sábado, 7 de março de 2020

SAÚDE EM FOCO - JARBAS DE ATAÍDE


ACIDENTES, FRATURAS E CORONAVÍRUS: A PREVENÇÃO NEGLIGENCIADA

Por Jarbas de Ataíde


     Querer justificar como acaso, destino ou imprevisível o acidente fluvial do navio Anna Katarina III, no Rio Jari, sul do Amapá, com mais de 30 óbitos e vários desaparecidos, é querer encobrir a verdade. Mesmo depois da tragédia do naufrágio do Novo Amapá, no início da década de 80, que vitimou centenas de pessoas, esses fatos lamentáveis continuam a macular o Amapá.
      A Marinha e a Capitania dos Portos fazem campanhas educativas, alertando para o cumprimento das medidas de segurança. Mas a fiscalização apresenta falhas, associada à negligência dos responsáveis pelo transporte fluvial e pela falta de denuncia dos passageiros. Os acidentes de transporte, tanto nos rios, como nas estradas, são cada vez mais frequentes, gerando desgraças, como no atual naufrágio.  
      Os órgãos de vigilância, agencias reguladoras e órgãos de controle, nas três esferas, responsáveis no controle e fiscalização das medidas de promoção e prevenção desses acidentes falham no rigor e no protelamento das punições e no abrandamento das multas, o que acaba por incentivar que os crimes continuem.
      Igualmente, a epidemia de coronavírus, que a cada dia aumenta e que já chegou na vizinha Guiana Francesa (5 casos confirmados), é outra prova de que as medidas básicas e preventivas de saúde, tanto individuais, quanto coletivas, falham no cumprimento de normas e regras. Elogia-se o SUS, mas ele é burlado e subfinanciado, impedindo que a assistência chegue ao cidadão.
      Se a vigilância em saúde e a atenção básica são proteladas, imagina deixar cirurgias e fraturas de urgência esperarem dias e meses para serem resolvidas, gerando revolta e sofrimento aos doentes.  Em 2017 o Conselho Federal de Medicina-CFM já denunciava a existência de 900 cirurgias em fila de espera no Brasil. No quadro de espera, apresentado no Jornal Medicina, de outubro/2017, o pedido de acesso aos números da SESA-AP não foi atendido, por desorganização ou negação de informação.
     No Amapá as cirurgias ortopédicas e traumatológicas são encaradas como motivo de mutirão ocasional, como as que ocorreram no Hospital de Emergência-HE nos meses de jan-fev-2020, em que foram realizadas 196 cirurgias de fraturas em 25 dias, cujo objetivo, segundo os gestores, era desafogar a rampa de acesso e os corredores, nos quais os doentes se amontoavam, por falta de leito.  
      Segundo o G1amapá, as cirurgias ortopédicas feitas, que se avolumaram por meses no H.E , eram  na maioria fraturas decorrentes de acidentes de trânsito em homens entre 15 e 39 anos, faixa etária de plena atividade educativa e profissional, o que prejudica as atividades habituais das vítimas.
      “O mais grave é que, em algumas cirurgias, a espera complica o quadro do paciente, que pode ter sua saúde comprometida...”, que na ortopedia poderá gerar debilidades permanentes para o resto da vida, afastando do trabalho. “...Cirurgias eletivas (com menos custos) podem evoluir para cirurgias de emergência, cujas consequências podem ser trágicas”, cita o jornal Medicina.  No Brasil as cirurgias eletivas mais demandadas são na área de ortopedia, oftalmologia, otorrinolaringologia, urologia e cirurgia vascular.  Ainda restaram dezenas de cirurgias ortopédicas que foram transferidas para o HCAL, pois eram mais complexas.
       Enfim, o Comitê de Contensão da SARS- Cov-19, estabelecido em janeiro, entre a SVS/MS, SESA-AP e Prefeitura de Macapá, terão que executar suas medidas de maneira mais efetiva e imediatamente, pois a ampla fronteira do Oiapoque, sujeita à entrada do vírus, esta desguarnecida e a Secretaria Municipal não está capacitada para fazer a fiscalização e controle da entrada de estrangeiros, vindos da Guiana e da Europa, que transitam livremente nessa área. Na Vigilância Sanitária não há mutirão e na saúde não há espera.  JARBAS ATAÍDE.  02.03.2020.

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