domingo, 28 de junho de 2020

Lockdown - Gil Reis, consultor do Agro

Lockdown



Gil Reis, consultor do Agro


As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo “lockdown” têm sido muito analisadas, contestadas por alguns e seguida por outros, o que é uma postura lógica, pois somos humanos racionais, com capacidade de raciocinar. Raciocínios corretos ou não, aí já se trata de outra questão.
Tais recomendações ensejam uma série de indagações que não pretendo responder, entre elas: Quais os resultados práticos? Deram certo? Porque a OMS resolveu tratar o planeta como um organismo único, apesar das milhares de disparidades e diferenças de todo o tipo? O “lockdown” foi recomendado em epidemias bem mais terríveis e mortais que o Covid 19, como a Influenza e o Ebola, ambos controlados hoje, mesmo às custas de milhares de mortes? Quando anteriormente houve tanta preocupação com os sistemas públicos de saúde que nunca foram um “primor”?
- “Qualquer criança diante de uma ameaça nas ruas correria para se proteger dentro de casa. E os adultos, como deveriam agir? A história do mundo nos mostra que os adultos diante da ameaça às suas famílias e países sempre foram à luta mesmo às custas de suas vidas”
Repito o que já afirmei anteriormente.Muito pior que o Covid é o medo, primário e irracional, ambos disseminados a nível planetário, a disseminação do medo é muito mais rápida que a contaminação do vírus e causa também muitas mortes que jamais serão contabilizadas.
O medo tolda o raciocínio e atrapalha as decisões, neste item o Brasil foi um “ponto fora da curva”, conseguimos adiar a disseminação do medo durante o Carnaval (não abordarei as causas) enquanto todos os países já padeciam do mal.
 - “Saudades do futebol, é preferível encarar 200 milhões de técnicos de futebol do que enfrentar 200 milhões de especialistas em saúde e em política nacional”.
Os tipos de tratamento para a cura da praga do Coronavírus tornaram-se no mundo um verdadeiro Fla X Flu. Cientistas de todo o Globo publicam seus estudos, pesquisas e teorias conflitantes, uma verdadeira batalha internacional, cada um buscando ser o senhor da razão, da verdade verdadeira e querendo ser reconhecido como o “pai da solução”, enquanto os pacientes, aos milhares, sucumbem como consequência do contágio.
Paralelamente e sem tomar conhecimento da grande disputa dos cientistas, a maioria da população mundial pobre, desempregada e sem recursos até para comprar o “pão de cada dia”, muito menos para comprar medicamentos, apelam para a mais antiga solução usada ao longo da história da humanidade por mulheres que foram queimadas em praça pública como “bruxas” pela Santa Inquisição: a boa e velha medicina caseira transmitida de pai para filhos pela “tradição oral”. Milhares de curas de pessoas, com boa resistência orgânica, são reportadas sem, no entanto, ficarem registradas em lugar algum.
- “Felizmente os abnegados da área da saúde, orientados por médicos que levam a sério o juramento de Hipócrates que estabelece que a missão dos médicos é salvar vidas, praticam a medicina com tratamentos oriundos de suas experiências do dia a dia, lidando com os pacientes infectados pelo Covid 19”
Enquanto isso acontece, as economias das nações que aplicaram o “lockdown” radical vão “para o brejo”. As autoridades de tais países, talvez fruto do medo, não perceberam que o binômio saúde e economia têm que andar de mãos dadas.Isoladamente, têm um potencial de mortalidade altíssimo, tanto essa desgraça de vírus quanto a derrocada das economias.
Para completar o quadro no Brasil, temos um debate acirrado na área política e judicial. Todos esquecem que, para que qualquer pessoa se candidate a Presidente, Governador e Prefeito existe uma série de requisitos na nossa Constituição, porém não existe qualquer exigência que o candidato entenda de tudo, para isso, existem as assessorias, Secretarias Municipais, Secretarias Estaduais e Ministérios, que são ocupados por profissionais que devem entender dos assuntos inerentes às suas pastas e deveriam orientar os governos na condução de uma gama variada de assuntos, ouvir com serenidade as decisões do gestor, que são fruto do conhecimento dos governos como um todo e o que almejam os cidadãos. Esse tipo de atitude é o que possibilita o equilíbrio dos governos democráticos, afinal os gestores foram eleitos, os demais, não.
As pessoas que se admiram com o embate entre os poderes que deveriam ser independentes e harmônicos, desconhecem a história universal, as entranhas dos poderes são verdadeiros “caldeirões ferventes” que, conosco ou sem nós, meros eleitores e espectadores, se ajustam com o tempo para que possam sobreviver. Todas as teorias assacadas em relação ao embate dos poderes desaparecem quando chega o inevitável ajuste.
No meio de toda a confusão surgem pessoas que estão mais interessadas em responsabilizar países pela origem do Covid-19 do que salvar vidas e a economia, chegando ao cúmulo de atacar as exportações brasileiras do Agro para a China, desconhecendo totalmente como funciona o mercado internacional e que nações não têm amizades e sim interesses, que o Brasil somente vende seus produtos a países que querem comprar, aí se cruzam dois interesses, o de vender com o de comprar. E nada disso significa qualquer amizade.
O mais trágico é que o tal “lockdown” cria em qualquer país duas classes de cidadãos, os confinados para evitar a contaminação com a sobrecarga nos sistemas públicos de saúde e os essenciais que têm como missão proteger e alimentar a todos, autorizados a sofrer a contaminação. Alguns médicos da maioria dos países estão extremamente preocupados com a abertura inevitável dos confinamentos por um motivo muito lógico, os confinados não tiveram contatos suficientes para desenvolver anticorpos e serão vítimas fáceis da infecção, provocando, o que se ouve à boca pequena ao redor do mundo e da própria OMS, a segunda onda do Covid 19.
Entre os essenciais estão os funcionários das agroindústrias, os funcionários dos pontos de vendas de alimentos, os caminhoneiros e os produtores rurais, que, como toda a população urbana, correm os mesmos riscos para alimentar a todos nós e ¼ da população mundial. Além de arriscarem a própria vida, carregam nas costas um endividamento enorme e uma dívida biliardária do famigerado “passivo retroativo do Funrural”.
- “Felizmente temos todos os servidores da saúde, os médicos cuja a missão é salvar vidas e todos os outros essenciais que nos protegem e alimentam”


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