“Eu tenho mais tempo de trabalho que de idade, por isso estudem, pois daqui a uns anos quem não aprender nada, não vai nem capinar rua. E este tempo já chegou não é mesmo?”.
A EDITORIA DO JORNAL TRIBUNA AMAPAENSE, PRESTA NESTA EDIÇÃO UMA HOMENAGEM PÓSTUMA AO OPERADOR DE MÁQUINAS PESADAS (APOSENTADO) ADRIANO VIANA GEMAQUE FALECIDO DIA 24/02/2020 - PAI DO NOSSO QUERIDO ARTICULISTA ADRIMAURO GEMAQUE, QUE PRESTOU ESSA HOMENAGEM EM 05 DE FEVEREIRO DE 2017, OU SEJA, HÁ TRÊS ANOS - NOSSOS PÊSAMES À FAMÍLIA ENLUTADA E QUE DESCANSE EM PAZ ESSE PIONEIRO AMAPAENSE, QUE DEIXOU SEU LEGADO NO AMAPÁ, PRODUZINDO UMA FAMÍLIA ENRAIZADA NA EDUCAÇÃO.
Por Adrimauro Gemaque
O nosso homenageado desta edição que vamos contar um pouco da sua história é Adriano Viana Gemaque, nascido no município de Amapá em 30 de janeiro de 1930, bem antes da criação do ex-Território Federal do Amapá, completou no dia 30 de janeiro passado 87 anos. Servidor aposentado do então território, onde desempenhou função de Operador de Máquinas Pesadas. Casado com Maria da Silva Gemaque há 63 anos, são pais de sete filhos, sendo dois homens e cinco mulheres. Filho de Manoel Gemaque de Marais e Tertuliana Viana Gemaque. Adriano nos relata que ficou órfão de mãe quando criança e foi criado pelo seu genitor Manoel Gemaque e também com ajuda de outros parentes.
Conversar com a Adriano é reviver um pouco a história o Amapá, principalmente dos municípios do interior que basicamente era onde transitava bastante em função das usas atividades profissionais. Seu primeiro emprego foi como braçal (atividades gerais), na CONSTRUTORA CARMO em 1948, a empresa era responsável pela construção e manutenção da então BR-15, hoje BR-156. Nesta empresa se profissionalizou como Operador de Máquinas Pesadas. Sendo um dos operários que construíram o ramal de acesso à cidade de Calçoene em 1952. Tornava-se assim, possível se chegar àquela cidade via rodoviário até então inexistente.
Em 1960, ingressou no quadro de pessoal do ex-Território Federal do Amapá já como Operador de Máquinas Pesadas. Desempenhou suas atividades sempre na construção e manutenção da BR-156 até a sua aposentadoria que ocorreu em 1986. Foram 26 anos de serviços prestados ao serviço público do então governo do ex-Território Federal do Amapá. Depois de aposentado, trabalhou na empresa BETRAL CONSTRUÇÕES por mais oito anos, quando encerrou suas atividades como operador de máquinas pesadas.
Reside atualmente no bairro do Laguinho, na cidade de Macapá no mesmo endereço há mais de 42 anos, tendo ao seu lado o convívio de seus familiares e amigos. Em sua aprazível residência em plena cidade de Macapá é possíveis desfrutar dos cantos dos passarinhos e de outras aves silvestres. É um verdadeiro pomar no centro do Laguinho, haja vista a variedade plantas frutíferas. Um belo convívio com a natureza porque não dizer com o meio ambiente. Assim, hoje é como vive Adriano Gemaque sempre rodeado pela família e amigos que o visitam.
Adriano Gemaque quando se reporta a sua infância é possível perceber a sua emoção, principalmente acerca das condições de vida da sua época de criança e adolescente. As necessidades eram prementes diz: “não tinha médico, não tinha dentista e faltavam professores”. Nesta ocasião o que mais sentiu foi à falta de sua mãe “Tertuliana”, quando se deu da importância e da falta que ela fazia. “Eu e meu pai enfrentamos muita pobreza. Não largava meu Velho (seu pai). Onde ele atava o mosquiteiro eu atava a rede debaixo”.
O nosso homenageado declara-se um apaixonado pela interior (área rural), devido a sua origem e também pela profissão que abraçou, passou trabalhando toda sua vida profissional desbravando as matas do Amapá para poder concretizar a interligação Norte/Sul do Estado através da Rodovia 156 . Começou a trabalhar muito jovem para que pudesse auferir renda e poder a ajudar seu pai. Um dos primeiro trabalhos foi com a pesca e caça de jacarés “que na época o couro era bem pago”. Trabalhou também na agricultura e em fazendas do interior do município de Amapá na criação de animais.
Declara que não teve a oportunidade de estudar no ensino regular, seus estudos foram apenas o suficiente para as quatro operações e escrever. Foi o que levou se mudar para Macapá em 1974, com objetivo de propiciar estudos aos filhos e melhores condições de vida e também estudarem. Sempre disse “Estudem, pois daqui a uns anos quem não aprender nada, não vai nem capinar rua. E este tempo já chegou não é mesmo?”.
Aposentado desde 1986, Adriano diz “Eu tenho mais tempo de trabalho que de idade”. Evidentemente que isto é apenas para mostrar o seu lado irreverente e contador de causos. Diz ser um homem realizado pela família que construiu, como também pelas amizades que tem.
Adriano Gemaque, é dos muitos amapaense que emprestou a sua força de trabalho pelo desenvolvimento do Amapá, contribuindo com o seu crescimento possibilitando que muitos brasileiros para cá viessem.
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