Carnaval 2020: Desfile Oficial das Escolas de Samba em Macapá inicia nesta sexta, 21
Após quatro anos sem o tradicional Desfile Oficial das Escolas de Samba do Amapá, dez agremiações passarão pela Passarela do Samba no Meio do Mundo nesta sexta, 21, e sábado, 22. Na primeira noite, serão cinco escolas, e na segunda, mais cinco. O espaço é localizado na Rua Victa Mota Dias, ao lado do Estádio Milton de Souza Corrêa (Zerão), bairro Jardim Marco Zero.
Os desfiles iniciarão às 22h. O tempo de apresentação de cada escola será de 1 hora e 20 minutos, com intervalo de 10 minutos entre cada escola.
Investimento
A realização do desfile é da Prefeitura de Macapá, Liesap e iniciativa privada, com apoio do senador Davi Alcolumbre. O evento conta também com recurso de emenda parlamentar do deputado federal Vinícius Gurgel. A festa conta ainda com apoio do Governo do Estado, patrocínio do Banco do Brasil e Governo Federal.
Confira a ordem de apresentação das escolas de samba:
Sexta-feira (21 de fevereiro)
22h – Império do Povo
23h35 – Emissários da Cegonha
1h10 – Solidariedade
2h45 – Piratas Estilizados
4h20 – Boêmios do Laguinho
Sábado (22 de fevereiro)
22h – Embaixada de Samba Cidade de Macapá
23h35 – Império da Zona Norte
1h10 – Unidos do Buritizal
2h45 – Maracatu da Favela
4h20 – Piratas da Batucada
Serviço
Data: 21 e 22 de fevereiro (sexta e sábado)
Hora: 22h
Local: Rua Victa Mota Dias (Passarela no Meio do Mundo)
Sugestão de entrevista:
Clécio Luís – prefeito de Macapá
Marina Backman – presidente da Fundação Municipal de Cultura
Alex Pereira – presidente do Instituto Municipal de Turismo
Sérgio Lemos – secretário de Gabinete
Do Jesus de Nazaré vem Solidariedade com homenagem à Princesa Isabel
Nos anos 80, sambistas e boêmios do bairro Jesus de Nazaré e amigos de comunidades próximas buscavam um motivo oficial para declarar seu amor e talento pelo samba, e começaram a tirar das rodadas musicais as ideias. Foi assim que a Associação Recreativa Império de Samba Solidariedade foi fundada, em 15 de janeiro de 1983, no pátio de Tia Vilça, no antigo bairro Jacareacanga. Neste carnaval, a “Soli” defende o enredo “Isabel, do Redento ao Franco-Exílio. A Augusta Alteza Imperial do Brasil”, para contar a trajetória de Princesa Isabel com criatividade, evolução e alegria.
No carnaval de Solidariedade, a filha de Dom Pedro II é a princesa defensora dos direitos dos negros e das mulheres, amiga dos jovens e de artistas de sua época, incentivadora de movimentos quilombola, da reforma agrária e do voto feminino. A princesa das Camélias, que aboliu a escravatura, vem retratada com respeito por ser uma pessoa, que, na época da escravidão, era contra os cruéis castigos impostos aos negros, os acolheu quando fugitivos, e financiou alforrias com seu próprio dinheiro.
“Orgulha o Sagrado Rincão: A Saga dessa Guerreira, filha da Nossa Nação - Legítima Mulher Brasileira”, canta o samba de enredo, que tem como compositor da letra e música os sambistas Aureliano Neck e Nonato Soledade, fundador e ex-presidente da agremiação. Para contar esta história, o desfile se divide em três setores, Alas Elementárias, Alas Temáticas- Projetos Sociais e Amigos da Escola, e Alas Comercializadas, e apresenta três casais de mestre-sala e porta-bandeira. Solidariedade abre o desfile do Grupo Especial, na sexta-feira, 21, 1h10.
A comissão de frente iniciará o desfile da Solidariedade com a evolução dos dançarinos, que representam os lordes da Corte Real. O jacaré também estará representado e irá contracenar com a figurante que representa a Princesa Isabel, e um tripé completa a evolução como elemento cênico. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira é uma referência a uma jovem, Princesa Isabel, e seu marido, Conde D’Eu. Este primeiro setor tem ainda o tripé e o carro abre-alas, que retrata o surreal, com um jacaré a alado, em uma referência ao posicionamento liberal da princesa.
O segundo setor apresentará uma bateria florida, para homenagear a Princesa das Camélias e falar do respeito e carinho que os escravos nutriam por sua defensora, a quem dedicavam flores. A ala das baianas desfilará como as senhoras que serviam a princesa e, ao mesmo tempo, eram tratadas como amigas, e o segundo e terceiro casais de mestre-sala e porta-bandeira desfilarão com as cores da escola, verde e vermelho. Cinco alas de projetos da escola formam este setor: “Comenda Roda de Ouro”, “Amor de Francês”, “Os Bambas da Imperatriz”, “Certidão de Nascimento da Juventude Brasileira” e “Os Filhos da Mãe África”.
O terceiro e último bloco, das alas comercializadas, representará importantes fatos da história da princesa, “A Ambição pelo Trono da Imperatriz”, “Fugir pelos Mares”, “Abraça a Bandeira ou a Espada”, “O Sol da Liberdade”, e “A Liberdade é um Direito, mas sobretudo um dom”. O carnavalesco da escola é seu presidente Jair Sampaio, intérprete oficial, Darlan Ribeiro, coreógrafo, Juliano Barros, mestre de bateria, Elton Gomes e o casal de mestre-sala e porta-bandeira oficial, Alanzinho Pantoja e Tainá Yasmim. À frente da bateria, a rainha Larissa Katrine.
Solidariedade teve como primeiro presidente Belarmino Picanço, o “Beloca”, e muitas personalidades do carnaval e artística passaram ou continuam fazendo parte de seu elenco, como Mariposa, Adelson Uchôa, Dico Soledade, Paulo rodrigues, Caubi e Durval Melo, Carlos Piru, Bi Trindade, Carlinhos Bababá, Adelson Preto, Susy Dayane, Heraldo Almeida, Célio Alício, alguns falecidos, e outros, que mesmo em outras agremiações, continuam nutrindo carinho pela Soli do Jesus de Nazaré.
Escola de Samba Emissários da Cegonha questionará se a felicidade depende ou não de dinheiro no Carnaval de 2020
A estimativa é que mais de 1 mil brincantes encenem, cantem e dancem o enredo de Emissários da Cegonha, “Teu ‘Faz me rir’ traz ou não Felicidade”, que questiona o que, de fato, traz felicidade, se o dinheiro compra tudo e até onde ele interfere em nossas vidas. Emissários é a segunda escola a desfilar na sexta-feira, 21, encerrando a participação do Grupo de Acesso. Após o intervalo de quatro anos sem desfiles, a agremiação está sob o comando da presidente Eliana Maura, que acompanha diariamente a confecção de alegorias, fantasias e adereços. A agremiação aproveita o carnaval para fomentar a economia de trabalhadores, e fez questão de fazer contratações diferenciadas e assumir suas responsabilidades sociais.
O enredo chama para a reflexão do atual mundo capitalista e, ao mesmo tempo, preocupado com as questões espirituais e com a qualidade de vida, e questiona se o dinheiro é importante para a felicidade porque compra tudo, ou o dinheiro não compra sentimentos e podemos ser felizes sem ele? Abusando da linguagem popular e de expressões como Faz me Rir, tutu e merreca, o samba, de autoria e concepção de Marquinhos Inova e Wilson Cardoso, que, no final da letra, pregam a caridade, o amor e a gratidão pelo que se tem.
Os símbolos da riqueza e do amor fazem parte do ambiente cenográfico que Emissários prepara para este desfile, que promete ser colorido e emocionante. O desfile é composto de três setores, carro abre-alas, comissão de frente, dois casais de mestre-sala e porta-bandeira, bateria, oito alas comerciais, ala das baianas, e como alegorias, um carro e dois tripé. O diretor deste carnaval da Emissários é Marquinho Inova, o carnavalesco é Wilson Cardoso. Personagens que simbolizam dinheiro e poder também sincronizam com o enredo, como Tio Patinhas, na bateria, e o Buda Dourado.
O primeiro setor, “O Faz Me Rir Traz Felicidade”, apresentará a Comissão de Frente “A Felicidade em duas Dimensões”, que contrapõe se a felicidade depende ou não do dinheiro. O tripé abre-alas é o símbolo da escola, a cegonha; primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, “Felicidade”, significa que com ou sem dinheiro, a felicidade deve prevalecer como condição humana; e a bateria, vestida de fantasia que caracteriza o Tio Patinhas. Três alas compõem este setor, “Faz me Rir me Faz Feliz”, “Olho da Ganância” e “Os Bichos de Gravata”.
Setor dois, “O Poder dos Talismãs”, irá trazer as alas com símbolos que atraem sorte e felicidade. A primeira, “Coração de Ouro”, caracteriza os que são felizes, e a segunda, “Os Objetos da Felicidade”, traz os amuletos para atrair dinheiro. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, o casal conflito, indica os momentos de indecisão entre dinheiro e felicidade sem dinheiro. As baianas vêm representando “O Ritual das Flores Amarelas e Alaranjadas”, para atrair riqueza.
O terceiro e último setor, “A Felicidade não Depende do Faz-me Rir”, desfilará com três alas: “O Amor nos faz feliz e a vida fica mais bela”, “Bye Bye Tristeza. Quero amor e alegria no Sorriso” e “Alegria, Alegria e a Aquarela da Felicidade”. Este setor valoriza a felicidade, e mostra que ser feliz independe de dinheiro. O carro alegórico que fecha o desfile da Emissários simboliza o capitalismo, como o personagem Riquinho e a Deusa da Riqueza.
Histórico
O Grêmio Recreativo Escola de samba Emissários da Cegonha é originário do bloco carnavalesco Coqueiro Verde, que foi criado no bairro Trem, nas proximidades do lago, que hoje é a Praça Floriano Peixoto. A escola foi oficializada em 1974 como Bloco Emissários da Cegonha, em razão da gravidez de várias moças que namoravam foliões do bloco. Em 1987, a escola de samba foi oficializada. Dona Maria Augusta, dona Deolinda Teixeira, seu Caveira, Sabazinho, Beca, primeiro presidente, são alguns pioneiros da Emissários, que, em 1998, foi a primeira campeã do Grupo de Acesso na era sambódromo.
Jeito de ser do povo amazônico será apresentado pela Império da Zona Norte e caixas de Marabaixo e artistas tucujus estarão na Passarela do Meio do Mundo
Inspirado na canção “Jeito Tucuju”, o desfile da Império da Zona Norte promete um show de cultura regional e manifesto de amor à Amazônia, neste sábado, 22, às 23h35. O encantamento do rio Amazonas, costumes, rituais, fé, danças e tradições serão cantados pela comunidade e artistas convidados pelos autores da música, Joãozinho Gomes e Val Milhomem, transformando a Passarela do Meio do Mundo em um palco estrelado.
O presidente da agremiação, Patrick Willian, acredita em um grande desfile baseado no enredo, e, para isso, a Comissão de Carnaval trabalha para apresentar um desfile técnico e com elementos que faça o espectador ter a mesma impressão de quem olha o rio e consegue compreender o jeito de ser e viver do povo amapaense.
O enredo “Meu Jeito Tucuju” preza pelo valor das tradições amazônicas e a música inspiradora, que é o Hino Oficial da Cultura Amapaense, é a que melhor define estes costumes. A obra, criada por Joãozinho e Val, desperta nos observadores do rio Amazonas a vontade e emoção de viver, saborear, valorizar e conhecer o universo que nos cerca. A temática regional já foi desfilada por outras escolas em outros carnavais, e para fazer a diferença e causar impacto com o enredo baseado em uma das músicas mais cantadas e gravadas do Amapá, a tarefa da Império da Zona Norte envolve pesquisa e muita criatividade.
Para desenvolver o enredo, a comissão buscou referências da cultura local para que, em 1 hora e 20 minutos, a escola faça homenagens e um resgate de todo o universo amazônico, da magia do rio e floresta, rituais de cura e de fé. A Império se apresentará com o carro abre-alas, dois tripés, seis alas comerciais, ala das baianas, bateria, comissão de frente, rainha da bateria, um casal de mestre-sala e porta-bandeira, e uma ala especial com convidados de Joãozinho Gomes e Val Milhomem. Aproximadamente 700 foliões irão formar o desfile encabeçado pela águia da Zona Norte, ritmada pela bateria Imperial, que este ano volta para o comando de mestre Carlinhos Bababá.
A comissão de frente, “Rituais Nossos de Cada Dia”, apresenta todo o contexto do enredo e traz personagens que identificam quem vive e como vivem na Amazônia, índios, negros, caboclos e ribeirinhos com encenações que retratam, por exemplo, rituais de pajelança e benzedeiras. O abre-alas, “Herança Tucuju”, sintetiza a riqueza herdada, do artesanato à religião, danças, crenças, lendas e mitos, e valoriza símbolos, como a Fortaleza de São José e o Marco Zero. Pioneiros e artistas, como o poeta e compositor Fernando Canto, estarão nesta alegoria. A bateria “Nossos Tambores” terá como toque de percussão caixas de Marabaixo e seus tocadores, e a ala das baianas vem com as integrantes de rezadeiras, figuras importantes na Amazônia.
O encontro entre o paraense Joãozinho e o amapaense Val Milhomem é exaltado na primeira ala; a segunda refere-se ao rio Amazonas; a terceira é um conjunto que reforça as festas tucujus, das comunidades tradicionais, com devoção aos santos e ao som de Marabaixo e batuque. A ala quatro traz as maiores riquezas naturais da Amazônia, que são os produtos oferecidos pela floresta e rio, para alimentos, como frutas, pesca e caça, e para a medicina. O mestre Sacaca é homenageado nesta ala.
A quinta, “Artesanato e Gastronomia”, remete a elementos usados como artesanato, mas que fazem parte do cotidiano, como canoa e remo; e a última ala comercial fala das lendas amazônicas. O desfile encerrará com a ala de artistas e convidados, em que estão confirmados Oneide Bastos, Nivito Guedes, Rambolde Campos, Osmar Júnior, Paulinho Bastos, entre outros cantores e compositores. À frente da direção-geral de carnaval está o jornalista e carnavalesco Cláudio Rogério, e a rainha da bateria é Samira Santos.
A Escola de Samba Mocidade Independente Jardim Felicidade, assim como a maioria das agremiações carnavalescas, nasceu no meio de um bate-papo de amigos, entre eles Raimundo Sucuriju e Dani, e Sena e Elba, ritmados por samba e aperitivos, com o nobre fim de ser um instrumento social e cultural da comunidade. Foi em julho de 1987, e a escola carioca Portela foi a referência que iluminou a concepção da agremiação. As cores azul e branca e a águia foram adotadas como símbolo da escola, que representa uma das maiores comunidades carnavalescas do Amapá. A estreia foi em 1988, na Avenida FAB, e no ano de 2009 a escola foi campeã do Grupo de Acesso, passando a fazer parte do Grupo Especial no ano seguinte.
Série Carnaval 2020 em letra e melodia: conheça o samba de enredo da Escola Piratas Estilizados
Fundada em 5 de janeiro de 1974, no bairro Laguinho, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Piratas Estilizados surgiu inicialmente como bloco carnavalesco. Logo após sua criação como escola de samba, tornou-se campeã de todos os desfiles até o ano de 1979. Seu nome foi dado pela presidente, que já o utilizava no bloco de carnaval de salão nos clubes da cidade de Macapá. Tem como símbolo um menino pirata.
Foi campeã do Festival de Samba de Enredo deste ano e 2015, promovido pela Liga Independente das Escolas de Samba do Amapá (Liesap). O Piratas Estilizados levará para a Passarela no Meio do Mundo o tema “Xô preconceito, queremos respeito”. O enredo foi criado em 2016. “Estamos vendo que é um tema atual, a questão do preconceito. A intolerância religiosa, a violência contra a mulher, a homofobia, entre outras questões. A Piratas Estilizados, partindo disso, mostrará em forma de espetáculo, que repudia ainda no século XXI esse tipo de crime, esse tipo de intolerância e comportamento reprovável pelo ser humano”, conta o presidente da escola, Diego Picanço.
“Mostraremos que todos somos iguais perante a lei de Deus e a lei dos homens. Nos nossos 19 volumes, que serão levados para a passarela do samba, a proposta maior é mostrar para a sociedade que todos somos iguais, cada um no seu espaço, mais todos iguais. Essa é a mensagem que nós repassaremos para a população em forma de espetáculo”, acrescenta Diego Picanço. A agremiação será a quarta escola a entrar na Passarela no Meio do Mundo, nesta sexta-feira, 21, às 2h45.
Enredo: “Xô preconceito, queremos respeito”
Autores: Aureliano Neck, Nonato Soledade e Meio Dia da Imperatriz
Intérpretes: Aureliano Neck (oficial), Tinga (Vila Isabel – RJ), Bakaninha (Beija Flor – RJ), Glauber Bianck, Vlad Júnior, Junhão Belém e Nilson Estilizados.
Letra:
Orquestra de Bambas toca esse tambor
Abra seu coração Estilizados chegou - Refrão
Batendo no peito, querendo respeito
Sai pra lá, xô preconceito
Tire o preconceito do caminho
Que o Estilizados vai passar
Trazendo paz, amor e carinho
Seja pra quem for, sem discriminar
Sem se achar superior a alguém
Injúria racial não cheira bem
Respeito todo mundo gosta
Crença, religião, não importa
Orientação sexual, necessidade especial
Mude o seu jeito de pensar
Ser diferente é normal
Meu corpo é fechado
Contra mau olhado, tenho um coração
Todo alaranjado, querido e amado - Bis
Mira vê se me erra, respeita meu pavilhão
A força dos ancestrais no terreiro
A luta das mulheres guerreiras
Heranças que jamais serão vencidas
O alto, o magro, o gordo
Criança, o pobre, o idoso
Não podem ser esquecidos
A humanidade precisa se entender
Desigualdade, pra quê?
Tenha consciência, diga não à indiferença
Vamos seguir na mesma direção
Toda sociedade, que a nossa voz
Seja a voz da igualdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário