O AMAPÁ É UM PRODUTOR DE ENERGIA E VENDE ESSE PRODUTO AO BRASIL E O QUE
GANHA NÃO CHEGA AO BOLSO DO CONSUMIDOR.
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Hidroelétrica Dr. Coaracy Nunes - Paredão - Ferreira Gomes - Amapá |
Reinaldo Coelho
A Usina Hidroelétrica Coaracy Nunes, que
produz energia elétrica no rio Araguari, no município de Ferreira Gomes, a 137
quilômetros de Macapá, deverá ser colocada à venda para o setor privado. Isso
foi anunciado em julho de 2017, há dois anos.
Ela é uma das 14 usinas que apareceram
elencadas numa proposta de reforma no marco legal do setor elétrico, na época
em discussão, de acordo com Ministério de Minas e Energia.
A Coaracy Nunes opera há mais de 40 anos,
sendo a primeira a produzir energia no Amapá, com capacidade total de produção
de 78 megawatts. A medida deveria ser tomada como um reforço para o tesouro
nacional.
O governo federal, gestão do ex-presidente
Michel Temer, pretendia fazer uma revisão da oferta de energia das usinas
antigas da Eletrobras e realizar eventuais mudanças antes delas serem
privatizadas, caso a medida fosse aprovada e ainda não aconteceu.
A privatização porém deve afetar as contas de
energia para o consumidor. O impacto previsto pelo governo é de uma alta de até
7%. A proposta estava disponível em uma consulta pública realizada pelo
Ministério de Minas e Energia até o dia 2 de agosto de 2017.
Essas hidroelétricas vendem energia para as
distribuidoras de eletricidade a preços regulados pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), em um chamado “regime de cotas”.
Na proposta de privatização, as empresas
ganhariam contratos de concessão, com prazo de 30 anos, e a chance de
comercializar livremente a energia. O processo seria possível após uma
“escotização” ou o encerramento do regime de venda da energia às distribuidoras
por preços regulados.
O Ministério de Minas e Energia informou na
epoca que a Eletrobras não seria obrigada a privatizar as usinas e entregar
todo o ganho financeiro à União.
Ou seja, o que os amapaenses ganhariam com essa privatização, além dos
aumentos tarifários?
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Usina Cachoeira Caldeirão - Porto Grande - Amapá |
As Usinas Ferreira Gomes e a Cachoeira
Caldeirão, no município de Ferreira Gomes e Porto Grande, e Santo Antônio do
Jari, no município de Laranjal do Jari possuem uma grande potência energética,
pois produzem algo em torno de 1.000 MW de energia renovável e a
repotencialização de Coaracy Nunes.
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De acordo com o economista Charles Chelala É
relevante esclarecer que uma das críticas às hidrelétricas no Amapá afirma que
“toda” a energia seria exportada e nós somente ficaríamos com os impactos. Esta
afirmação é infundada: primeiro porque ao ser integrado ao Sistema Interligado
Nacional, via linhão de Tucuruí, a energia gerada será primeiramente aqui
consumida e o excedente exportado. Não teria sentido ao sistema manter em
funcionamento as termoelétricas para entregar ao Amapá energia cara subsidiada.
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Usina Ferreira Gomes - Ferreira Gomes - Amapá |
Além disso, a CEA já pode adquirir energia nova em leilões, como o fez em agosto do ano passado. Assim, a nossa empresa distribuidora poderá e deverá participar da compra de energia no leilão de Cachoeira Caldeirão.
Para o economista deveria existir um ambiente
impactante nessa demanda de produção energética. E deveria ser exitosa, e que o
Amapá deveria aproveitar a oportunidade.
Leia um artigo Publicado em 16 deoutubro de 2011 por Alcilene Cavalcante.
Leia um artigo Publicado em 16 deoutubro de 2011 por Alcilene Cavalcante.
Os recursos oriundos das compensações,
dos programas ambientais, além dos tributos gerados e a movimentação da
economia podem transformar aquela região do Estado. Poderíamos, inclusive, nos
inspirar na experiência do rio São Francisco, no qual as usinas de lá, também
em série, propiciam energia de qualidade e apoiam projetos de irrigação,
fruticultura, turismo e indústrias. Até vinho fino se produz no semiárido
nordestino. Para tanto, basta ao Estado cumprir o seu papel de fiscalizar as
ações de mitigação socioambiental e potencializar os impactos positivos desta
transformação do Amapá em potência energética.
Porém, hoje em pleno funcionamento as Hidroelétricas Ferreira Gomes e
Cachoeira Caldeirão e após oito anos da manifestação do economista Chalela, a
realidade é totalmente diferente. Cheias, mortandades de peixes, problemas
judiciários e que peritos detalharam que rompimento de estrutura na Usina
Cachoeira Caldeirão e falta de comunicação causaram enchente em Ferreira Gomes.
Nível do rio Araguari subiu 5,5 metros em maio de 2015.
Em 2017, o MPF pediu na Justiça Federal a
indenização de pescadores em R$ 15 milhões por uma empresa devido à mortandade
súbita de peixes no rio Araguari. As mortes de grande quantidade de espécies
começaram a ser registradas em 2014. A indenização seria referente a somente 5
casos ocorridos entre janeiro de 2016 e fevereiro de 2017.
“Cheguei aqui e não tinha outras
hidrelétricas. Apenas e Coaracy Nunes e nunca vi um peixe boiar morto aqui.
Converso com moradores veteranos, de 40 anos residindo aqui, e nunca teve. O
rio Araguari não faz isso. Esse é o nosso habitat, nosso paraíso, a nossa
sobrevivência, mas estamos passando fome, necessidade, uma miséria”, desabafou
o pescador Venancio Amaral;
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