A PROCURA DE SOLUÇÕES PARA OS SERVIÇOS DE
SAÚDE
Rodolfo Juarez
Os problemas orçamentários, financeiros, éticos, de
relacionamento, de gestão, entre tantos, já saíram dos ambientes da Secretaria
de Saúde e das unidades executivas da área, para invadir o ambiente do Tribunal
de Justiça, do Ministério Público, da Assembleia Legislativa e, também, das
ruas e avenidas de Macapá, com os trabalhadores do setor saúde protestando, com
voz ampliada, e colocando no foco dos seus protestos, o governador do Estado e
os responsáveis pelo sistema de gestão dos serviços de saúde de
responsabilidade do Estado.
Por iniciativa do Ministério Público Estadual foi criado
um Grupo de Trabalho composto por membros do próprio Ministério Público
Estadual, do Tribunal de Justiça do Estado, da Assembleia Legislativa, dos
sindicatos das categorias e de trabalhadores do setor saúde que se sobressaem
nas lutas.
O assunto vem sendo tratado há três anos por esse grupo
de trabalho com o objetivo de avaliar e propor solução à grave situação por
qual passa o setor saúde do Governo do Estado.
O agravamento do problema, durante todo esse tempo,
implicou em ações judiciais patrocinadas por pacientes com diferentes
necessidades de atendimento e, em 2018 e 2019, “ficou caótico” no dizer do
desembargador Carlos Tork, que foi guindado a presidir, dentro do Tribunal de
Justiça, um Comitê Estadual de Saúde do Judiciário, que estima em 100 milhões
de reais o déficit orçamentário da Secretaria de Estado da Saúde, situação que,
segundo o desembargador Tork pode ser agravada nos próximos anos. Para se ter
ideia, as demandas judiciais que têm como réu autoridades do setor saúde do
Estado aumentaram, entre 2018 e 2019, 400%.
A proposta apresentada pela atual gestão da Secretaria de
Estado da Saúde, que teria como objetivo “equilibrar o orçamento” era diminuir
os gastos, principalmente com pessoal, alegando que a situação atual é
insustentável.
Dos quase 7.000 funcionários da SESA, para 1.100 deles o
contrato administrativo é o vínculo, entre estes, estão 179 médicos. O valor
médio mensal da folha bruta de pagamento dos quase sete mil funcionários chega
ao total de R$ 44,7 milhões.
O próprio secretário de estado da Saúde, João Bitencourt,
disse que “não tem como fazer saúde assim, com 80% do orçamento comprometido
com pessoal e ainda tem que comprar medicamentos e correlatos, e ainda fazer a
manutenção predial”.
Os dirigentes sindicais e os próprios trabalhadores do
setor saúde reclamam das condições de trabalho e têm listados os problemas que
enfrentam no cotidiano, inclusive com falta de material.
A procuradora-geral de justiça do Estado, promotora Ivana
Cei, quer ampliar o debate sobre um conjunto de medidas que visam adequar o
orçamento da Secretaria Estadual de Saúde às demandas prioritárias da população
e chamou para uma reunião os membros do grupo de trabalho que atua nesse
sentido.
O fato é que a oferta dos serviços de saúde para a
população do Estado do Amapá, que está sob a responsabilidade do Governo, é
desaprovada pela população que procura, todos os dias, os serviços porque
precisa.
Há de se evidenciar, entretanto, que a Lei do Orçamento
Anual para o Estado do Amapá, completou apenas o primeiro mês de vigência e já
se mostra completamente inviável, resultado da falta de informações no momento
das discussões.
Faltou o que? Certamente planejamento pela parte do
Executivo e debate pela parte do Legislativo.
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