O assassinato das vogais
No ano quatro mil A.C., o pessoal já
costumava se comunicar através de ideogramas e hieróglifos, que eram desenhos
simbolizando o que queriam se expressar. As origens de um alfabeto se deu por
volta de dois mil anos A.C., quando as primeiras letras foram criadas.
Bom, não vamos fazer um levantamento
histórico sobre o surgimento das letras e das palavras porque demandaria muitas
palavras e letras, porém nosso espaço e limitado.
Simplesmente pulando toda essa evolução
ortográfica que aconteceu em dado momento da história, chegamos ao que
conhecemos hoje, onde cada povo em cada parte do mundo adota um modo de se
comunicar através de seus símbolos escritos ou desenhados. Contudo, a maioria
dos povos utilizam as letras na qual também utilizamos no Brasil. O nosso
alfabeto contém vinte e seis letras, sendo vinte e uma consoantes e cinco vogais.
Por serem em menor número, as vogais acabam
sofrendo uma espécie de bullying das outras letras. Em algumas partes do mundo
as vogais são pouco utilizadas.
Na Alemanha por exemplo, escreve-se palavras
com muito mais consoantes que vogais, além de escreverem palavras gigantescas
como “eichhornchen” (esquilo), “schlittschuhlaufen” (patinação) e no Tribunal
Federal de Leipzig conhecido como “Bundeswerwaltungsgericht”. Entretanto, se
pensarmos que na Alemanha as vogais são bastante ignoradas, na República Tcheca
as boicotam de vez como na frase: “Strc prst skrz krk” que significa “colocar o
dedo através do pescoço”. Já no Marrocos, em um dialeto do país escrevem “ você
entrega” dessa singela maneira impronunciável: “Tkkststt”.
No Brasil, o uso das vogais sempre foi mais
democrático, chegando até a conter palavras com mais vogais que consoantes.
Infelizmente, nos dias atuais as vogais estão sendo praticamente assassinadas
de nossas palavras. A cada dia aparecem palavras estranhas, abreviações
tenebrosas que empesteiam as redes sociais e correios eletrônicos. Não estou
falando das abreviações oficiais que não contem vogais, mas palavras do dia a
dia que simplesmente sumiram com as vogais.
“Blz” (beleza), “tbm” (também), “ctz”
(certeza), “tdb” (tudo de bom), “sqn” (só que não), “fdp” (essa não posso
traduzir aqui) ...
E existem muitas outras palavras que
principalmente as novas gerações não usam vogais e abreviam sem nenhum dó no
intuito de facilitar a digitação e por rapidez. Com isso nossas vogais acabam
sendo mortas.
É preciso tomarmos alguma atitude antes que a
língua portuguesa seja dominada pelas consoantes e as queridas vogais acabem
sendo extintas para sempre!
Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga
(MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários
estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas.
Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela
editora Clube de Autores.
Colabora com crônicas para jornais e Blogs
Literários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário