que anuiu com a sua prática, visando o
seu enriquecimento ilícito em detrimento do erário, pois, na condição de
diretor-presidente da Estacon, recebeu a integralidade dos valores referentes
aos contratos de repasse e não executou a obra”, diz trecho do relatório. (Texto
de Paulo Silva –DA)
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