Reinaldo
Coelho
Quarta-feira
de Cinzas marca o início da quaresma católica e o término do carnaval, o
mundano se retira e o espiritual, assume. Será isso?
De acordo com
o que aprendi quando estudei o catecismo e fui coroinha, chegando as portas do
Seminário, frequentador assíduo até a juventude das ações da Igreja Católica, Apostólica
Romana no Amapá, comandada na época pelos Padres Missionários do PIME, a
Quarta-feira de cinzas, que sucede à terça-feira de Carnaval, dá início ao
período da Quaresma, uma época muito importante na vida de qualquer Cristão,
celebrada desde o século IV. Durante os 40 dias (daí o nome Quaresma) que nos
levam à Páscoa, somos convidados a refletir sobre a Fé e sobre o martírio que
Jesus Cristo sofreu para nos salvar.
Inclusive,
hoje todos os cristãos teriam de ir as igrejas, para receber ‘as cinzas’ na
cabeça, além de fazer o jejum e abstinência (fazer apenas uma refeição
completa, simples, sem carne) o mesmo que na sexta-feira Santa.
A aposição
das cinzas na testa ou na cabeça do cristão é uma prática que foi herdada pela
Igreja Primitiva de práticas realizadas no Oriente Médio na Antiguidade. As
cinzas eram jogadas sobre a cabeça da pessoa como sinal de arrependimento do
fiel pelos seus pecados. Na imposição da
cinza, o sacerdote traça uma cruz sobre a fronte dos fiéis, enquanto repete as
palavras "Converte-te e crê no Evangelho" ou "Recorda que pó és
e em pó te tens de converter", para nos recordar que nosso lugar
definitivo é o Céu.
O uso da
cinza para simbolizar penitência é antigo: os judeus, por exemplo, acostumavam
a cobrir-se de cinza quando faziam algum sacrifício, como os ninivitas.
Também nos
primeiros séculos da Igreja, as pessoas que queriam receber o Sacramento da
Reconciliação na Quinta-feira Santa, se punham cinza na cabeça e se
apresentavam ante a comunidade vestidos com um "hábito penitencial".
Isto representava sua vontade de se converter.
Na Igreja
Católica esta tradição perdura desde o século IX e existe para recordar-nos
que, ao final de nossa vida, só nos levaremos aquilo que tenhamos feito por
Deus e pelos demais homens.
Mas, o que
temos visto no nosso mundo contemporâneo é a indiferença as práticas
espirituais, o Carnaval em muitas localidades ainda continua até o próximo domingo
(1 ). O feriado se estende, o brasileiro, sintonizado no frevo, samba, axé e
por ai vai... Nem se preocupa com coronovirus, que está avançando
aceleradamente em todos os continentes e chegou ao Brasil via Itália e o medo
era Made in China.
Essa
despreocupação é inerente ao ser humano. A nossa terra está cheia de “falhas”,
que representam lugares onde “pratos tetônicos” da terra se encontram. Quando estão indo em direções opostas, há
tensão crescente no ponto onde os dois se encontram, até que, um dia, não
aguenta mais. O resultado são terremotos
catastróficos, que sacodem e rasgam a terra, causando danos de milhões e às
vezes bilhões de dólares.
É mais ou
menos isso que acontece na vida do cristão que tenta manter um pé em dois
mundos—andar com Deus no domingo, e viver como o diabo durante o resto da
semana. Mais cedo ou mais tarde, ele
rasga sua alma, provocando tumultos, tensão e frustração.
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