DEPENDENDO DA MÁQUINA
Rodolfo Juarez
Ainda estou ajustando, na esperança de conseguir, a minha
nova maneira de viver tendo que auxiliar os meus rins que não estão conseguindo
desempenhar o seu papel, filtrando o meu sangue, que precisa que dele seja
retirada a creatinina, que é o lixo metabólico resultado da movimentação dos
músculos.
Agora está na minha rotina obrigatória a realização de
hemodiálise três vezes por semana, durante as tardes de segunda-feira,
quarta-feira e sexta-feira, na Unidade de Nefrologia do Hospital de Clínicas
Alberto Lima. É uma intervenção agressiva, mas sem substituta conhecida da
ciência, até que os rins voltem a funcionar com capacidade de filtrar o sangue.
A questão é essa: será que meus rins voltam a funcionar?
Se voltar basta apenas deixar a rotina da hemodiálise,
desligar as máquinas e deixar que a vida continue; se não voltar a única
alternativa, para continuar vivendo, seria um transplante de rins.
Ainda não me inscrevi na fila para transplante renal porque
ainda estamos na fase de espera dos resultados dos exames de acompanhamento da
realidade atual para que seja feita uma avaliação técnica e elaborada uma
decisão familiar, uma vez que sou de uma família de 10 irmãos vivos e pai de 8
filhos vivos.
As regras da fila dos que necessitam de um transplante
renal ainda estabelece diferença para doadores falecidos e doadores vivos. No
primeiro caso, doadores falecidos, entre outros balizamentos, a lista é
dividida pelo tipo de sangue, melhor compatibilidade genética e tempo de
inscrição na lista. No segundo caso, doador vivo, o doador deve ter idade
superior a 21 anos, ter boas condições de saúde, deve ser capaz juridicamente e
estar de acordo com a doação. País, irmãos, avós, tios, primos de primeiro grau
e cônjuges podem ser doadores.
Na semana passada, quando escrevi o artigo “Meus
Preguiçosos Rins”, recebi solidariedade de leitores que, inicialmente me
emocionaram, mas em seguida, representou os acréscimos de motivação que a luta
precisa. Muito obrigado pelas orientações, mensagens e tudo o que foi dito. Foi
muito importante naquele momento. Melhorou bastante minha cabeça.
Quero me ajustar a essa difícil realidade, mas para cada
um de nós, nascidos na beira dos rios da Amazônia, a luta pela vida é a
principal característica.
Por enquanto a vida segue, com dificuldades, algumas
dores, muitos medos, mas com a confiança que Deus nos dá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário