quinta-feira, 27 de junho de 2019

‘INTOLERÂNCIA RELIGIOSA’


‘INTOLERÂNCIA RELIGIOSA’
Pai Salvino denuncia agressão ao seu terreiro nas Pedrinhas


Manifestantes pentecostais teriam cometido ataques verbais desairosos ao tradicional terreiro no bairro das Pedrinhas. No Brasil, a discriminação religiosa é crime e desde 27 de dezembro de 2007 e celebra-se o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa" em 21 de janeiro. A chave para combater a intolerância religiosa é o conhecimento e o respeito. Afinal, mesmo que uma pessoa não concorde com sua crença ela tem os mesmos direitos que você para praticá-la.


Reinaldo Coelho
A intolerância religiosa é caracterizada quando uma pessoa ou um grupo, não aceita a religião ou crença de outro indivíduo. Tal atitude se manifesta desde as críticas em âmbito privado, as piadas, agressões verbais e físicas, ataques aos locais de culto e até ao assassinato. E foi isso que aconteceu na última segunda-feira (24), no Bairro das Pedrinhas, Zona Sul de Macapá.
De acordo com o pai de santo Pai Salvino as agressões foram de forma verbal, praticada por integrantes da igreja pentecostal que recentemente foi instalada nas Pedrinhas, perto do terreiro. (veja vídeos).
Membros da Igreja Pentecostal fazendo manifestações em frente ao Terreiro de Pai Salvino 

O babalorixá registrou na Delegacia de Polícia Civil do Araxá Boletim de Ocorrência (BO) denunciando o que ele chama de intolerância religiosa praticada contra o seu terreiro no bairro das Pedrinhas, durante homenagem que a São João, segunda-feira, 24, à noite.
Alessandro Brandão, do Movimento Juventude de Terreiro completou a informação dizendo que os manifestantes pentencostais, em tom agressivo, disseram palavras pejorativas a Pai Salvino e falaram mal das entidades do terreno.
Professor Moraes representando o Núcleo de Direitos Humanos da Unifap, qualificou o ocorrido como intolerância religiosa com discurso de ódio. Para ele, o ato atacou a própria segurança jurídica e que o caminho é a judicialização.

Pai Salvino ainda disse temer o que poderá acontecer dia 29 próximo, quando em seu terreiro acontecerá o tradicional Tambor de Mina, evento tradicional que já dura 33 anos. É que os manifestantes do Dia de São João prometeram ocupar a praça em frente ao terreiro, dia 29, numa manifestação com potente sistema de som.

Intolerância é histórica contra os terreiros no Brasil

 A intolerância religiosa no Brasil começou com a chegada dos portugueses. E tem se intensificado atualmente com a pregação nas igrejas novas pentecostais.
No Brasil Colônia o catolicismo não admitia nenhuma outra religião que não fosse a católica, as crenças dos indígenas passaram a ser vistas como maléficas e, portanto, desprezadas.
Com a chegada dos negros que foram escravizados a mesma atitude se repetiu. Para escapar da perseguição dos senhores e do clero, os negros usavam as imagens dos santos católicos em suas cerimônias quando na verdade estavam cultuando seus orixás. Assim começou a relação entre o sincretismo e as religiões afro-brasileiras.
 Durante o Império, a religião católica foi declarada oficial pela Constituição de 1824. Isso queria dizer que nenhuma outra religião poderia realizar cultos públicos. Igualmente, os locais destinados às reuniões não poderiam ter, externamente, símbolos que identificassem como um templo.

Com a abertura dos portos às nações amigas e a chegada de vários ingleses ao Brasil, esta política foi revista na prática.

Afinal, os ingleses, protestantes, tinham que ser enterrados em cemitérios diferentes dos católicos. Em várias cidades do Brasil é comum a existência de um “Cemitério dos Ingleses” destinado aos protestantes de várias denominações e judeus.

No Segundo Reinado, o aumento da imigração alemã proporcionou a vinda de pastores luteranos que abriam seus templos para atender as novas comunidades.

Um caso emblemático é o da Igreja Luterana de Petrópolis cujo próprio imperador Dom Pedro II contribuiu para sua construção.

Com a chegada da república houve a separação da Igreja e o Estado consagrada na Constituição de 1891. Em 1903 é revogada a lei que impedia templos não católicos de terem características de “igreja” e desta maneira são levantados vários locais de culto cristão.

Isso não quer dizer que a intolerância religiosa tenha acabado, pois a própria Igreja Católica teve vários bens confiscados pelo governo.


Também há casos de perseguição do clero católico aos pastores batistas e metodistas.

No entanto, quem mais sofria intolerância religiosa eram as religiões de matriz africana. Perseguidas pela polícia, os praticantes deviam esconder-se ou suportar invasões e penas de prisão por estarem reunidos em suas cerimônias religiosas.

Recentemente, as igrejas neopentecostais estão cometendo atos de vandalismo contra a Igreja Católica e as religiões afro-brasileiras.

Já foram registradas destruição de imagens de santos em templos católicos, bem como ataques em terreiros de candomblé e umbanda.

No Mundo
A intolerância religiosa pelo mundo se mostra evidente contra os judeus, povo monoteísta no meio de tribos que praticavam o paganismo.

Igualmente, o Império Romano se mostrou intolerante face ao crescimento do cristianismo em seu território perseguindo e matando cristãos.

Entretanto, uma vez que foi legalizado e admitido como religião do Império, é a vez dos cristãos se tornarem intolerantes com os pagãos, judeus e, mais tarde, os muçulmanos.

Atualmente, a intolerância religiosa no mundo se manifesta em países que adotam o islamismo como religião oficial. Nestes países, é comum os cristãos estarem proibidos de praticarem sua fé e serem condenados por isso.


Da mesma forma, um grupo de muçulmanos radicais, decidiu exterminar pessoas que não seguem a mesma linha de pensamento. Isso vale tanto para pessoas de outras religiões como para muçulmanos moderados.


Tolerância
No Brasil, a discriminação religiosa é crime e desde 27 de dezembro de 2007 e celebra-se o "Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa" em 21 de janeiro. A chave para combater a intolerância religiosa é o conhecimento e o respeito. Afinal, mesmo que uma pessoa não concorde com sua crença ela tem os mesmos direitos que você para praticá-la.


STF

Os ministros do STF, em um decisão polemica onde criaram o  crime de racismo homofóbico. Fizeram uma ressalva importante e que se adequa a atual manifestação de intolerância religiosa.


A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação indiv idual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero.”.

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